A loira e o cadeado

Fotografia: Sacha Goldberger

Parece que não tenho sorte mesmo no meu relacionamento com cadeados (será que Freud explica?). Hoje fui na academia e tranquei tudo no armário. Passei no banheiro antes de começar a malhação e, quando vou lavar as mãos… a chave cai dentro do ralo da pia. Momentos de tensão e horror. E agora?

Normalmente amarro-a no tênis com o cadarço, mas nem sei porque hoje me esqueci. O fato é que a bolsa, o telefone, a chave de casa, tudo ficou trancado naquela catacumba esportiva. E o Conrado viajando, para dar mais emoção.

Bom, botei o pânico no cabresto e fui até a recepção pedir ajuda. Falei num inglemão para ninguém botar defeito (a moça só entendeu porque estava de boa vontade), pois deu tilt no meu célebro (misturei palavras das duas línguas na mesma frase e ficou um horror linguístico). A linda se comoveu e chamou o gerente.

O “simpático” me deu aquela bronca que os alemães sabem dar tão bem e disse que não podia fazer nada, que eu voltasse amanhã. Eu perguntei: “como, se não posso voltar para casa porque a chave está lá dentro?”. Ele olhou para mim com cara de “não quero nem saber, quem mandou ser monga” e saiu, dando seu trabalho por terminado.

A moça viu meu desespero, desencantou sei lá de onde uma chave inglesa enorme e subiu no banheiro comigo. Conseguimos desatarraxar o joelho do cano da pia e resgatar a polêmica e minúscula chave.

Menina muito fofa essa Emine; muito mais competente que o gerente. Foi super gentil e resolveu o problema rapidamente (nem a Mulher-Maravilha faria melhor). Se meu alemão fosse mais decente, escreveria uma carta para a dona da academia descrevendo o ocorrido (mas vai saber se a dona não é do mesmo time que o gerente, né?).

Amanhã vou correndo comprar um cadeado de segredo, mas serei esperta o suficiente para esperar o Conrado chegar na quinta para eu ter certeza de que entendi bem as instruções. Da última vez não deu muito certo (venha gargalhar da minha face aqui).

Amanhã vou levar um presente para a moça que salvou minha vida. O que vocês acham de mandar aquele cadeado vermelho eternamente trancado de lembrança para o gerente? Achei que seria um acessório perfeito para um mala sem alça e sem noção como ele…rsrsrs

9 Responses

  1. 7 maio 2012 at 1:49 pm

    (rindo horrores das duas historias)

    já fui e já voltei dos eua e temos um cadeado de segredo (daqueles q gira pra direita, gira tanto pra esquerda e depois tanto pra direita de novo) pq duas cabeças nao conseguiram resolver, mesmo escrito em inglês como funciona essa coisa redonda q bloqueia armarios, storage places, e guarda volumes de academia.

    pelo menos a mulherzinha nao arrombou o seu cadeado e vc nao precisou de comprar outro..rss

    Ah, lembrei, sugere pra eles colocarem aqueles armarios que vc coloca uma moedinha de 50 centavos 1 euro, oq seja, pra liberar a chavinha e vc guarda suas coisas e na volta vc tem a sua moedinha de volta… mais simples nao?

    bjos e boa sorte

    • ligiafascioni
      Responder
      7 maio 2012 at 2:00 pm

      Oi, Andrea!
      Mais simples para quem? Para o gerente? O sujeito está se lixando….ehehehehe
      O povo aqui não gosta de soluções simples não…ehehehe
      Beijocas 🙂

  2. 7 maio 2012 at 3:37 pm

    No dia que os alemães forem mais gentis eu não me chamarei mais Renata. Desde pequena ouço todos se queixarem da rudeza deles…

    • ligiafascioni
      Responder
      7 maio 2012 at 5:37 pm

      Mas a Emine era alemã e foi um doce, Renata…eheheheh
      Beijocas 🙂

  3. Fatima
    Responder
    7 maio 2012 at 3:53 pm

    Incrível. A história é quase um conto de horror, mas deus existe e no meu jeito frágil de perceber o mundo ele se chama Emine. Ligia descobre o endereço convencional dessa criatura. Vou pegar um busão, um navio ou avião. Preciso conhecer Emine! Kkkkkkkkk (riso convulso de alta intensidade demonstrando desequilíbrio neural e encantamento a um só tempo) não dá pra acreditar que um gerente tenha feito vc passar por isto que passou. Em contrapartida é de grande valia que as pessoas leiam seu imbróglio com o cadeado. Parabéns por ter sido tão serena e ter descrito em portumão todo o seu problema lá na gerência. Copiei o texto e vou mandar pros amigos. Comprovam-se aqui dois teoremas, a saber: A) Deus é menina, e não “…é menina e menino”, conforme canta Pepeu Gomes. B) Mulheres? Não há cadeado que as segure! Já dizia Santa Simone de Beauvoir. P.S.: Ah! Não esquece o endereço de Emine, essa poderosa! Fátima – uma lagunense que entraria em pânico em situação parecida.Kkkkkk Incrível a sua narrativa!

    • ligiafascioni
      Responder
      7 maio 2012 at 5:37 pm

      Pois é, Santa Emine, né Fátima? Na verdade, toda vez que fico em pânico tem uma parte de mim que se diverte horrores. Será que é grave? Eehehehehe….
      Beijocas 🙂

      • Fatima
        8 maio 2012 at 10:31 am

        Gravidade é lá com Newton mas que é comum acontecer na vida, isto é! Conforme diz o poeta Ferreira Gullar “uma parte de mim almoça e janta, outra parte se espanta” . Mas fique tranquila pois estamos em maio e para este mes especial a mineira Adélia Prado escreveu (há algum tempo) os “Oráculos de Maio” . Poesia é tudo! E a poesia está no ar! Abraço daqui de Laguna/SC

  4. Luiz Andreto
    Responder
    8 maio 2012 at 3:10 pm

    Oi Lígia, estou sim voltando todos os dias. É o primeiro blog que acompanho e que comento. Acompanho suas atualizações no computador do trabalho, pelo leitor de feeds Bloglines. O difícil hoje foi esconder a gargalhada do meu chefe, com essa história do cadeado. hehehe.

  5. 9 maio 2012 at 8:47 am

    Dona Lígia e seus Cadeados Selvagens!

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