Inovação na Ásia e na Alemanha

Hoje participei da Asia Pacific Berlin Week : Conference on Innovation, evento patrocinado por um projeto de cooperação entre os países asiáticos da costa do Pacífico e a Alemanha. 

Para quem estuda inovação há tempo, não tinha muita coisa nova, mas foi bom para ver que as informações que estou compartilhando em palestras, textos e vídeos estão perfeitamente atualizadas. 

A primeira palestra, de Ruo-Mei Chua, uma consultora baseada em Singapura, falou sobre o que as empresas precisam para continuar relevantes no mercado. Basicamente o que sempre falo nas minhas palestras sobre inovação: a ênfase na empatia e na criatividade do ser humano. Aliás, ela fechou com uma frase de Li Kai Fu que achei ótima: “Deixe os robôs serem robôs, e os humanos, humanos”. 

Depois teve um painel com debatedores da China, Singapura e Alemanha sobre o que significa e como se transformar numa organização à prova de futuro.  Mais do mesmo: ênfase no humano, na educação, e, para surpresa de ninguém, destaque para a filosofia e as ciências humanas/sociais.

A palestra seguinte foi do consultor em Design Thinking Nav Qirti, um indiano que dirige uma empresa em Singapura. Ele falou sobre o que mata a inovação: a miopia (falta de imaginação); a mente de macaco (que pula direto para a solução; é um termo budista que se refere ao superficial, que copia sem refletir, nervoso, confuso) e a inércia (não agir por medo de falhar).  Para cada um dos problemas, ele sugere uma nova abordagem. Ver e observar com atenção, pode corrigir o problema da miopia; parar, pensar e refletir, pode controlar a mente de macaco. E, principalmente, sair da inércia, fazendo coisas e realizando projetos com a participação de outros (co-criação). Que, não por acaso, descrevem os principais passos do design thinking: entender, idear e iterar (com prototipação rápida e testes). 

Ele enfatizou que crescemos, desde crianças, com proibições: não se pode desobedecer regras, não se pode questionar, não se pode perguntar muito. E depois de adultas, cobram das pessoas que sejam inovadoras; aí fica difícil. Para fechar, ele enfatizou que a empatia é a chave para solucionar efetivamente problemas. 

Em seguida, mais um painel de debates sobre como os governos podem usar a tecnologia para aumentar a participação da socidade nas decisões e na busca pela solução dos problemas, com exemplos de aplicativos na Alemanha, China e Taiwan.

Para finalizar, uma palestra sobre inteligência artificial e outra sobre Internet das Coisas. Ambas mostraram conteúdo que já apresentamos nos programas sobre os respectivos temas no nosso canal do Youtube Berlim Tech Talks.

A mensagem final, repetida com ênfase por todos os palestrantes e debatedores é que os governos precisam investir pesado em pesquisa de base e educação. E também que sem estudos aprofundados em filosofia e ciências humanas, seremos atropelados pelo futuro. 

No painel que mostrava as dezenas de países que estavam na corrida, nem uma bandeirinha do Brasil…

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