![\"\"](\"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2011\/10\/DSC04548.jpg\" "\\"DSC04548\\"")
<\/a>Nossa, \u00e0s vezes fico assustada com a minha ignor\u00e2ncia sobre hist\u00f3ria. Ainda bem que o Conrado sabe muito e me explica os lances todos. Lembro que em 1989, quando caiu o muro de Berlin, eu fazia est\u00e1gio, estava enlouquecida com as provas de eletr\u00f4nica do \u00faltimo semestre da faculdade e os preparativos da formatura; um perfeito modelo da alienada. Soube que o tal famoso muro tinha ca\u00eddo, mas n\u00e3o ficou nenhum registro al\u00e9m. Agora, pouco a pouco, vou conhecendo os outros cap\u00edtulos e tendo uma ideia da dimens\u00e3o do acontecimento.<\/p>\n
A gente passou o \u00faltimo final de semana em Leipzig, no cora\u00e7\u00e3o da Sax\u00f4nia, e aprendi muita coisa. E me comovi, me emocionei muito, cheguei at\u00e9 a chorar. Visitamos o museu da cidade que conta um pouco da hist\u00f3ria com fotos, imagens e objetos.<\/p>\n
T\u00e1, mas por que Leipzig? A hist\u00f3ria toda n\u00e3o se desenrolou em Berlin?<\/p>\n
Bom, vamos do come\u00e7o: o museu d\u00e1 uma geral sobre as duas guerras, com \u00eanfase na segunda. Saldo de mortos: 62 milh\u00f5es. Caramba, \u00e9 gente demais! Eu n\u00e3o tinha ideia desse n\u00famero. Era um tal de pegar a popula\u00e7\u00e3o de um pa\u00eds como a Pol\u00f4nia, por exemplo, e avisar para 2 ou 3 milh\u00f5es de pessoas que elas tinham 2 dias para dar o fora. J\u00e1 pensou?<\/p>\n
Bom, horrores \u00e0 parte, acabou a tal guerra, a Alemanha perdeu, mas n\u00e3o se rendeu. Ent\u00e3o pegaram o pa\u00eds e dividiram entre os vencedores: um peda\u00e7o para os EUA, outro para a Fran\u00e7a, outro para a Inglaterra e o \u00faltimo naco para a antiga Uni\u00e3o Sovi\u00e9tica. Pois a URSS queria implantar o regime socialista; destruiu o que restou dos pal\u00e1cios (s\u00edmbolos da burguesia) e construiu pr\u00e9dios horrorosos no lugar (\u00e9 de doer os olhos mesmo). Os outros pa\u00edses meio que deixaram a coisa solta; queriam que a Alemanha se desenvolvesse para ser um modelo de como o capitalismo poderia dar certo (e para ser um mercado consumidor tamb\u00e9m, \u00e9 claro). Bom, a\u00ed o pessoal come\u00e7ou a ver que do lado ocidental (capitalista), a vida parecia melhor e mais confort\u00e1vel e come\u00e7ou a se mudar para l\u00e1. Aos montes. O tempo todo. Sem parar.<\/p>\n
Os russos ficaram (com raz\u00e3o) preocupados com a emigra\u00e7\u00e3o massiva e decidiram fechar as fronteiras da parte que era deles. Do dia para a noite, em Berlin, passaram um arame farpado onde existia a delimita\u00e7\u00e3o, at\u00e9 ent\u00e3o, apenas virtual e depois constru\u00edram o tal muro, com a desculpa que era para proteger o seu lado das m\u00e1s influ\u00eancias dos outros.<\/p>\n
Tinha partes da fronteira que passava por dentro de pr\u00e9dios. Pois eles simplesmente expulsaram as fam\u00edlias que viviam l\u00e1 e emparedaram todas as janelas. Os v\u00eddeos mostram o desespero das pessoas, que j\u00e1 tinham passado pelo terror do nazismo e n\u00e3o precisavam de mais isso, n\u00e9? Tem at\u00e9 um v\u00eddeo que mostra um soldado fugindo, saltando por cima do arame farpado para o outro lado.<\/p>\n
Bom, Leipzig ficou do lado da Alemanha que pertencia \u00e0 URSS. A cidade, completamente destru\u00edda pela guerra, hoje tem a arquitetura toda irregular. Partes antigas, lind\u00edssimas, foram restauradas como eram; e convivem lado a lado com algumas monstruosidades da arquitetura comunista e outras tentativas mal sucedidas de modernidade. Imagine uma cidade em colapso total onde os homens todos morreram. As mulheres tiveram que carregar pedras para limpar as ruas, reconstruir tudo e arrumar um jeito de alimentar os filhos. Dureza.<\/p>\n
Com a guerra fria, a situa\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica e pol\u00edtica foi ficando bem complicada e a press\u00e3o era grande. Ent\u00e3o o pessoal que se reunia na Igreja de S\u00e3o Nikolai (compartilhada por cat\u00f3licos e protestantes) come\u00e7ou um movimento pac\u00edfico e muito inteligente: todas as segundas-feiras eles se reuniam para rezar (e protestar contra o regime). Claro que qualquer tentativa de manifesta\u00e7\u00e3o era tratada \u00e0 bala pelos soldados e n\u00e3o foi pouca gente que morreu por falar o que n\u00e3o devia. Mas o governo nada podia fazer com a multid\u00e3o andando pelas pra\u00e7as rezando e segurando velas nas m\u00e3os. A cada segunda-feira, o movimento aumentava mais, at\u00e9 \u00a0que a cidade inteira come\u00e7ou a participar. Depois, veio gente de todas as partes e aquela massa humana gigante come\u00e7ou a chamar aten\u00e7\u00e3o. Os l\u00edderes pol\u00edticos n\u00e3o sabiam o que fazer, pois era um movimento totalmente pac\u00edfico \u2014 as pessoas s\u00f3 oravam e caminhavam juntas. A press\u00e3o ficou t\u00e3o grande que o partido comunista n\u00e3o conseguiu segurar e sucumbiu ao movimento que resultou na queda do muro, em novembro de 1989 e, consequentemente, o primeiro passo para a reunifica\u00e7\u00e3o do pa\u00eds.<\/p>\n
Coisa forte. Emocionante, n\u00e9?<\/p>\n
Tem algumas outras curiosidades sobre a cidade, mas conto depois, para n\u00e3o misturar assuntos.<\/p>\n Tem mais algumas fotos a seguir, mas d\u00e1 para olhar direto l\u00e1 no Flickr<\/a>, se quiser. \u00c9 s\u00f3 clicar aqui<\/a>.<\/p>\n <\/p>\n<\/a>