O segredo da câmera obscura

FullSizeRender

Um dos meus programas prediletos aos sábados é garimpar livros nos mercados de pulgas; sempre encontro preciosidades por uma moedinha de € 1. Sábado passado não foi diferente: achei “Die Genheimnis der Camera obscura“, de David Knowles.

Nunca escondi que sou dessas pessoas que escolhe livro pela capa. E pela encadernação, pela diagramação, pela tipografia, pelo tipo de papel. O título, misterioso, também me seduziu, de maneira que não tive outro jeito senão levar o bonitinho para casa.

O livro conta a história de um ex-bibliotecário que herda de seu pai uma câmera escura em escala humana (do tamanho de uma sala) e passa a operá-la como atração turística em um penhasco no litoral americano.

Para quem nunca ouviu o termo, câmera escura, ou obscura, é a bisavó das câmeras digitais que a gente usa hoje em dia. Trata-se de uma caixa com um furo pequeno em uma das faces; princípios óticos fazem com que a imagem em frente a essa face seja projetada do lado de dentro da caixa, só que invertida. Dá para fazer a caixa de vários tamanhos diferentes, desde um pouco maior que uma caixa de sapatos, como aquelas câmeras de cortininha de antigamente, quanto do tamanho de uma sala.

O narrador é solitário e meio perturbado; só tem um amigo, um estudante de arte com quem mantém um relacionamento superficial e um pouco turbulento. Ele escreve um diário onde registra suas pesquisas sobre a invenção do mecanismo. No momento em que o livro começa, uma moça italiana que frequentava diariamente o local havia um mês (por quem ele mantinha um amor platônico) é brutalmente assassinada (inclusive com a cabeça desaparecida) ao lado do ponto turístico.

O livro é uma reprodução do diário do moço e mistura a pesquisa com suas fantasias e sentimentos. Ele conta sobre os dois cientistas chineses que descobriram o princípio ótico que iria revolucionar o mundo e, por causa de uma briga passional, acabam sendo roubados por um padre italiano. O religioso traduz as anotações e presenteia o papa, mas esse não dá a menor bola. O tal caderninho vai parar numa sala onde Leonardo Da Vinci tem acesso, que também faz uso do recurso para suas pinturas e faz anotações a respeito. Os escritos passam de mão em mão, até que um comerciante holandês convence o grande pintor Vermeer a construir uma câmera escura usando um cômodo de sua própria casa. Crimes passionais acontecem aos montes e sempre tem um novo caderninho de anotações para dar segmento à narrativa.

Uma mistura de fatos históricos e fantasia com pitadas de mistério e crimes passionais dá um bom entretenimento.

Dei uma pesquisada rápida e não encontrei o título em português, mas na Amazon americana tem exemplares por apenas $0.01. Vale a leitura.

Leave A Reply

* All fields are required