Suculenta

Quase nunca falo sobre padrões de beleza injustos ligados ao peso porque sou suspeita: nasci magra e sempre vivi sem olhar para a balança. Sim, é uma sorte nascer no século certo, mas não dá para simplesmente ficar quieta e aproveitar. Tivesse eu sido contemporânea de pintores renascentistas, ficaria sem marido, o que, numa época em que as mulheres dependidam deles para comer, seria uma verdadeira tragédia.

Ser magra é confortável e um “problema” a menos para resolver na vida, mas não consigo deixar de me preocupar com as pessoas que tiveram um pequeno atraso no timing e nasceram numa época em que as dobrinhas já haviam caído de moda. É muito sofrimento e cobrança por uma bobagem fabricada.

Padrão de beleza é uma convenção, sempre foi. E muda com o tempo, com o contexto, com a história. Aí, quem não está sintonizado, acaba se sentindo deslocado, inadequado, errado. Não está não.

É só pensar em como o padrão muda ao longo dos anos, dos séculos, de lugar para lugar. É só uma convenção besta. E convenções a gente muda.

Não estou aqui propondo que o novo padrão seja a abundância (também não quero ficar mal na foto), mas num momento tão rico de possibilidades como o nosso, é de uma pobreza inimaginável definir “peso ideal” de um jeito tão quadradinho e limitado.

A ideia é ver beleza onde tem e chutar esses padrões chatos e desnecessários. Dá para agradar aos sentidos sendo magra, gorda, alta, baixa, musculosa ou molinha, enfim, dá para gostar de feijão e de arroz ao mesmo tempo. Ou preferir um dos dois. Ou farofa. O que não dá é para estabelecer que todo mundo tenha que caber na mesma forma feito clones, pois aí perde a graça.

Esse texto todo é só para apresentar uma escultura linda que vi esses dias. Fiquei um tempão parada olhando essa beleza. Não descobri quem é o(a) artista, mas faz tempo que não vejo uma mulher tão bem representada. Mesmo sendo fisicamente tão diferente, consegui me ver nela inteirinha.

Olha só que coisa mais linda, cheia de graça… e poderosa!

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4 Responses

  1. Carlos Koehler
    Responder
    5 outubro 2014 at 12:35 pm

    vista de frente…. vista de lado…

    e a paixão nacional, como fica?

    😉

    • ligiafascioni
      Responder
      5 outubro 2014 at 12:37 pm

      Aahahahahahaha…. não tinha como chegar lá atrás, o jardim era cheio de cercas vivas. Vai ter que ficar só na imaginação mesmo….rsrsrsrsrsr

  2. Eliene
    Responder
    8 outubro 2014 at 11:14 am

    Olá, Ligia!
    Achei vc há um tempão, quando procurava ideias sobre decoração. Era um outro site e vc tinha uma varandinha muito charmosa com um banco de madeira todo pintado a mão! Desde então, sempre te visito!
    Muito legal como vc consegue fazer “links” entre coisas que, aparentemente (ao menos para o pensamento cartesiano preponderante ainda), não tem nada a ver uma com a outra. Adoro seu olhar sobre as coisas! Obrigada por “se dividir” conosco!
    Ah, sim… Hoje me obriguei a escrever para vc agradecendo porque fica muito injusto só me aproveitar, quietinha no meu canto, sem te dar o crédito por ampliar meu mundo!!

    Bjs,

    Eliene

    • ligiafascioni
      Responder
      11 outubro 2014 at 8:18 am

      Puxa, muito obrigada, Eliene! É um prazer compartilhar coisas quando fico sabendo que tem pessoas como você do outro lado da tela…rsrsrs
      Beijos e sucesso!

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