Não é por esse caminho

Eu nem ia postar aqui, mas está bombando em tudo que é blog de design essa “inovação” que o povo está considerando o maior sucesso: vinho que vem em taças descartáveis PET. A ideia é comprar, beber e depois jogar fora (que eles chamam de reciclagem). Não tem nenhuma diferença entre isso e aquele zilhão de garrafinhas de água mineral que assolam o planeta. Não posso ficar quieta vendo isso em blogs onde as pessoas deveriam entender o conceito de design sustentável.

Gente, não é por aí! Não é porque uma coisa é reciclável que ela VAI necessariamente ser reciclada. Reciclagem implica em mais gasto de energia e está longe de ser a solução para o problema da sustentabilidade. Antes de reciclar é preciso REDUZIR e REUSAR. Reciclagem é só se não tiver outro jeito mesmo.

Para mim, essa solução “genial” só colabora para a gente produzir mais lixo (ninguém fala como a “tampinha” vai ser reciclada; além do mais, uma taça de vidro pode ser reutilizada infinitas vezes). Isso não é um projeto sustentável e está sendo vendido como tal.

Olha aqui o mais recente sucesso no mundinho virtual (o duro é que está todo mundo achando o máximo…).

taca_vinho

Bom, também não posso deixar de dizer que, para quem realmente gosta de vinho, beber em taça de plástico é de supremo mau gosto…

Para saber mais sobre esse projeto (propaganda enganosa, na minha opinião), clique aqui.

14 Responses

  1. 12 julho 2010 at 10:25 am

    Também achei sem sentido quando vi há alguns dias.
    Total desperdício.
    O vidro, tanto das garrafas quanto das taças, são soluções mais sustentáveis e foram inventados há muitos anos.

  2. 12 julho 2010 at 1:24 pm

    APOIADÍSSIMO!

  3. Clô♥
    Responder
    12 julho 2010 at 1:45 pm

    Tomar vinho em recipiente (taças ou copos) de matéria plástica é de arrepiar até para quem não é nenhum enólogo, só vi que pode ser encarado como “dose certa”, depois passa para a TAÇA DE CRISTAL, mas mesmo assim…o plástico não tira o sabor, o “bouquet” e o “corpo” do vinho?
    Ninguém merece!

  4. alexandre wisintainer
    Responder
    12 julho 2010 at 2:12 pm

    E viva o mercado, as inovações, os protótipos ou pseudos-projetos que “desfocam” o desenvolvimento sustentável…! O vinho não merece…, mas, tem consumidor para tudo e para todos. Tim-tim!

  5. 13 julho 2010 at 2:32 pm

    Muita gente se aproveita dessa “onda eco” para lucrar em cima de ideias que parecem ecologicamente corretas, mas numa análise mais apurada, como a sua, mostram-se exatamente contrárias à preservação ambiental.

    Oportunistas sempre existiram e sempre existirão, a única coisa que muda é o contexto.

    []’s!

  6. 14 julho 2010 at 11:09 am

    Pois é, que coisa, gente que aproveita a falta de conhecimento e usa as palavras como melhor lhe convém! É isso aí, ser reciclável, não que dizer que vai realmete ser reciclado! Concordo totalmente! E além do que, onde vai parar a poesia daquela taça de vinho? No lixo?

  7. 15 julho 2010 at 2:41 pm

    Estou de acordo com todas as palavras da Ligia, só acrescento que as pessoas estão sendo facilmente influênciadas por qualquer coisa que esteja na “modinha” e acho que essa idéia se encaixa bem a questão, não importa o destino final da coisa, pois o importante é seguir algo que está bombando no momento e ponto final.

  8. 15 julho 2010 at 4:13 pm

    Nossa, muito bom esse post!

    Saco cheio de nego falando que é ecológico só porque é reciclável, não é bem assim que funciona.

    Bia

  9. GrilloAyres
    Responder
    25 agosto 2010 at 7:39 pm

    “Estou de acordo com todas as palavras da Ligia, só acrescento que as pessoas estão sendo facilmente influênciadas por qualquer coisa que esteja na “modinha” e acho que essa idéia se encaixa bem a questão, não importa o destino final da coisa, pois o importante é seguir algo que está bombando no momento e ponto final.” post do Lucas acima…

