Um estranho lugar para se morrer

Ein seltsamer Ort zum Sterben von Derek B Miller

Quando li a quarta capa de “Ein seltsamer Ort zum Sterben” (Um estranho lugar para se morrer), de Derek B. Miller, fiquei completamente fisgada.

O livro conta a história de Sheldon, um veterano americano da Guerra da Coréia que, ao ficar viúvo, vai morar em Oslo, com sua única neta e seu marido norueguês. Poucas semanas depois de se mudar, Sheldon, sozinho em casa, ouve barulhos na escada do prédio. Abre a porta do apartamento e uma mulher com um menino pequeno entra, muito assustada. A porta é arrombada, a mulher é assassinada, mas Sheldon se esconde e consegue fugir com o menino. Pareceu-me uma aventura interessante. Ainda mais porque se passa em Oslo, cidade que já tive oportunidade de visitar uma vez (adoro ler livros que se passam em lugares nos quais estive).

A história é empolgante mesmo, mas achei a leitura um pouco difícil. Sheldon sente uma imensa culpa porque, sendo veterano de guerra e idealista, acabou direcionando seu filho único, Saul, para o mesmo caminho; só que Saul morre na Guerra do Vietnã deixando uma mulher com uma menina pequena (a tal da neta com quem ele mora agora). A neta foi abandonada pela mãe e criada por ele e a esposa.

Sheldon está senil, tem frequentes flasbacks de conversas com o filho e a falecida mulher, traz no corpo o desconforto da idade, mas sente-se irremediavelmente atraído por ajudar o menino. Nem mesmo ele sabe porque não procurou a polícia. Talvez quisesse resgatar a relação com o filho.

A questão é que tanto os investigadores do crime como os próprios criminosos (uma gangue de Kosovo, cujos integrantes entraram legalmente na Noruega como refugiados) estão atrás do menino (que é filho do assassino) e de Sheldon, que usa toda sua inteligência e experiência para escapar.

Como disse, achei a leitura um pouco difícil, pois o protagonista faz muitas viagens no tempo e às vezes confunde memória com realidade; a trama dos bandidos também não é simples. Eles se sentem injustiçados porque lutaram pelo seu povo (do lado que perdeu) e agora não são bem-vindos na terra em que nasceram. Por outro lado, também não conseguem se integrar cultural e socialmente no país nórdico, nem ao menos aprender a língua. A história fala, inclusive, da dificuldade de se investigar refugiados envolvidos em crimes (a ficha pregressa deles não está disponível nem para a polícia) e todas as complexidades inerentes ao processo de imigração nessas condições. Outra história paralela é a da comissária responsável pela investigação do crime, competente, mas muito solitária.

Enfim, a trama é interessante e os personagens até que são bem construídos. Não sei por que achei um pouco cansativo vencer as 393 páginas. Talvez seja por causa das muitas cenas de guerra (reminiscências de Sheldon); detesto.

Mas o balanço final é positivo. Recomendo.

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