Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794
{"id":12830,"date":"2011-12-01T15:11:37","date_gmt":"2011-12-01T17:11:37","guid":{"rendered":"http:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/?p=12830"},"modified":"2011-12-01T15:11:37","modified_gmt":"2011-12-01T17:11:37","slug":"e-por-falar-em-kitsch","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/e-por-falar-em-kitsch\/","title":{"rendered":"E por falar em kitsch…"},"content":{"rendered":"

\"\"<\/a><\/p>\n

Est\u00e1 chegando o natal e, mais uma vez, o que se v\u00ea por todo o lado \u00e9 uma overdose de kitsch.<\/p>\n

Beleza, mas o que vem a ser esse tal de kitsch mesmo?<\/p>\n

Vamos l\u00e1: alguns livros sugerem que a palavra kitsch<\/em> nasceu, vejam s\u00f3, em Munique,\u00a0Alemanha, para designar trabalhos art\u00edsticos apressados e mal feitos, pr\u00f3prios da cultura de massa. Outras fontes, por\u00e9m, defendem que o termo veio da \u00c1ustria, onde as pessoas (as chiques, \u00e9 claro) usavam-no como uma g\u00edria para designar objetos de mau gosto. O fato \u00e9 que a express\u00e3o data da revolu\u00e7\u00e3o industrial, entre os s\u00e9culos XIX e XX, onde os bens de consumo come\u00e7aram a ser fabricados em escala industrial (e, obviamente, mal feitos, a julgar pela tecnologia dispon\u00edvel naquele tempo).<\/p>\n

\u00c9 que foi somente nessa \u00e9poca que plebeus puderam ter acesso a coisinhas que antes s\u00f3 os nobres e burgueses ricos podiam colecionar. \u00c9 claro que a qualidade e o acabamento dos mimos eram discut\u00edveis, mas, para quem antes n\u00e3o tinha nada, foi uma festa. Data da\u00ed o in\u00edcio do consumismo desenfreado, um furor que culminou no que hoje se observa em lojinhas de R$ 1,99 (n\u00e3o, por acaso, verdadeiros templos do kitsch).<\/p>\n

O fen\u00f4meno ocupou pensadores por anos, desde o famoso Abraham Moles, que chegou a escrever um ensaio a respeito, at\u00e9 o respeitad\u00edssimo Umberto Eco. Fato \u00e9 que o mundo anda cada vez mais descontroladamente kitsch e n\u00e3o sei onde isso vai acabar; acompanhem s\u00f3 o racioc\u00ednio.<\/p>\n

Basicamente, o kitsch \u00e9 a materializa\u00e7\u00e3o da falta de estilo, normalmente associada ao brega e ao mau gosto. Ele est\u00e1 em todas as \u00e1reas do mundo civilizado, das artes aos meios de comunica\u00e7\u00e3o. E est\u00e1 longe de se restringir a objetos baratos e populares. O kitsch tem alguns princ\u00edpios que o tornam facilmente identific\u00e1vel. Preste aten\u00e7\u00e3o:<\/p>\n

1. Princ\u00edpio da inadequa\u00e7\u00e3o<\/strong>: \u00e9 quando se observa no objeto um desvio da sua forma em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 sua fun\u00e7\u00e3o b\u00e1sica. Um apontador em forma de torre Eiffel \u00e9 um bom exemplo. A forma da torre em nada contribui para que o apontador funcione melhor, mesmo porque quase ningu\u00e9m usa esse objeto para apontar l\u00e1pis (normalmente \u00e9 comprado em uma loja de quinquilharias chamadas poeticamente de souvenirs<\/em> e vai repousar sobre alguma estante, mostrando que o dono \u00e9 um sujeito viajado ou tem algu\u00e9m na fam\u00edlia que \u00e9).<\/p>\n

2. Princ\u00edpio da acumula\u00e7\u00e3o<\/strong>:\u00a0 \u00e9 a compuls\u00e3o pelo preenchimento do vazio com texturas e adornos. \u00c9 o exagero em seu elemento, o horror \u00e0 limpeza visual. Ex: a t\u00edpica \u201cperua\u201d coberta de j\u00f3ias e roupas de etiqueta com estampas chamativas; folhetos cheios de fotos e informa\u00e7\u00f5es que n\u00e3o interessam, est\u00e3o l\u00e1 apenas para aproveitar o espa\u00e7o. Em tempos intern\u00e9ticos, d\u00e1 para ver muito site por a\u00ed que n\u00e3o tem nenhum vazio para nossos olhos darem uma aliviada, \u00e9 tudo coberto. Se a gente amplificar mais o conceito, vai ver que tamb\u00e9m se aplica a quem fala sem ter o que dizer, s\u00f3 para evitar o sil\u00eancio, que \u00e9 o espa\u00e7o em branco do som. Isso acontece em v\u00e1rios n\u00edveis, inclusive em redes sociais (procure que voc\u00ea vai achar um monte disso no Twitter e no Facebook).<\/p>\n