    Espero não estar equivocado, mas reciclavél, econômico e ecologicamente correto são palavras diferentes que são associadas pela sua abordagem no momento atual. Meu professor de design de Mobiliário me disse uma vez que “ecologicamente correto” não é só o objeto que é reciclável; há de se pensar na energia gasta, na agressão ao meio ambiente, entre outros… Vidro e plástico são recicláveis, fato! Mas ninguém pensou na energia gasta? Resumindo: vocês acham que qulquer forninho derrete o vidro??? Qual a energia gasta para aquecer o vidro até o ponto de fusão??? Garrafa PET:

    Poli(tereftalato de etileno):

    Alta densidade (afunda na água);
    Muito resistente;
    Amolece à baixa temperatura (80°C);

    espero não estar errado, mas: “O vidro comum funde a uma temperatura entre 1000oC e 1200oC…” … hello? Me desculpe se me fiz soar agressivo, mas não tenho nada contra Lígia Fascioni, pelo contrário. Só acho que o post foi mal abordado. beijos

    Lígia Fascioni: Oi, Grillo!

    Eu concordo plenamente com você que reciclar não é a solução, inclusive falo isso com todas as letras neste post, olha só: “Reciclagem implica em mais gasto de energia e está longe de ser a solução para o problema da sustentabilidade. Antes de reciclar é preciso REDUZIR e REUSAR. Reciclagem é só se não tiver outro jeito mesmo.“.

    A questão é que o vidro não é derivado do petróleo, sua queima não gera resíduos tóxicos e é mais fácil de ser reutilizado. Você derrete o PET a 80 graus e faz o que com ele? Certamente, não outra garrafa PET. A reciclagem não é só derreter, o processo é muito mais complexo que isso e dispende muito mais energia que apenas a queima. Enfim, isso tudo é muito complicado.

    Já abordei esse assunto na mesma direção que seu professor de mobiliário, olha aqui:

    Manifesto do conserto
    Design para o futuro
    Manifesto do conserto
    Eco pecados

    Obrigada pelo comentário e volte sempre!

  10. GriloAyres
    Responder
    25 agosto 2010 at 9:19 pm

    Obrigado pela atenção, me surpreendeu… Acho que a reutilização da garrafa de vidro seria a opção mais economica e ecológica. Não fui contra sua opinião, mesmo não concordando com todas, só não achei válido criticar o assunto embasado em etiqueta. Gostei muito do blog… e do gato.

    Lígia Fascioni: Oi, Grillo!
    Fique à vontade para ser contra quando achar necessário! Sempre acho que as pessoas precisam ser mais críticas com o que lêem, e é claro que isso se refere também ao que eu escrevo. Que bom que você está gostando. Obrigada pela visita e volte sempre!

  11. @thiagovalinho
    Responder
    3 outubro 2010 at 9:49 pm

    Lígia… tá atrasado mas vou falar. É uma vergonha além de ser inútil. Você perde o vinho (que exposto a luz vira vinagre) e junta lixo. O PET jogado no lixo comum é contaminado limitando seu uso após reciclagem quando ainda possível. Atitudes como essa que fazem o descrédito de atitudes realmetne interessantes em prol da sustentabilidade. E triste que atitudes como essa bombem nos blogs sem nenhuma crítica. Muito interessante. Sempre de parabéns lígia. Bjos.

  12. Debris
    Responder
    28 março 2011 at 3:28 pm

    Realmente é triste que mais lixo seja produzido, e eu também acho estranho essa coisa de “doses individuais”. Antes o vinho era algo que se juntava com alguém pra beber, sentava-se a mesa, ou ao pique-nique mesmo, na calçada.. Enfim, algo coletivo. Um dia rola um pique-nique e alguém compra um desses pra ele.. Ou dois compram.. mas os outros não. E um detalhe, CLARO, uma dose individual desse tipo sai BEM mais caro que uma garrafa. Então é isso? Cada um tem seu copo, não se compartilha mais o vinho? Porém discordo da abordagem do post porque o produto não está sendo vendido por ser sustentável. A empresa adota uma outra linha, que é mais de PRATICIDADE do que de sustentabilidade. Inclusive o inventor do negócio bancou a idéia num concurso com este argumento. O de sustentabilidade é apenas um deles, diria até que o último deles. Dá pra dizer isso inclusive lendo a lista de “what makes it special” no site oficial que você postou.
    É isso. Abraço

    • ligiafascioni
      Responder
      29 março 2011 at 12:20 pm

      Oi, Debris!
      É verdade, você tem razão; eles não usaram a sustentabilidade como argumento principal (mesmo assim usaram); mas as dezenas de blogs de design que postaram a novidade, enfatizaram justamente esse argumento (talvez tenha mais apelo). Foi isso o que mais me chamou atenção.
      Abraços!

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