![\"\"](\"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2011\/11\/pregnant-silhouette.jpg\" "\\"pregnant-silhouette\\"")
<\/a><\/p>\n<\/a>Nesses dias de correria onde mal d\u00e1 tempo para aparecer por aqui, l\u00e1 vai outra coluna requentada. Essa \u00e9 de 2006, quando lancei “Quem sua empresa pensa que \u00e9?<\/a>“. Mas continua cabendo direitinho para o meu quarto livro, “DNA Empresarial<\/a>“, olha s\u00f3.<\/p>\n ***<\/p>\n Escolhi n\u00e3o ter filhos. Mas calma, antes que algu\u00e9m se levante da cadeira, quero deixar bem claro: n\u00e3o, n\u00e3o tenho absolutamente nada contra os atuais e futuros papais e mam\u00e3es (tenho, acredite, casos assim na minha pr\u00f3pria fam\u00edlia). Ali\u00e1s, dou gra\u00e7as a Deus que nem toda gente pense como eu, sen\u00e3o o mundo, al\u00e9m de muito chato, j\u00e1 teria se acabado. Sem dizer que eu nem existiria.<\/p>\n \u00c9 que me conhe\u00e7o o suficiente para saber que n\u00e3o me satisfaria ser uma m\u00e3e \u201cmais ou menos\u201d, ent\u00e3o, decidi n\u00e3o ser m\u00e3e. Acredito realmente que a experi\u00eancia de gerar um filho \u00e9 transformadora, mas, o empenho e a dedica\u00e7\u00e3o que eu me exigiria s\u00e3o incompat\u00edveis com as outras experi\u00eancias que escolhi viver. S\u00f3 saberei se acertei ou n\u00e3o no balan\u00e7o final. Mas vou arriscar. De qualquer maneira, sempre desconfio de quem tem muita certeza das coisas \u2013 isso significa que sempre h\u00e1 a remota possibilidade de eu mudar de id\u00e9ia algum dia (ou n\u00e3o, como diria o paradoxal Caetano).<\/p>\n Falo isso porque estou lan\u00e7ando um livro em Florian\u00f3polis semana que vem <\/strong>(\u00e9 o quarto), e muitas pessoas que convidei fizeram uma analogia do evento com o nascimento de um filho. E fiquei pensando em como essas duas coisas t\u00eam diferen\u00e7as e semelhan\u00e7as interessantes.<\/p>\n Livros e filhos s\u00e3o muito prazerosos de se conceber. \u00c9 divertido e bom. A gravidez de ambos \u00e9 m\u00e1gica e estimulante, voc\u00ea se sente importante e especial. O problema \u00e9 traz\u00ea-los ao mundo e fazer com que tenham uma vida longa, feliz e saud\u00e1vel. Porque escrever um livro \u00e9 a parte mais f\u00e1cil. A mais dif\u00edcil \u00e9 encontrar uma editora disposta a public\u00e1-lo e distribui-lo com compet\u00eancia.<\/p>\n Ambos s\u00e3o a prova de sua passagem pelo mundo, a marca que voc\u00ea vai deixar, a diferen\u00e7a que voc\u00ea vai fazer. Dependendo do filho ou do livro, voc\u00ea pode ser lembrado com carinho ou xingado sem d\u00f3 por um bom peda\u00e7o da eternidade. Ou ser solenemente ignorado pela eternidade inteira.<\/p>\n Mas n\u00e3o se deve esquecer que, tal qual para criar bem uma crian\u00e7a, para lan\u00e7ar um livro \u00e9 bom que se tenha a ajuda de um pai. A editora faz as vezes desse segundo poder e \u00e9 respons\u00e1vel por dar forma ao corpo ao volume, distribui-lo e promov\u00ea-lo. E o pai, nesses casos, pode encher o filho de carinho e ajud\u00e1-lo a crescer e ser feliz ou pode ignor\u00e1-lo e impingir-lhe traumas intranspon\u00edveis, impedindo-o de se desenvolver. Quem saber\u00e1 at\u00e9 que o trabalho seja feito? Por sorte, esse meu \u00faltimo rebento tem a Integrare<\/a> como pai e ele tem sido irrepreens\u00edvel, um verdadeiro modelo.<\/p>\n Pode-se educar e cuidar de um filho, mas seu car\u00e1ter j\u00e1 nasce com ele.\u00a0 Isso deve explicar porque irm\u00e3os criados da mesma maneira s\u00e3o t\u00e3o diferentes.\u00a0 Tamb\u00e9m exime um pouco os pais de alguns comportamentos inexplic\u00e1veis dos filhos, pois, como nos lembra Sartre, \u201co essencial n\u00e3o \u00e9 aquilo que se fez do homem, mas aquilo que ele fez daquilo que fizeram dele<\/em>\u201d. Assim, se um filho, por infort\u00fanio dos genitores, virar ladr\u00e3o ou assassino, n\u00e3o d\u00e1 para simplesmente culpar os pais. Se ele for um g\u00eanio, tamb\u00e9m n\u00e3o. O humano \u00e9 um ser muito complexo.<\/p>\n J\u00e1 um livro \u00e9 muito simples. Se voc\u00ea n\u00e3o gostar, achar chato, pretensioso, entendiante ou um desperd\u00edcio de papel, a culpa \u00e9 toda de quem o escreveu. Se for um amontoado de asneiras, se for cheio de veleidades e absurdos, se n\u00e3o servir nem para cal\u00e7o de mesa, o autor \u00e9 o \u00fanico respons\u00e1vel.<\/p>\n