Extremamente alto; incrivelmente perto

Finalmente acabei de ler “Extremely loud & incredibly close“, do Jonathan Safran Foer. Que o autor é um sujeito extremamente inspirado e sensível, eu já tinha adiantado aqui, com uma amostra de frases brilhantes.

Mas agora, além disso tudo, também reparei outra coisa que pode ser muito últil aos designers. Foer usa a tipografia como parte integrante da narrativa; não dá para não reparar.

No outro livro que eu tinha lido, “Everything ist illuminated“, ele mudava a fonte tipográfica para cada um dos narradores (que escreviam em épocas diferentes). Como a história era um pouco confusa, ajudava muito na compreensão.

Neste, há três narradores e a escrita não é lá muito linear (bem típico do autor). Ele não muda a fonte tipográfica dependendo de quem conta a sua parte da história, mas trabalha com o kerning (espaço entre as letras) de uma maneira muito original. Como a história é sobre um drama (um homem que perdeu seu grande amor no bombardeio que destruiu a cidade alemã de Dresden e um menino que perdeu o pai no atentado de 11 de setembro), a tipografia consegue fazer um papel bem relevante. É prosa, mas às vezes parece poesia, das mais delicadas. A ponto de fazer os olhos se encherem de lágrimas.

Lindo, comovente, doloroso, doce, e, ainda por cima, uma lição de tipografia.

Não sei se na versão em português os editores mantiveram essa sutileza tão sofisticada e importante para a história, mas, se eu fosse você e ainda não tivesse lido o livro, iria correndo dar uma volta na livraria mais próxima e dar uma folheada. Em poucos casos vi a tipografia fazendo figuração de maneira tão competente numa obra. Vai lá…

*** na versão em inglês, achei genial a pg. 280 e as subsequentes…

Saindo do quadrado

Gente, olha que ideia mais bacana a designer britânica Lisa Sandall teve para aumentar a interessância de uma cômoda e ao mesmo tempo economizar as colunas mais sensíveis que precisam se abaixar para pegar as coisas. E ainda por cima ficou lindo!

Só não dá para guardar louça…

Carnaval das culturas

Pois é, já tinha contado aqui que em fevereiro não rola carnaval de rua como a gente conhece no Brasil (no auge do inverno, não tem nem como pensar numa coisa dessas). Mas isso não quer dizer que o povo não festeje. Em Berlin, toda primavera acontece o Karneval der Kulturen, uma festa gigante que dura 4 dias.

O evento é organizado no bairro de Kreuzberg, tradicionalmente reduto de imigrantes de várias partes do mundo. A ideia é juntar todas as culturas numa festa de rua, com direito a comidas típicas, muita música, manifestações artísticas e gente bonita e animada. Boa parte do bairro é tomada pela manifestação; há barraquinhas, danças, teatro de rua e muitos palcos.

Escolha sua planta

Hoje fomos conhecer o Botanischer Garten (realmente não dá para dizer que essa cidade não tem o que fazer). O lugar é lindo e florido, como era de se esperar, e o conjunto de estufas é enorme. Eles também apresentam concertos no local, o que só faz tudo ficar muito mais interessante.

Mas a brincadeira da vez é o nome científico das plantas; olha, não conheço nenhum botânico, mas eles parecem ser sujeitos muito bem humorados. Obviamente, os mais engraçadinhos são os brasileiros, como não podia deixar de ser (os nomes que eles escolhem são ótimos!).

Sopinha de letras para amantes da tipografia

Hoje fiz uma coisa que estava na minha lista (que só faz crescer) há tempos: fui visitar o Buchstabenmuseum, ou, em bom português, o Museu das Letras. A ideia surgiu em 2005, quando duas apaixonadas por tipografia, Barbara Dechant e Anja Schulze, resolveram montar uma organização sem fins lucrativos para expor a incipiente coleção de letreiros e pesquisar mais sobre essa fascinante arte de escrever e sinalizar em letras grandes e tridimensionais. Em 2008 elas inauguraram o espaço, que já trocou de endereço duas vezes. As moças estão se organizando para conseguir um lugar maior e mostrar o acervo cada vez mais rico e variado.

Pobre país rico

Outro dia, enquanto caminhava pela rua com a queridíssima Rosana Hermann, ela comentou comigo que aqui em Berlin até os mendigos eram chiques, pois ela tinha visto um recolhendo as garrafas do lixo a bordo de uma bicicleta bem bacana.

Hoje vi outro e me dei conta. Aquela pessoa não é mendiga. Ela apenas está precisando de dinheiro. Então, recolhe as garrafas nas lixeiras, leva até o supermercado, coloca nas máquinas de reciclagem e recebe um troco de volta. Problema (pelo menos parcialmente) resolvido.

Comida estampadinha

Sou admiradora declarada de comida e de fotografia de comida (veja aqui o ótimo blog do Michel Téo Sin, meu fotógrafo preferido), mas a fotógrafa americana Sandy Skoglund matou a pau com esse trabalho. Ela usa alimentos, pratos e toalhas de mesa para criar texturas e padronagens incríveis; nossa, fiquei encantada com os olhos dessa mulher, que além de historiadora de arte, estudou cinema, gravura e arte multimídia em 1969, olha só!

Calçada fashion

Uma das coisas mais pitorescas aqui em Berlin é o fascínio que esse povo tem por coisas usadas; as pessoas não são desesperadamente consumistas e valorizam bastante os objetos que têm histórias para contar.

Bom, está certo que as calçadas largas são tudo na vida de uma cidade que respira arte e hoje o dia estava particularmente ensolarado e inspirador. Mas vê se não dá vontade de ter uma lojinha assim no seu bairro…