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{"id":10934,"date":"2011-03-21T20:51:04","date_gmt":"2011-03-21T23:51:04","guid":{"rendered":"http:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/?p=10934"},"modified":"2018-06-03T16:45:51","modified_gmt":"2018-06-03T19:45:51","slug":"a-salvacao-do-design-2","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/a-salvacao-do-design-2\/","title":{"rendered":"A salva\u00e7\u00e3o do design"},"content":{"rendered":"

H\u00e1 apenas uma semana, se algu\u00e9m me perguntasse que livro eu levaria para uma ilha deserta, responderia, sem titubear, \u201cO jogo da amarelinha<\/em>\u201d, de Julio Cortazar. \u00c9 um romance cujos cap\u00edtulos est\u00e3o estruturados para serem lidos em qualquer ordem. Cada seq\u00fc\u00eancia que o leitor escolhe gera uma hist\u00f3ria diferente. Muitos livros em um. Ideal para uma ilha, n\u00e3o \u00e9?<\/p>\n

Pois agora mudei. Levaria mesmo \u00e9 o \u201cAprender a viver: filosofia para os novos tempos<\/em>\u201d, do fil\u00f3sofo franc\u00eas\u00a0Luc Ferry, com o qual estou encantada. H\u00e1 tempos n\u00e3o encontrava um livro t\u00e3o transformador. Luc apresenta, de maneira que um leigo consegue entender, nada menos que a hist\u00f3ria do pensamento ocidental. Finalmente consegui vislumbrar uma ordem nos cap\u00edtulos de todos os livros sobre o assunto que eu havia lido antes.<\/p>\n

O autor n\u00e3o foge \u00e0 pergunta cl\u00e1ssica: \u201cpara que serve a filosofia?<\/em>\u201d Para Luc, a fun\u00e7\u00e3o essencial desse exerc\u00edcio de pensamento \u00e9 nos dar algum conforto, alguma salva\u00e7\u00e3o, algum sentido para a exist\u00eancia, alguma sa\u00edda para o medo da morte.<\/p>\n

Os\u00a0est\u00f3icos<\/strong>, precursores da filosofia grega, acreditavam que\u00a0a salva\u00e7\u00e3o estava no divino<\/strong> (que era o pr\u00f3prio mundo). O\u00a0universo\u00a0era belo, perfeito, harm\u00f4nico e bom. Dev\u00edamos nos conformar com tudo o que acontecia conosco, pois o divino assim o queria e a morte nada mais era do que uma transforma\u00e7\u00e3o. A salva\u00e7\u00e3o dependia de cada um descobrir um meio, usando a raz\u00e3o, de se integrar ao universo. Pena que ao morrer, a pessoa perdia a sua identidade para ser mais uma part\u00edcula do todo. N\u00e3o muito animador, mas, enfim, era o que havia.<\/p>\n

Depois veio o revolucion\u00e1rio\u00a0Cristianismo<\/strong>, onde o divino n\u00e3o era mais o universo em si, mas um\u00a0Ser externo,\u00a0Deus<\/strong>. Ele prometia a vida eterna, a ressurrei\u00e7\u00e3o, o reencontro com os entes queridos e, principalmente, a manuten\u00e7\u00e3o do indiv\u00edduo como um ser \u00fanico, n\u00e3o mais como uma simples part\u00edcula do universo. Mas quanto custaria tanta maravilha? Simples, o cristianismo lhe oferecia tudo isso em troca da sua raz\u00e3o. Para ganhar vida eterna, basta que voc\u00ea n\u00e3o duvide mais, n\u00e3o questione, n\u00e3o pense. Apenas acredite. O pre\u00e7o \u00e9 a\u00a0troca da raz\u00e3o pela f\u00e9. A responsabilidade agora \u00e9 de Outro; terceirizamos a nossa salva\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Essa tese dominou a hist\u00f3ria do pensamento at\u00e9 o\u00a0Renascimento<\/strong>, quando os avan\u00e7os da ci\u00eancia mostraram que nem o universo era t\u00e3o belo e harm\u00f4nico, como queriam os est\u00f3icos, nem a terra era o centro do universo, como queriam os crist\u00e3os. Comprovou-se cientificamente o caos, as assimetrias, as desordens, as injusti\u00e7as e as fei\u00faras do mundo. Argumentos que eram praticamente leis h\u00e1 s\u00e9culos, foram todos por \u00e1gua abaixo pelos telesc\u00f3pios de Galileu e Cop\u00e9rnico, e os\u00a0Principia<\/em>\u00a0de Newton.<\/p>\n

Nessa \u00e9poca, o homem ficou sem ch\u00e3o, com suas refer\u00eancias todas dizimadas pela t\u00e1bula rasa de Descartes, que consistia em zerar as certezas e duvidar de tudo. A \u00fanica coisa indubit\u00e1vel era que, se penso, ent\u00e3o \u00e9 porque existo.\u00a0Fil\u00f3sofos modernos, como Kant, introduziram assim o Humanismo<\/strong>, que nada mais era do que uma forma de centralizar todas as refer\u00eancias de pensamento no pr\u00f3prio homem. H\u00e1 aqui uma bela discuss\u00e3o sobre o que diferencia o homem dos outros animais. Voltava-se \u00e0 raz\u00e3o para tentar descobrir as rela\u00e7\u00f5es de causa e efeito no mundo a um ponto que culminou no materialismo<\/strong>.<\/p>\n

