![\"\"](\"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2011\/02\/Steve-PeixottoRossBrown-500x332.jpg\" "\\"Steve")
<\/a>Est\u00e1 rolando uma pol\u00eamica na internet por causa de um site, veiculado na imprensa como inovador, no qual o cliente decide quanto quer pagar por uma marca gr\u00e1fica. Designers (ou n\u00e3o) postam suas propostas e ele escolhe a que acha melhor, numa esp\u00e9cie de leil\u00e3o ao contr\u00e1rio (o cliente define o pre\u00e7o e os profissionais disputam os projetos).<\/p>\n
Pois as comunidades de design est\u00e3o cheias de gente espumando de raiva, inconformados com o modelo de neg\u00f3cio. Alegam que design \u00e9 coisa s\u00e9ria demais para ser vendido num feir\u00e3o, sem nenhum crit\u00e9rio, desvalorizando o conhecimento que o profissional deve ter para fazer um trabalho bem feito.<\/p>\n
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Bom, vamos analisar primeiro a inova\u00e7\u00e3o do servi\u00e7o. Na verdade, o modelo sempre existiu. N\u00e3o \u00e9 de agora que o cliente decide quanto quer pagar nem o que quer comprar. O que o site fez foi organizar essa forma de trabalho, colocando as partes em contato direto. E, que fique claro, todas as partes envolvidas s\u00e3o maiores de idade e est\u00e3o l\u00e1 por livre e espont\u00e2nea vontade.<\/p>\n
Muita gente alega que isso \u00e9 prostitui\u00e7\u00e3o da profiss\u00e3o. Ok, e da\u00ed? O que h\u00e1 de errado com a prostitui\u00e7\u00e3o? H\u00e1 prostitutas que fazem ponto na esquina, bem baratinhas, e h\u00e1 as de luxo, que falam l\u00ednguas e acompanham executivos. De fato, o cliente escolhe o servi\u00e7o que quer de acordo com o or\u00e7amento dispon\u00edvel. Ele paga por aquilo que tem valor para ele. E ponto.<\/p>\n
Acompanhei discuss\u00f5es onde alguns profissionais estavam preocupados com banaliza\u00e7\u00e3o do processo de elabora\u00e7\u00e3o de marcas gr\u00e1ficas. Ora, se os clientes acham que qualquer um pode fazer uma marca, a culpa \u00e9 deles? Na minha opini\u00e3o, a culpa \u00e9 dos designers mesmo. Se algu\u00e9m compara duas op\u00e7\u00f5es muito diferentes em p\u00e9 de igualdade, \u00e9 porque quem fez o trabalho mais elaborado (e caro), n\u00e3o conseguiu deixar clara a diferen\u00e7a. E isso \u00e9 responsabilidade do designer e de ningu\u00e9m mais.<\/p>\n
Ser\u00e1 que as grandes empresas de design est\u00e3o perdendo o sono por causa desse site? Acredito que n\u00e3o, justamente porque conseguem deixar claro para seus clientes que uma marca gr\u00e1fica n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 um desenho; h\u00e1 muito trabalho por tr\u00e1s, h\u00e1 estrat\u00e9gia, h\u00e1 planejamento, h\u00e1 conceito. N\u00e3o pode ser feito por qualquer um, d\u00e1 mais retorno ao neg\u00f3cio, VALE MAIS. Mas tem muito designer a\u00ed que s\u00f3 entrega um desenho mesmo. Ent\u00e3o, tem mais \u00e9 que arrancar os cabelos de preocupa\u00e7\u00e3o (se \u00e9 que j\u00e1 n\u00e3o estava careca, pois o mercado est\u00e1 assim selvagem n\u00e3o \u00e9 de hoje).<\/p>\n
Algu\u00e9m a\u00ed j\u00e1 comprou um sof\u00e1 numa daquelas lojas de m\u00f3veis populares? S\u00e3o feios, mal-acabados, ergonomicamente desastrosos, mas baratos. J\u00e1 vi mais de uma pessoa ficar feliz da vida com a aquisi\u00e7\u00e3o. Quem sou eu para dizer que o sof\u00e1 n\u00e3o presta? Penso que funciona da mesma maneira para qualquer servi\u00e7o \u2013 se quem comprou ficou satisfeito, n\u00e3o h\u00e1 mais nada a discutir. N\u00e3o adianta eu convencer o sujeito que\u00a0 um sof\u00e1 projetado por Charles e Ray Eames \u00e9 infinitamente superior. Para ele, aquele est\u00e1 bom que chega, muito melhor sintonizado com a sua realidade e seu gosto. Como algu\u00e9m ousa dizer que o sujeito est\u00e1 errado?<\/p>\n
Penso ser muita prepot\u00eancia decidir o que \u00e9 melhor para os outros; o que eles devem consumir, a quem devem contratar. Quantos designers por a\u00ed contratam t\u00e9cnicos eletricistas com carteirinha do CREA para instalar o chuveiro? Teoricamente eles s\u00e3o melhores, mais confi\u00e1veis. E olha que, nesse caso, estamos falando de sua seguran\u00e7a pessoal \u2013 voc\u00ea pode morrer eletrocutado se o sujeito fizer bobagem. Mas os designers est\u00e3o errados se contratam o seu Z\u00e9? Penso que n\u00e3o. O cliente decide o quanto quer pagar e SEMPRE tem consci\u00eancia de que o que vai receber em troca \u00e9 proporcional a isso. Fato.<\/p>\n
Quer sair fora dessa bagun\u00e7a? Mostre a diferen\u00e7a, fa\u00e7a-se desejado. Leve a palavra inova\u00e7\u00e3o realmente a s\u00e9rio. Lembre-se de que o que \u00e9 mais raro, \u00e9 mais caro. O que tem em todo lugar, s\u00f3 pode ser baratinho. Ofere\u00e7a algo a mais, que seja percebido como importante e essencial pelo cliente. Aprimore sua comunica\u00e7\u00e3o. Ou\u00e7a mais, apure os sentidos. Concentre-se em entregar valor. O pessoal do feir\u00e3o est\u00e1 todo oferecendo mais do mesmo \u2013 voc\u00ea realmente quer competir com eles?<\/p>\n
A Starbucks n\u00e3o se preocupa se na esquina da sua loja tem uma padaria vendendo cafezinho por um quinto do pre\u00e7o. E os designers sabem exatamente o porqu\u00ea dessa tranquilidade. Ou deveriam saber.\u00a0E se n\u00e3o sabem, como querem oferecer mais que desenhos para seus clientes?<\/p>\n