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{"id":13134,"date":"2011-12-26T10:40:11","date_gmt":"2011-12-26T12:40:11","guid":{"rendered":"http:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/?p=13134"},"modified":"2011-12-26T10:40:11","modified_gmt":"2011-12-26T12:40:11","slug":"fahrenheit-451","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/fahrenheit-451\/","title":{"rendered":"Fahrenheit 451"},"content":{"rendered":"
\"\"<\/a>
Fotografia: Tony Hutchings<\/figcaption><\/figure>\n

No final da adolesc\u00eancia, nos anos 1980, lembro que fiquei muito impressionada com as obras chamadas dist\u00f3picas (o termo foi cunhado em oposi\u00e7\u00e3o a utopia<\/em>, que quer dizer literalmente n\u00e3o-lugar, ou um mundo idealizado, t\u00e3o perfeito que n\u00e3o existe). Na distopia<\/em>, os mundos criados tamb\u00e9m n\u00e3o existem, mas ao contr\u00e1rio de maravilhosos, eles s\u00e3o vers\u00f5es variadas de infernos totalitaristas.<\/p>\n

Foi nessa \u00e9poca que fiquei fascinada com “Admir\u00e1vel mundo novo<\/em><\/strong>” (Aldous Huxley), “A revolu\u00e7\u00e3o dos bichos<\/em><\/strong>” (George Orwell) e o formid\u00e1vel “1984<\/em><\/strong>“, do mesmo autor. Ali\u00e1s, \u00e9 nesse \u00faltimo livro que foi cunhada a express\u00e3o Big Brother<\/em> (na hist\u00f3ria, todas as pessoas eram monitoradas pelo governo por meio de uma TV que tinham em casa; assim, ningu\u00e9m podia fazer nada escondido nem mesmo na intimidade; o Grande Irm\u00e3o<\/em>, ou The<\/em> Big Brother<\/em>, era o governo totalit\u00e1rio que controlava tudo). Assim, n\u00e3o consigo entender como \u00e9 que um jornalista como Pedro Bial, que certamente leu 1984, chama os participantes do programa de Brothers<\/em>. Quem deveria se chamar BB, por uma quest\u00e3o de coer\u00eancia, s\u00e3o as pessoas que est\u00e3o do lado de fora, monitorando os que est\u00e3o dentro da casa. Uma contradi\u00e7\u00e3o, como, de resto, o pr\u00f3prio apresentador.<\/p>\n

Pois depois de tanto tempo me caiu nas m\u00e3os uma outra obra dist\u00f3pica da mesma \u00e9poca que ainda n\u00e3o tinha lido: Fahrenheit 451<\/em><\/strong> (Ray Bradbury). J\u00e1 tinha ouvido falar e at\u00e9 conhecia a hist\u00f3ria, mas acabei deixando pra l\u00e1 e esquecendo.<\/p>\n

Fiquei atra\u00edda novamente pelo tema quando vim a Berlin em 2010 s\u00f3 para visitar (nem sonhava em morar aqui ainda) e pude conhecer o memorial do artista judeu Micha Ullman<\/a> na Bebel Platz<\/em>. Eu j\u00e1 explico o que uma coisa tem a ver com a outra. \u00c9 que foi nessa pra\u00e7a, em frente \u00e0 Universidade Humboldt, que em 10 de mar\u00e7o de 1933, os nazistas promoveram uma fogueira enorme para queimar mais de 20 mil livros que contradiziam o regime. Na minha infinita ignor\u00e2ncia, achava que esse tipo de coisa s\u00f3 tinha acontecido na idade m\u00e9dia, muito apropriadamente denominada Idade das Trevas<\/em>. E n\u00e3o vou enganar ningu\u00e9m, fiquei bem chocada ao saber de um ato desses em pleno s\u00e9culo XX.<\/p>\n

Fahrenheit 451<\/em>, assim como boa parte dos livros sobre distopia, foram escritos depois do fim da segunda guerra e no in\u00edcio da guerra fria, quando o fantasma do totalitarismo assombrava os intelectuais. Com certeza Bradbury ficou t\u00e3o ou mais chocado que eu com o epis\u00f3dio da Bebel Platz<\/em>.<\/p>\n

O livro conta a hist\u00f3ria de um bombeiro, Guy Montag, em algum lugar do futuro, cujo trabalho, vejam s\u00f3, era queimar livros. Fahenheit 451 \u00e9 a temperatura com que os livros s\u00e3o carbonizados e viram cinzas (mais ou menos 233 \u00baC). Nessa \u00e9poca fict\u00edcia, as constru\u00e7\u00f5es eram todas \u00e0 prova de fogo; ent\u00e3o, o trabalho dos bombeiros era colocar fogo nas casas onde as pessoas teimavam em manter livros.<\/p>\n

