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{"id":11258,"date":"2011-04-17T20:45:18","date_gmt":"2011-04-17T23:45:18","guid":{"rendered":"http:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/?p=11258"},"modified":"2021-02-13T14:49:41","modified_gmt":"2021-02-13T17:49:41","slug":"design-emocional-2","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/design-emocional-2\/","title":{"rendered":"Design emocional"},"content":{"rendered":"

Donald Norman, um dos sujeitos mais pol\u00eamicos da hist\u00f3ria do design, publicou, em 1988, o ic\u00f4nico \u201cThe design of everyday things<\/em>\u201d, onde tascava a l\u00edngua nos objetos que n\u00e3o eram funcionais (com raz\u00e3o, diga-se de passagem). Tudo girava em torno da funcionalidade e da usabilidade, da fun\u00e7\u00e3o e da forma, de maneira completamente l\u00f3gica e desapaixonada.<\/p>\n

Mas Norman \u00e9 um sujeito curioso e muito, muito estudioso. Ele se embrenhou pela \u00e1rea da ci\u00eancia cognitiva para enfrentar as cr\u00edticas dos designers, segundo ele mesmo, merecidas, de que, pelo livro dele, os objetos seriam todos muito \u00fateis e us\u00e1veis, mas muito, muito feios tamb\u00e9m.<\/p>\n

No \u00f3timo “<\/strong>Emotional Design:\u00a0<\/em><\/strong>Why We Love (or Hate) Everyday Things<\/em><\/strong>“(tradu\u00e7\u00e3o livre:<\/span>\u00a0\u201cDesign emocional: porque adoramos (ou detestamos) os objetos do dia-a-dia<\/em>\u201d), Donald admite que s\u00f3 agora compreende o quanto a emo\u00e7\u00e3o \u00e9 importante para a vida da gente. Funcionalidade e usabilidade continuam imprescind\u00edveis, \u00e9 claro, mas sem divers\u00e3o e prazer, alegria e entusiasmo, e at\u00e9 ansiedade e raiva, medo e f\u00faria, nossas vidas seriam um t\u00e9dio. O mo\u00e7o tamb\u00e9m come\u00e7ou a prestar aten\u00e7\u00e3o na quest\u00e3o est\u00e9tica, na atratividade e na beleza (por que as pessoas \u201cs\u00e9rias\u201d t\u00eam tanta vergonha de dizer que adoram coisas bonitas?).<\/p>\n

Norman se deu conta de que ele estudava a ci\u00eancia da cogni\u00e7\u00e3o como um verdadeiro CDF, mas deixava a est\u00e9tica e a emo\u00e7\u00e3o de lado. E havia um paradoxo entre seu eu cient\u00edfico<\/em> e seu eu pessoal<\/em>, digamos assim (o sujeito curte muito visitar galerias de arte e concertos).<\/p>\n

Ele reparou que tinha em casa uma cole\u00e7\u00e3o de bules de ch\u00e1 car\u00edssimos, sendo a maior parte deles imposs\u00edvel de ser usado (Norman prefere uma chaleira japonesa sem nenhum glamour<\/em> para o dia-a-dia). Os bules, para ele, s\u00e3o esculturas art\u00edsticas; \u00e9 um b\u00e1lsamo olhar para seus tesouros todo dia quando acorda. Cismado com a quest\u00e3o, juntou a ci\u00eancia e a psicologia da cogni\u00e7\u00e3o, o design, a engenharia e a ci\u00eancia da computa\u00e7\u00e3o para achar uma resposta para esse enigma. E achou.<\/p>\n

Norman descobriu que nosso processamento interno acontece em 3 n\u00edveis de estrutura do c\u00e9rebro: visceral<\/strong>, comportamental<\/strong> e reflexivo<\/strong>.<\/p>\n

O\u00a0visceral<\/strong> \u00e9 onde as coisas acontecem automaticamente, de maneira pr\u00e9-programada geneticamente. Nesse n\u00edvel, os\u00a0 julgamentos s\u00e3o r\u00e1pidos: bom ou mau, seguro ou perigoso.<\/p>\n

A estrutura \u00e9 biologicamente projetada para ampliar as chances de sobreviv\u00eancia e fundamenta o comportamento afetivo. Esse n\u00edvel \u00e9 incapaz de racioc\u00ednio; \u00e9 uma programa\u00e7\u00e3o gen\u00e9tica que desencadeia afeto positivo para situa\u00e7\u00f5es e objetos que oferecem alimento, calor ou prote\u00e7\u00e3o, tipo lugares aquecidos e bem iluminados, sabores e odores doces, cores alegres, matizes saturados, sons tranquilizadores, melodias simples, car\u00edcias, rostos sim\u00e9tricos e sorridentes, objetos lisos e arredondados, sons e formas sensuais. Em contrapartida, h\u00e1 condi\u00e7\u00f5es pr\u00e9-determinadas que favorecem o afeto negativo autom\u00e1tico: alturas, sons altos ou estridentes, luzes fortes, calor ou frio extremos, escurid\u00e3o, ambiente denso ou atravancado, multid\u00f5es, cheiros de podrid\u00e3o, alimentos ou corpos em decomposi\u00e7\u00e3o, sabores amargos, objetos pontiagudos ou assim\u00e9tricos, corpos deformados, etc.<\/p>\n

