aqui<\/a>).<\/p>\nAs dimens\u00f5es raramente levam a ergonomia em considera\u00e7\u00e3o: ou o seu dedo \u00e9 muito grande para o teclado do telefone ou a televis\u00e3o \u00e9 gigantesca para o tamanho da sua sala. As geladeiras podem at\u00e9 substituir os guarda-roupas no armazenamento de amantes, de t\u00e3o grandes que s\u00e3o. E, claro, para cozinhas cada vez mais min\u00fasculas e fam\u00edlias idem.<\/p>\n
Tem tamb\u00e9m a desmedida imita\u00e7\u00e3o de materiais (aparelhos de som de puro pl\u00e1stico, todos com cara de a\u00e7o escovado; ops, minto, os mais modernos agoram tamb\u00e9m simulam madeiras nobres).<\/p>\n
Beleza; ent\u00e3o eu, que n\u00e3o tenho nenhum souvenir<\/em>, n\u00e3o monto decora\u00e7\u00e3o de natal em casa, detesto lembracinhas de qualquer tipo, evito comprar enfeites de R$ 1,99 e tenho alergia a efeitos gr\u00e1ficos especiais estou livre desse neg\u00f3cio de kitsch, confere? Pelo visto, sou uma das poucas pessoas finas, elegantes e sinceras que sobraram. \u00c9 isso?<\/p>\nAahaha… a\u00ed \u00e9 que est\u00e1! Do kitsch ningu\u00e9m escapa, amiguinhos. J\u00e1 dizia o \u00f3timo Milan Kundera, em seu\u00a0inspirador livro\u00a0A insustent\u00e1vel leveza do ser<\/strong><\/em>: \u201cNenhum de n\u00f3s \u00e9 sobre-humano a ponto de poder escapar completamente ao kitsch. Por maior que seja o nosso desprezo por ele, o kitsch faz parte da condi\u00e7\u00e3o humana\u201d<\/em>.<\/p>\nA\u00ed s\u00f3 me resta confessar que sim, tenho v\u00e1rios casacos com golas de pele falsa (jamais usaria pele verdadeira mesmo que tivesse dinheiro); tamb\u00e9m n\u00e3o tenho uma \u00fanica j\u00f3ia em casa, o que significa dizer que tudo que brilha nos meus brincos e an\u00e9is \u00e9 fake<\/em>. Isso sem falar das estantes atulhadas de livros, onde n\u00e3o tem mais um lugarzinho nem para um folheto m\u00ednimo. \u00c9 ou n\u00e3o \u00e9 kitsch “no \u00fartimo<\/em>“?<\/p>\nEnt\u00e3o, j\u00e1 que ningu\u00e9m pode escapar, s\u00f3 nos resta relaxar, aproveitar bem o natal e se esbaldar sem medo de ser feliz, seja com neve de algod\u00e3o ou de verdade. Cada um escolhe o tamanho e o peso do seu kitsch de estima\u00e7\u00e3o que quer levar para a vida, mas conv\u00e9m n\u00e3o abusar. Que tal come\u00e7ar o ano avaliando quanto lixo a gente est\u00e1 produzindo com essa mania, especialmente com o princ\u00edpio da acumula\u00e7\u00e3o?<\/p>\n
Nosso planetinha, esse sim, chique no \u00faltimo, agradece…<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Est\u00e1 chegando o natal e, mais uma vez, o que se v\u00ea por todo o lado \u00e9 uma overdose de kitsch.<\/p>\n
Beleza, mas o que vem a ser esse tal de kitsch mesmo?<\/p>\n
Vamos l\u00e1: alguns livros sugerem que a palavra kitsch nasceu, vejam s\u00f3, em Munique, Alemanha, para designar trabalhos art\u00edsticos apressados e mal feitos, pr\u00f3prios da cultura de massa. Outras fontes, por\u00e9m, defendem que o termo veio da \u00c1ustria, onde as pessoas (as chiques, \u00e9 claro) usavam-no como uma g\u00edria para designar objetos de mau gosto. O fato \u00e9 que a express\u00e3o data da revolu\u00e7\u00e3o industrial, entre os s\u00e9culos XIX e XX, onde os bens de consumo come\u00e7aram a ser fabricados em escala industrial (e, obviamente, mal feitos, a julgar pela tecnologia dispon\u00edvel naquele tempo).<\/p>\n
\u00c9 que foi somente nessa \u00e9poca que plebeus puderam ter acesso a coisinhas que antes s\u00f3 os nobres e burgueses ricos podiam colecionar. \u00c9 claro que a qualidade e o acabamento dos mimos eram discut\u00edveis, mas, para quem antes n\u00e3o tinha nada, foi uma festa. Data da\u00ed o in\u00edcio do consumismo desenfreado, um furor que culminou no que hoje se observa em lojinhas de R$ 1,99 (n\u00e3o, por acaso, verdadeiros templos do kitsch).<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":12850,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[46,23,50,27,24,38,26,39],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/12830"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=12830"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/12830\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=12830"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=12830"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=12830"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}