Supertex

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Meu programa favorito no final de semana é visitar mercados de pulgas (e em Berlim, opção é o que não falta), até porque tem sido minha principal fonte de fornecimento de louças e livros.

As louças são maravilhosas e únicas (qualquer dia as mostro aqui) e os livros não ficam atrás, principalmente por causa do preço. Todas as feiras têm muitas barracas que oferecem livros quase novos ao preço irrisório de €1,00. Impossível resistir.

Pois o livro dessa semana foi o Supertex, do holandês Leon de Winter. Ele me conquistou já pela capa e pela encadernação forrada com tecido, fitinha de seda para marcar a página e tamanho de bolso. Do autor eu nunca tinha ouvido falar, mas a editora costuma publicar boas obras nessa coleção de luxo.

Max Breslauer é o principal executivo do império de lojas populares de roupas baratas que herdou do pai, a tal Supertex do título. Ele abandonou uma promissora carreira de advocacia depois que a mulher o deixou e acabou indo ajudar o pai nos negócios. As rusgas e os mal entendidos, que vinham desde a infância, tornam-se mais acentuadas quando os dois começam a trabalhar juntos e transformam-se num dilema quando o pai morre afogado inesperadamente poucos anos depois e ele precisa assumir os negócios.

A história começa com um pequeno acidente de trânsito que desencadeia uma crise existencial no protagonista; ele usa seu poder e dinheiro para conseguir uma consulta de um dia inteiro com uma respeitada terapeuta e começa a contar sua história.

Aqui vi uma técnica narrativa que ainda não conhecia; a história do protagonista é menos interessante do que a de todos os outros personagens coadjuvantes. A história do pai, um judeu sobrevivente da guerra, do irmão, da ex-mulher, da namorada do irmão e até do sogro do irmão são muito mais atraentes e surpreendentes. Tudo gira em torno da religião, da fé (que ele não tem) e dos costumes judaicos.

O cenário principal é Amsterdam e uma parte da história se passa em Casablanca. Ainda não visitei nenhuma das duas cidades, mas fiquei muito curiosa.

Andei dando uma pesquisada e encontrei apenas o original holandês e uma versão em espanhol na Amazon (eu li em alemão). Penso que o autor ainda não foi traduzido para o português; uma pena.

Vou procurar outras obras dele; para quem tiver acesso, recomendo bastante.

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