O n\u00edvel comportamental<\/strong> \u00e9 que controla a maior parte das nossas atividades do dia-a-dia e suas a\u00e7\u00f5es podem ser influenciadas pelo n\u00edvel superior (reflexivo) e influenciar o inferior (visceral). \u00c9 o que permite, por exemplo, que voc\u00ea n\u00e3o gaste todo o seu c\u00e9rebro enquanto dirige seu carro; voc\u00ea pode dirigir, pensar nas tarefas do dia e cantarolar uma m\u00fasica gra\u00e7as a ele. Os profissionais altamente treinados usam bastante esse n\u00edvel, que n\u00e3o \u00e9 consciente. Assim, os dedos de um pianista experiente praticamente se mexem sozinhos enquanto ele pode refletir sobre a m\u00fasica que est\u00e1 tocando.<\/p>\n

J\u00e1 o n\u00edvel reflexivo<\/strong> \u00e9 o \u00fanico realmente consciente. \u00c9 o cognitivo, que permite que a gente aprenda, use as experi\u00eancias e raciocine sobre as decis\u00f5es que tomamos, al\u00e9m de comunic\u00e1-las a outros. \u00c9 o n\u00edvel mais vulner\u00e1vel \u00e0s influ\u00eancias externas como a cultura, a experi\u00eancia, o grau de instru\u00e7\u00e3o e as diferen\u00e7as individuais, podendo, inclusive, anular os outros. Isso explica porque alguns de n\u00f3s conseguem sentir prazer com situa\u00e7\u00f5es de medo (esportes radicais) e desdenham abertamente o que \u00e9 visceral, comum, com forte apelo popular.<\/p>\n

Ent\u00e3o, tudo o que a gente faz tem componentes cognitivos (reflex\u00e3o) e afetivos (viscerais e comportamentais). O cognitivo atribui significado<\/em>; o afetivo atribui valor<\/em>. Nos n\u00edveis inferiores (visceral e comportamental) existe apenas afeto, sem interpreta\u00e7\u00e3o ou consci\u00eancia. No n\u00edvel cognitivo acontece a interpreta\u00e7\u00e3o, a compreens\u00e3o e o racioc\u00ednio. E se o estado afetivo \u00e9 positivo ou negativo, muda a maneira como a gente pensa e reflete.<\/p>\n

Em estados afetivos negativos, estamos mais propensos ao foco \u2013 a gente se concentra sobre um t\u00f3pico sem se distrair, at\u00e9 alcan\u00e7ar uma solu\u00e7\u00e3o. Nenhum detalhe escapa, pois esse estado mental \u00e9 associado \u00e0 sobreviv\u00eancia e ao perigo. J\u00e1 estados afetivos positivos relaxam os m\u00fasculos e o c\u00e9rebro; assim a gente pode \u201cviajar\u201d, criar, aprender, ser menos focado e ter uma ideia do conjunto.<\/p>\n

No processo criativo do design s\u00e3o necess\u00e1rios os dois estados: no afetivo positivo, a criatividade est\u00e1 liberada; no negativo, \u00e9 preciso se concentrar nos prazos e na viabilidade. Al\u00e9m disso, pode-se classificar o design em tr\u00eas n\u00edveis que influenciam o processo decis\u00f3rio de uma pessoa: o design visceral<\/em> (apar\u00eancia, percep\u00e7\u00e3o); o design comportamental<\/em> (prazer e efetividade de uso) e o design reflexivo<\/em> (auto-imagem, satisfa\u00e7\u00e3o pessoal, lembran\u00e7as).<\/p>\n

O designer ninja<\/em> mesmo \u00e9 aquele que consegue equilibrar os tr\u00eas n\u00edveis em um projeto (d\u00e1 para imaginar que a tarefa n\u00e3o \u00e9 nem um pouco f\u00e1cil).<\/p>\n

Norman ainda tem muito a dizer no livro, mas n\u00e3o quero me estender mais aqui. S\u00f3 queria ressaltar que o n\u00edvel reflexivo do designer que geralmente reprova fortemente as coisas bonitinhas, consideradas banais, triviais e carentes de profundidade e subst\u00e2ncia, est\u00e1 claramente tentando aplacar a atra\u00e7\u00e3o visceral imediata por essas coisas. Se a pessoa se aceita, n\u00e3o se revolta tanto com isso, n\u00e3o se incomoda e deixa cada um ser como \u00e9. Sempre vejo gente incomodada demais com o fato de uns gostarem de assistir BBB e outros amarem sandu\u00edches do McDonald\u2019s. Qual o problema, galere<\/em>? Cada um com seu n\u00edvel de processamento e todos felizes, sem stress.<\/p>\n

Norman resolveu isso assumindo publicamente sua paix\u00e3o visceral pelos bules de ch\u00e1. Somos todos humanos fundamentalmente viscerais e o n\u00edvel reflexivo, felizmente, ainda n\u00e3o controla tudo de maneira soberana. N\u00e3o h\u00e1 porque se negar esses pequenos prazeres em nome de sei l\u00e1 o qu\u00ea.<\/p>\n

Acho digno.<\/p>\n\n\n

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O n\u00edvel reflexivo do designer que geralmente reprova fortemente as coisas bonitinhas, consideradas banais, triviais e carentes de profundidade e subst\u00e2ncia, est\u00e1 claramente tentando aplacar a atra\u00e7\u00e3o visceral imediata por essas coisas. Se a pessoa se aceita, n\u00e3o se revolta tanto com isso, n\u00e3o se incomoda e deixa cada um ser como \u00e9. Sempre vejo pessoas incomodadas demais com o fato de uns gostarem de assistir BBB e outros amarem sandu\u00edches do McDonald\u2019s. Qual o problema, galere? Cada um com seu n\u00edvel de processamento e todos felizes, sem stress.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":24404,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,46,23,50,24,25,38,26,35,49],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2011\/04\/IMG_5808.jpg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/11258"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=11258"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/11258\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":26490,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/11258\/revisions\/26490"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/24404"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=11258"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=11258"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=11258"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}