A posse e leitura de livros era proibid\u00edssima e a coisa n\u00e3o aconteceu do dia para a noite. Na hist\u00f3ria, as pessoas ficaram mais imediatistas e sem paci\u00eancia para ler por causa da populariza\u00e7\u00e3o da televis\u00e3o. O governo percebeu a chance e come\u00e7ou a promover cada vez mais a divers\u00e3o, as m\u00e1gicas, piadas e at\u00e9, imaginem, algumas formas de reality show<\/em> (que obviamente ainda n\u00e3o tinham esse nome). O povo tinha TVs enormes do tamanho da parede e interagia com parentes, conhecidos e desconhecidos (mais ou menos como nas redes sociais atuais); a galera ocupava praticamente todo o seu tempo livre conversando sobre nada e sendo “feliz”.<\/p>\n

As pessoas que gostavam de estudar sofriam bullying<\/em> nas escolas (o termo ainda n\u00e3o existia) e alguns acabaram se matando ou sendo mortos. De qualquer maneira, quem gostava de ler foi se tornando uma minoria inc\u00f4moda que conseguia ver al\u00e9m do espet\u00e1culo hipnotizador das telinhas; por isso questionava, duvidava e reclamava. De fato, isso provava a tese de que os livros tinham que ser proibidos e queimados pelo bem da felicidade geral da na\u00e7\u00e3o: eles traziam d\u00favidas, se contradiziam, tornavam as pessoas inconvenientes, infelizes e descrentes. Quem n\u00e3o lia sempre parecia mais feliz; j\u00e1 os leitores \u00e1vidos eram melanc\u00f3licos e, de certa forma, at\u00e9 um pouco pessimistas. Bom, d\u00e1 para ver que ficou muito f\u00e1cil convencer todo mundo que livro fazia mal (adoro uma frase de Montag em que ele fala: “\u00d3, Deus, a terr\u00edvel tirania da maioria<\/em>“).<\/p>\n

Quando a hist\u00f3ria come\u00e7a, o protagonista sente um desconforto e entra numa crise existencial grave. Ele n\u00e3o s\u00f3 quer parar de queimar livros, como, na verdade, deseja desesperadamente l\u00ea-los para ver se ajudam a acalmar o vazio que se tornou sua vida.<\/p>\n

O autor consegue reproduzir situa\u00e7\u00f5es futuras com bastante fidelidade (pelo menos, eu achei) e sinto calafrios quando vejo um pol\u00edtico (em \u00faltima inst\u00e2ncia, um representante do povo) ou uma celebridade qualquer anunciar com orgulho que n\u00e3o l\u00ea livros e que eles nunca fizeram falta (sempre enaltecendo a tal da famosa “escola da vida<\/em>“, como se ela fosse mutuamente exclusiva com a leitura).<\/p>\n

D\u00e1 um certo medo, n\u00e3o vou negar. Dando uma geral nas redes sociais essa semana chega at\u00e9 a arrepiar. Acho que mais gente devia ler Fahrenheit 451. Mesmo que s\u00f3 por precau\u00e7\u00e3o…<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

No final da adolesc\u00eancia, nos anos 1980, lembro que fiquei muito impressionada com as obras chamadas dist\u00f3picas (o termo foi cunhado em oposi\u00e7\u00e3o a utopia, que quer dizer literalmente n\u00e3o-lugar, ou um mundo idealizado, t\u00e3o perfeito que n\u00e3o existe). Na distopia, os mundos criados tamb\u00e9m n\u00e3o existem, mas ao contr\u00e1rio de maravilhosos, eles s\u00e3o vers\u00f5es variadas de infernos totalitaristas.<\/p>\n

Pois depois de tanto tempo me caiu nas m\u00e3os uma outra obra dist\u00f3pica da mesma \u00e9poca que ainda n\u00e3o tinha lido: Fahrenheit 451 (Ray Bradbury). J\u00e1 tinha ouvido falar e at\u00e9 conhecia a hist\u00f3ria, mas acabei deixando pra l\u00e1 e esquecendo.<\/p>\n

Fiquei atra\u00edda novamente pelo tema quando vim a Berlin em 2010 s\u00f3 para visitar (nem sonhava em morar aqui ainda) e pude conhecer o memorial do artista judeu Micha Ullman na Bebel Platz. Eu j\u00e1 explico o que uma coisa tem a ver com a outra. \u00c9 que foi nessa pra\u00e7a, em frente \u00e0 Universidade Humboldt, que em 10 de mar\u00e7o de 1933, os nazistas promoveram uma fogueira enorme para queimar mais de 20 mil livros que contradiziam o regime. Na minha infinita ignor\u00e2ncia, achava que esse tipo de coisa s\u00f3 tinha acontecido na idade m\u00e9dia, muito apropriadamente denominada Idade das Trevas. E n\u00e3o vou enganar ningu\u00e9m, fiquei bem chocada ao saber de um ato desses em pleno s\u00e9culo XX.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":13135,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,85,46,23,50,24,25,82,75,49],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13134"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=13134"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13134\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=13134"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=13134"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=13134"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}