Sobre a salva\u00e7\u00e3o, o homem humanista encontra maneiras de obter a imortalidade envolvendo-se em causas maiores que a vida<\/strong>, pelas quais vale a pena at\u00e9 morrer. E encontrou meios de se tornar eterno por tr\u00eas modos bastante discut\u00edveis, que o autor chama de \u201creligi\u00f5es de salva\u00e7\u00e3o terrestre<\/em>\u201d: o\u00a0patriotismo<\/em> (as guerras em nome da p\u00e1tria, o her\u00f3i que entra para a hist\u00f3ria); o\u00a0comunismo<\/em> (onde seus l\u00edderes, como Stalin, s\u00e3o idolatrados como deuses): e o\u00a0cientifismo<\/em> (vale tudo em nome do progresso da ci\u00eancia). Na verdade, o que diferenciava os crist\u00e3os dos ateus era apenas o nome do deus que cada um adorava. No fundo, eram todos crentes.<\/p>\n

Foi nesse mar de religi\u00f5es terrestres que apareceu Nietzche<\/strong> e destruiu tudo de novo. Mostrou que esses \u00eddolos da salva\u00e7\u00e3o eram de barro, e contestou tudo o que se acreditava antes, inclusive o conceito de salva\u00e7\u00e3o. Nietzche valorizava, sobretudo, a vida<\/strong>. Dizia que essa busca insana pela salva\u00e7\u00e3o nos impedia de viver o presente, de fruir o momento. Chamava de niilistas aqueles que negavam a vida real em favor de alguma outra causa ou ideal. Ele falava de viver \u201cem grande estilo\u201d, equilibrando as for\u00e7as reativas <\/em>(a l\u00f3gica, a raz\u00e3o) e as ativas<\/em> (a sensibilidade, a arte). \u00c9 no dom\u00ednio desse caos interno que residem o poder e a felicidade (esque\u00e7a a salva\u00e7\u00e3o<\/strong>). A\u00a0filosofia p\u00f3s-moderna, al\u00e9m de Nietzche, tinha em Freud, Lacan e Marx a for\u00e7a desconstrutora dos \u00edcones estabelecidos.<\/p>\n

Os\u00a0fil\u00f3sofos contempor\u00e2neos\u00a0que pensam o hoje, dividem-se entre os que dedicam-se a juntar os cacos e entender o que sobrou, e os que ainda insistem que o trabalho de demoli\u00e7\u00e3o ainda n\u00e3o acabou. Fala-se do mundo da t\u00e9cnica, do descontrole, de um humanismo p\u00f3s-Nietzche e a discuss\u00e3o vai ficando cada vez mais complexa e dif\u00edcil de acompanhar. O Cristianismo \u00e9 irresistivelmente confort\u00e1vel, mas n\u00e3o consigo evitar de questionar, desconfiar, duvidar, de modo que ainda n\u00e3o sei como vou me salvar. De qualquer maneira, n\u00e3o deixa de ser instigante pensar a respeito.<\/p>\n

Mas o que \u00e9 que o design (do t\u00edtulo dessa coluna), tem a ver com esse papo todo? Bom, \u00e9 que l\u00e1 pelas tantas, o livro mostra os sofistas de um ponto de vista que eu nunca tinha pensado. No livro\u00a0Design desmodr\u00f4mico<\/a>, eu digo que a palavra sofisticado vem de sofista, aquele que engana, e, que, portanto, n\u00e3o seria um adjetivo muito adequado ao design.<\/p>\n

Luc Ferry, apoiado em Nietzche, mostra\u00a0os sofistas como aqueles que n\u00e3o est\u00e3o preocupados com a verdade, mas com as sensa\u00e7\u00f5es e com a arte<\/em>. As palavras n\u00e3o seriam apenas um meio de comunicar, mas um fim em si, j\u00e1 que elas provocam efeitos est\u00e9ticos. Os sofistas n\u00e3o tinham inten\u00e7\u00e3o de fazer revela\u00e7\u00f5es e contar verdades, mas de seduzir, persuadir, inebriar, produzir efeitos quase f\u00edsicos em um audit\u00f3rio que podia ser levado \u00e0 ades\u00e3o pela forma como as palavras eram artisticamente tecidas e apresentadas. O sofista, nesse caso, n\u00e3o \u00e9 mais um mentiroso, mas sobretudo um\u00a0esteta. E o que \u00e9 um designer sen\u00e3o um mestre da sedu\u00e7\u00e3o, do despertar dos sentidos, do dom\u00ednio da percep\u00e7\u00e3o?<\/p>\n

Pois \u00e9. Ao contr\u00e1rio do que eu pensava antes,\u00a0talvez o design seja, pelo menos, um pouco sofisticado\u2026<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

H\u00e1 apenas uma semana, se algu\u00e9m me perguntasse que livro eu levaria para uma ilha deserta, responderia, sem titubear, \u201cO jogo da amarelinha\u201d, de Julio Cortazar. \u00c9 um romance cujos cap\u00edtulos est\u00e3o estruturados para serem lidos em qualquer ordem. Cada seq\u00fc\u00eancia que o leitor escolhe gera uma hist\u00f3ria diferente. Muitos livros em um. Ideal para uma ilha, n\u00e3o \u00e9?
\nPois agora mudei. <\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":25097,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,23,24,26,55,49],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2011\/03\/IMG_7837.jpg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10934"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=10934"}],"version-history":[{"count":2,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10934\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":25098,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10934\/revisions\/25098"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/25097"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=10934"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=10934"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=10934"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}