Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794
{"id":1123,"date":"2008-10-26T22:32:49","date_gmt":"2008-10-26T22:32:49","guid":{"rendered":"http:\/\/ligiafascioni.wordpress.com\/?p=1123"},"modified":"2017-05-05T12:25:07","modified_gmt":"2017-05-05T15:25:07","slug":"gato-de-harem","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/gato-de-harem\/","title":{"rendered":"Gato de har\u00e9m"},"content":{"rendered":"

Estava lendo um livro de introdu\u00e7\u00e3o \u00e0 filosofia (meu progresso \u00e9 muito lento, ainda n\u00e3o consegui passar dos introdut\u00f3rios) quando me deparo com a seguinte frase de Arist\u00f3teles \u201ca filosofia come\u00e7a pelo espanto<\/em>\u201d. Como assim? Ainda bem que o livro era de introdu\u00e7\u00e3o, pois logo veio a explica\u00e7\u00e3o mastigadinha: quer dizer que se a gente se permitir se espantar com as coisas do mundo e pensar mais a respeito delas, sa\u00edmos do estado vegetativo trabalha-ganha-compra-trabalha para pensar o que, de verdade, estamos a fazer nesse planetinha azul.<\/p>\n

O problema \u00e9 que \u00e9 muito dif\u00edcil se espantar hoje em dia, quanto mais filosofar a respeito. Vamos pensar primeiro no espanto.<\/p>\n

Segundo o Aur\u00e9lio, espanto \u00e9 susto, medo, assombro, admira\u00e7\u00e3o, surpresa. A gente fica assombrado quando v\u00ea algo diferente, que n\u00e3o est\u00e1 acostumado. Ali\u00e1s, esse \u00e9 um requisito perceptivo para a gente prestar aten\u00e7\u00e3o em qualquer coisa. Segundo a teoria da percep\u00e7\u00e3o, para a gente notar algo, \u00e9 preciso de um ou mais fatores internos<\/strong> (motiva\u00e7\u00e3o, experi\u00eancia) ou externos<\/strong> (intensidade, contraste, movimento, incongru\u00eancia).<\/p>\n

Eu explico melhor: Como \u00e9 imposs\u00edvel a gente processar tudo o que os nossos sensores (olhos, ouvidos, l\u00edngua, pele e nariz) captam, o c\u00e9rebro faz uma triagem baseado nos tais fatores. Do ponto de vista interno<\/strong> (que depende de cada pessoa, seu contexto e sua hist\u00f3ria), \u00e9 preciso estar motivado<\/strong> para prestar aten\u00e7\u00e3o em um est\u00edmulo. N\u00e3o adianta o Brasil fazer um gol na final da copa se a pessoa estiver passando por uma crise existencial braba porque levou um p\u00e9 do ser amado. O desiludido n\u00e3o vai nem notar o gol. O outro fator interno \u00e9 a experi\u00eancia<\/strong>. Uma pessoa que mora de frente para o mar e o v\u00ea todo santo dia certamente tem uma rea\u00e7\u00e3o diferente de outra que est\u00e1 vendo aquela imensid\u00e3o pela primeira vez nos seus 60 anos de estrada. E quem mora perto de aeroporto n\u00e3o se assusta mais nem com pouso de disco voador.<\/p>\n

