Murakami colorido

Gosto muito do Haruki Murakami, em especial da maneira como ele descreve o dia-a-dia dos seus personagens num país tão exótico para mim, como é o Japão.  Então, quando vi essa edição caprichadíssima num sebo em Viena (que sorte que eles também falam alemão), não resisti. Já falei e repito: sim, eu costumo julgar os livros pela capa e raramente erro. Esse não foi exceção.

O volume, em edição de bolso, é encapado com tecido, tem aquelas fitinhas para marcar página e traz uma ilustração belíssima; impossível não amar.

Die pilgerjahre des farblosen Herrn Tazaki” (tradução livre: “O ano de peregrinação do incolor Sr. Tazaki”) é uma história simples, mas muito bem escrita.

Narra o cotidiano de Tsukuru Tazaki, um engenheiro de ferrovias de 36 anos que traz um peso no coração enorme. É que durante a adolescência, ele fazia parte de um grupo de amigos muito próximos e queridos: eram três rapazes e duas meninas. Muito unidos, conviviam o máximo de tempo que podiam. Todos os outro quatro integrantes tinham sobrenomes que significavam cores em japonês, menos o protagonista. Por isso o “incolor” do título.

Tsukuru tinha uma paixão platônica por uma das meninas, que era belíssima e tocava piano divinamente. Eles terminaram o equivalente ao ensino médio e todos foram para a Universidade; quatro ficaram em Nagoya, cidade de origem. Apenas Tazaki foi para Tokio para estudar engenharia (o melhor professor da área dava aulas nessa cidade), de maneira que começaram a se ver só nas férias e finais de semana.

No final do primeiro semestre de aulas, algo muito estranho aconteceu. Tazaki voltou a Nagoya, saudoso dos amigos queridos, e nenhum quis responder aos contatos. O grupo o evitou de todas as formas possíveis, até que ele conseguiu falar com um dos rapazes, que pediu que nunca mais tentasse voltar a vê-los. Chocado com a notícia, Tsukuru perguntou o que havia acontecido, no que o agora ex-amigo respondeu que ele sabia muito bem do que se tratava.

Abalado, o moço voltou a Tokio e entrou numa depressão pesada. Por seis meses pensava o tempo inteiro em se matar, até que, de alguma forma, conseguiu se recuperar mais ou menos e tocar a vida, porém, sem nunca conseguir se relacionar com mais ninguém de uma maneira tão profunda.

Até que ele encontra uma moça que não se conforma com o fato dele não ter ido atrás descobrir o que aconteceu, até para resolver a própria vida. E o livro se desenvolve contando a história, as dores e amores dos amigos que se perderam no tempo.

Belo, bem escrito, muito poético e nada incolor. Adorei e recomendo.

 

 

 

 

 

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