3. Princ\u00edpio da percep\u00e7\u00e3o sinest\u00e9sica<\/strong>: s\u00e3o as m\u00faltiplas rela\u00e7\u00f5es sensorais provocadas por um \u00fanico objeto (ex: carta perfumada, caixinha de m\u00fasica com bailarina, websites com m\u00fasica de fundo, cart\u00f5es de natal com cheiro e som, enfim, todas essas coisas que depois voc\u00ea n\u00e3o sabe como se livrar depois de experimentar uma vez…).<\/p>\n

4. Princ\u00edpio da mediocridade<\/strong>: \u00e9 o que trata de modismos e o uso abusivo de clich\u00eas de grande aceita\u00e7\u00e3o pela massa, como o baixo\u00a0n\u00edvel cultural da comunica\u00e7\u00e3o e uso do grotesco (ex: como a gente estava justamente falando, \u00e9 o caso da decora\u00e7\u00e3o de natal com neve em um pa\u00eds tropical; propagandas com termos em ingl\u00eas num pa\u00eds onde essa n\u00e3o \u00e9 a l\u00edngua oficial \u2014 vide lojas que vivem promovendo “sales<\/em>” e “% off<\/em>” no Brasil; bundas e peitos avantajados evidenciados em campanhas de cerveja).<\/p>\n

Mas tamb\u00e9m pode-se reconhecer tra\u00e7os do kitsch por outras caracter\u00edsticas marcantes:<\/p>\n

* Linhas<\/strong>: s\u00e3o sempre curvas e complexas; as superficies s\u00e3o exaustivamente adornadas (atulhamento total, n\u00e3o h\u00e1 espa\u00e7os vazios).<\/p>\n

* Cores<\/strong>: \u00a0s\u00e3o vivas e contrastantes, normalmente em tons degrad\u00eas e com efeitos especiais, sombras, texturas e relevos (o p\u00f4r-do-sol em ilustra\u00e7\u00f5es \u00e9 um \u00edcone kitsch).<\/p>\n

* Materiais<\/strong>: imitam outros materiais (f\u00f3rmicas que imitam madeira, pl\u00e1sticos que imitam metal, pedras que imitam diamantes, pinturas que imitam material envelhecido, acr\u00edlico que imita vidro).<\/p>\n

* Dimens\u00f5es:<\/strong> as dimens\u00f5es s\u00e3o sempre exageradas para mais ou para menos (miniaturas de monumentos, insetos gigantes, maquetes usadas como enfeite, objetos de Itu, etc).<\/p>\n

O fato \u00e9 que chegamos a tal ponto que o mundo inteiro virou uma colossal exposi\u00e7\u00e3o kitsch. Quer ver o princ\u00edpio da acumula\u00e7\u00e3o em sua melhor forma? \u00c9 s\u00f3 tentar comprar um telefone celular que s\u00f3 funcione como telefone. Ele necessariamente tem que ter outras 453 fun\u00e7\u00f5es que voc\u00ea n\u00e3o precisa ou n\u00e3o quer. E isso vale para todas as maravilhas tecnol\u00f3gicas dispon\u00edveis no mercado, de rel\u00f3gios a carros; de liq\u00fcidificadores a aparelhos de DVD.\u00a0 Quer comer? V\u00e1 em qualquer restaurante: s\u00e3o 32 tipos de saladas e 47 pratos quentes no buf\u00ea, sem contar as sobremesas.\u00a0 Quer comprar um biscoito? \u00c9 s\u00f3 escolher entre os que t\u00eam 7 vitaminas (8 sabores) e os que s\u00e3o duplamente recheados (12 personagens de desenhos e 15 embalagens diferentes). Nem uma simples manteiga d\u00e1 para comprar mais com tranq\u00fcilidade: s\u00e3o tantos elementos, vers\u00f5es, componentes (funcionais ou n\u00e3o), que voc\u00ea precisa de um curso de nutri\u00e7\u00e3o para conseguir ter um m\u00ednimo de base para avalia\u00e7\u00e3o. Socooorrrro!!!!!<\/p>\n

A tecnologia tamb\u00e9m deu asas ao princ\u00edpio da sinestesia, onde qualquer coisinha que funcione a baterias toca m\u00fasica, joga em rede, acessa e-mails, mostra fotos, passa filmes e pisca, tudo ao mesmo tempo agora. \u00c9 de dar dor de cabe\u00e7a e n\u00e3o \u00e9 de hoje (escrevi um artigo sobre o kitsch e as empresas de tecnologia em 2001 e tudo continua valendo; olha aqui<\/a>).<\/p>\n