Do ponto de vista externo<\/strong>, s\u00e3o mais vari\u00e1veis. A intensidade<\/strong> diz respeito a qu\u00e3o fortemente o meu sensor \u00e9 afetado pelo fen\u00f4meno. \u00c9 mais f\u00e1cil perceber uma comida muito salgada, um barulho muito alto, alguma coisa que machuca bastante, e por a\u00ed vai. O contraste<\/strong> fala sobre as diferen\u00e7as contextuais. Se est\u00e1 todo mundo numa festa na maior beca e aparece algu\u00e9m com roupas rasgadas, \u00e9 imposs\u00edvel deixar de reparar. Da mesma maneira que algu\u00e9m que d\u00e1 um grito num lugar silencioso com certeza n\u00e3o passa despercebido. O movimento<\/strong> atrai a aten\u00e7\u00e3o do ser humano naturalmente, pois observar algo se mexendo (ainda mais com velocidade) \u00e9 importante para a nossa sobreviv\u00eancia. Levante a m\u00e3o quem nunca foi atra\u00eddo pelo rastro de uma moto esportiva passando como um b\u00f3lido. A incongru\u00eancia<\/strong> \u00e9 o chamar aten\u00e7\u00e3o pelo absurdo, esquisitisse, bizarrice, insolitez. Um rinoceronte que soubesse sapatear ao som de funk faria sucesso por um bom tempo, pode ter certeza. Assim como um pol\u00edtico que devolve uma mala de dinheiro que achou na rua. Ningu\u00e9m espera uma coisa dessas. Ainda se fosse um gari…<\/p>\n

A quest\u00e3o \u00e9 que o ser humano nunca foi t\u00e3o submetido a est\u00edmulos como nos tempos atuais. \u00c9 tanto barulho, tanto som, tanta cor, tantos cheiros e gostos que a gente fica quase que anestesiada. Basta um ciumento trancar a namorada por dias fazendo chantagem pela televis\u00e3o para aparecerem mais dois na semana seguinte fazendo a mesma coisa \u2013 voc\u00ea n\u00e3o viu a not\u00edcia? \u00c9 que j\u00e1 n\u00e3o \u00e9 mais manchete, virou rotina. Lembro bem de uma frase da minha querida av\u00f3 Bercides, do alto de seus 90 anos, que dizia, ao saber de um evento fant\u00e1stico ou inusitado: \u201cnada mais me surpreende<\/em>\u201d. Ser\u00e1 que, como predisse o brilhante (e espantoso) Lu\u00eds Fernando Ver\u00edssimo, estar\u00edamos todos virando gatos de har\u00e9m?<\/p>\n

Gato de har\u00e9m, segundo Ver\u00edssimo, \u00e9 aquele que j\u00e1 viu tudo, j\u00e1 viveu tudo e passa os dias aborrecido cochilando nos colos macios das odaliscas. \u00c9 a pr\u00f3pria personifica\u00e7\u00e3o do t\u00e9dio. A toda hora a gente v\u00ea alunos que s\u00f3 l\u00eaem um livro se for cair na prova; profissionais que s\u00f3 aprendem porque o chefe intimou; empresas que s\u00f3 fornecem servi\u00e7os porque a lei manda; cidad\u00e3os que s\u00f3 votam porque s\u00e3o obrigados; gente que s\u00f3 faz exerc\u00edcio porque o m\u00e9dico mandou. Praticamente um bando de zumbis, matando o tempo em frente a programas ruins na TV.<\/p>\n

Viver no autom\u00e1tico pode ser mais confort\u00e1vel, mas impede a gente de se espantar, e, em \u00faltima inst\u00e2ncia, de viver.<\/p>\n

Voltando \u00e0 filosofia para principiantes, Descartes esculpiu a m\u00e1xima \u201cpenso, logo existo<\/em>\u201d. Se a gente n\u00e3o se espanta nem pensa mais, ser\u00e1 que est\u00e1, de uma maneira indireta, deixando tamb\u00e9m de existir?<\/p>\n

Por via das d\u00favidas, \u00e9 melhor tentar continuar me espantando. Vou ver o que diz o pr\u00f3ximo cap\u00edtulo…<\/p>\n

L\u00edgia Fascioni | www.ligiafascioni.com.br<\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Uma reflex\u00e3o antiga, mas ainda v\u00e1lida: nesse mundo t\u00e3o cheio de est\u00edmulos, ser\u00e1 que n\u00e3o estamos todos virando gatos de har\u00e9m?<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":24216,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,46,23,24,55],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2008\/10\/DSC_0009.jpg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1123"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1123"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1123\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":24219,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1123\/revisions\/24219"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/24216"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1123"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1123"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1123"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}