As dimens\u00f5es raramente levam a ergonomia em considera\u00e7\u00e3o: ou o seu dedo \u00e9 muito grande para o teclado do telefone ou a televis\u00e3o \u00e9 gigantesca para o tamanho da sua sala. As geladeiras podem at\u00e9 substituir os guarda-roupas no armazenamento de amantes, de t\u00e3o grandes que s\u00e3o. E, claro, para cozinhas cada vez mais min\u00fasculas e fam\u00edlias idem.<\/p>\n

Tem tamb\u00e9m a desmedida imita\u00e7\u00e3o de materiais (aparelhos de som de puro pl\u00e1stico, todos com cara de a\u00e7o escovado; ops, minto, os mais modernos agoram tamb\u00e9m simulam madeiras nobres).<\/p>\n

Beleza; ent\u00e3o eu, que n\u00e3o tenho nenhum souvenir<\/em>, n\u00e3o monto decora\u00e7\u00e3o de natal em casa, detesto lembracinhas de qualquer tipo, evito comprar enfeites de R$ 1,99 e tenho alergia a efeitos gr\u00e1ficos especiais estou livre desse neg\u00f3cio de kitsch, confere? Pelo visto, sou uma das poucas pessoas finas, elegantes e sinceras que sobraram. \u00c9 isso?<\/p>\n

Aahaha… a\u00ed \u00e9 que est\u00e1! Do kitsch ningu\u00e9m escapa, amiguinhos. J\u00e1 dizia o \u00f3timo Milan Kundera, em seu\u00a0inspirador livro\u00a0A insustent\u00e1vel leveza do ser<\/strong><\/em>: \u201cNenhum de n\u00f3s \u00e9 sobre-humano a ponto de poder escapar completamente ao kitsch. Por maior que seja o nosso desprezo por ele, o kitsch faz parte da condi\u00e7\u00e3o humana\u201d<\/em>.<\/p>\n

A\u00ed s\u00f3 me resta confessar que sim, tenho v\u00e1rios casacos com golas de pele falsa (jamais usaria pele verdadeira mesmo que tivesse dinheiro); tamb\u00e9m n\u00e3o tenho uma \u00fanica j\u00f3ia em casa, o que significa dizer que tudo que brilha nos meus brincos e an\u00e9is \u00e9 fake<\/em>. Isso sem falar das estantes atulhadas de livros, onde n\u00e3o tem mais um lugarzinho nem para um folheto m\u00ednimo. \u00c9 ou n\u00e3o \u00e9 kitsch “no \u00fartimo<\/em>“?<\/p>\n

Ent\u00e3o, j\u00e1 que ningu\u00e9m pode escapar, s\u00f3 nos resta relaxar, aproveitar bem o natal e se esbaldar sem medo de ser feliz, seja com neve de algod\u00e3o ou de verdade. Cada um escolhe o tamanho e o peso do seu kitsch de estima\u00e7\u00e3o que quer levar para a vida, mas conv\u00e9m n\u00e3o abusar. Que tal come\u00e7ar o ano avaliando quanto lixo a gente est\u00e1 produzindo com essa mania, especialmente com o princ\u00edpio da acumula\u00e7\u00e3o?<\/p>\n

Nosso planetinha, esse sim, chique no \u00faltimo, agradece…<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Est\u00e1 chegando o natal e, mais uma vez, o que se v\u00ea por todo o lado \u00e9 uma overdose de kitsch.<\/p>\n

Beleza, mas o que vem a ser esse tal de kitsch mesmo?<\/p>\n

Vamos l\u00e1: alguns livros sugerem que a palavra kitsch nasceu, vejam s\u00f3, em Munique, Alemanha, para designar trabalhos art\u00edsticos apressados e mal feitos, pr\u00f3prios da cultura de massa. Outras fontes, por\u00e9m, defendem que o termo veio da \u00c1ustria, onde as pessoas (as chiques, \u00e9 claro) usavam-no como uma g\u00edria para designar objetos de mau gosto. O fato \u00e9 que a express\u00e3o data da revolu\u00e7\u00e3o industrial, entre os s\u00e9culos XIX e XX, onde os bens de consumo come\u00e7aram a ser fabricados em escala industrial (e, obviamente, mal feitos, a julgar pela tecnologia dispon\u00edvel naquele tempo).<\/p>\n

\u00c9 que foi somente nessa \u00e9poca que plebeus puderam ter acesso a coisinhas que antes s\u00f3 os nobres e burgueses ricos podiam colecionar. \u00c9 claro que a qualidade e o acabamento dos mimos eram discut\u00edveis, mas, para quem antes n\u00e3o tinha nada, foi uma festa. Data da\u00ed o in\u00edcio do consumismo desenfreado, um furor que culminou no que hoje se observa em lojinhas de R$ 1,99 (n\u00e3o, por acaso, verdadeiros templos do kitsch).<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":12850,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[46,23,50,27,24,38,26,39],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/12830"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=12830"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/12830\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=12830"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=12830"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=12830"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}