Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794
{"id":13499,"date":"2012-01-29T13:53:49","date_gmt":"2012-01-29T15:53:49","guid":{"rendered":"http:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/?p=13499"},"modified":"2012-01-29T13:53:49","modified_gmt":"2012-01-29T15:53:49","slug":"o-orgao-e-o-saxofone","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/o-orgao-e-o-saxofone\/","title":{"rendered":"O \u00f3rg\u00e3o e o saxofone"},"content":{"rendered":"

\"\"<\/a><\/p>\n

Sabe de onde vem a palavra digital? Vem do latim digitus<\/em>, que em bom portugu\u00eas \u00e9 dedo, desses que voc\u00ea tem 5 em cada m\u00e3o. Antes da palavrinha cair na boca do povo, era tudo anal\u00f3gico, o que quer dizer que as ondas el\u00e9tricas que mostravam a varia\u00e7\u00e3o da grandeza no tempo eram an\u00e1logas \u00e0 natureza do neg\u00f3cio a ser medido.<\/p>\n

Para facilitar a manipula\u00e7\u00e3o e simplifica\u00e7\u00e3o dessas ondas t\u00e3o complexas \u00e9 que a eletr\u00f4nica transformou tudo em d\u00edgitos. Em vez de toda a infinita gama de varia\u00e7\u00f5es poss\u00edveis, a coisa passou a ser modularizada. O sistema digital tem esse nome porque resolve tudo com um dedo s\u00f3 (ou um bit, como queira). Se o dedo est\u00e1 levantado, significa 1 (sinal); se est\u00e1 abaixado, \u00e9 zero (n\u00e3o sinal). Ou seja, o sistema digital transforma tudo em 0 ou 1. Sempre h\u00e1 perdas na transforma\u00e7\u00e3o, pois, ao contr\u00e1rio do anal\u00f3gico, cuja resolu\u00e7\u00e3o \u00e9 infinita, no sistema digital sempre h\u00e1 que se tomar uma decis\u00e3o sobre quantos dedos levantados ou abaixados vou usar para representar a mesma coisa (ou seja, quantos bits).<\/p>\n

T\u00e1, mas por que esse papinho nerd<\/em> agora? \u00c9 que acabei de vir de um concerto na Filarm\u00f4nica de Berlin que me fez pensar essas coisas. N\u00e3o, n\u00e3o estou louca; j\u00e1 explico a rela\u00e7\u00e3o entre os assuntos: \u00e9 que o concerto era com apenas um \u00f3rg\u00e3o* (desses de igreja, que ocupa uma parede inteira de tubos e \u00e9 operado por meio de uma coisa parecida com um piano) e um saxofone. Sim, a m\u00fasica cl\u00e1ssica contempor\u00e2nea pode ser bem ousada quando quer: eles simplesmente reuniram um \u00f3rg\u00e3o, cuja morada natural \u00e9 uma igreja bem antiga, com um sax (para mim, o instrumento mais pag\u00e3o e sensual de todos). Olha, n\u00e3o entendo muito de m\u00fasica, mas adorei a mistura inusitada.<\/p>\n

Uma das coisas mais sensacionais nessa cidade \u00e9 que as crian\u00e7as todas aprendem m\u00fasica cl\u00e1ssica na escola e ouvem-na desde pequenininhas; o resultado \u00e9 que os m\u00fasicos eruditos s\u00e3o como atores globais por aqui e os espet\u00e1culos, numerosos, est\u00e3o sempre cheios. As estrelas aparecem em revistas, programas de entrevistas, jornais, cartazes espalhados pela cidade e s\u00e3o tratadas como celebridades. As fotos das instrumentistas parece um book de propaganda de shampoo; os maestros, por sua vez, capricham no ar de mocinho descabelado de romance antigo.<\/p>\n

Bom, j\u00e1 sei que tem gente a\u00ed com o discurso previs\u00edvel pronto e ensaiado: “isso \u00e9 que \u00e9 pa\u00eds de primeiro mundo; cultura boa \u00e9 essa, n\u00e3o pagode e nem ax\u00e9<\/em>“.<\/p>\n

Pois era justamente nesse ponto que eu queria chegar. Sim, aqui tem m\u00fasica cl\u00e1ssica da boa e todo mundo gosta. Mas deve ser tamb\u00e9m a cidade com a maior quantidade de clubes por metro quadrado do continente. E toca de tudo: house, rock, world, jazz, blues, metal, coutry, pop, folk, progressivo, trance, fusion e todas as varia\u00e7\u00f5es eletr\u00f4nicas com aqueles nomes estranhos que nomeiam tamb\u00e9m as tribos; n\u00e3o me surpreenderia se tivesse pagode. Tem espet\u00e1culo de m\u00fasica africana; tem batuque caribenho, tem Bebel Gilberto, tem Lady Gaga, tem Adele e tem Michel Tel\u00f3 tamb\u00e9m, sim senhor.<\/p>\n

Isso, para mim, \u00e9 que traduz a real cultura. N\u00e3o se deixar deslumbrar pelo digital, pelo sim OU n\u00e3o, pelo isso OU aquilo. O que impede a pessoa de sair de uma \u00f3pera direto direto para um caf\u00e9 que toca m\u00fasica cubana? A lend\u00e1ria banda Scorpions<\/em> (sim, eles ainda existem) compartilha a mesma bilheteria de ingressos que aquele maestro com estampa de canastr\u00e3o, o Andr\u00e9 Rieu. Uma violoncelista c\u00e9lebre e o Coldplay podem jantar no mesmo restaurante que as pessoas n\u00e3o se ofendem ou tomam partido como se fossem torcedores fan\u00e1ticos de clubes de futebol advers\u00e1rios.<\/p>\n

\u00c9 que eles sabem que o mundo \u00e9, na verdade, anal\u00f3gico. A digitaliza\u00e7\u00e3o traz conforto e simplicidade sim, mas para para n\u00e3o se perder informa\u00e7\u00f5es importantes \u00e9 preciso de muito mais dedos do que sonhamos ter. Por que teimar em digitalizar tudo, categorizar os gostos em bom ou ruim, certo ou errado, feio ou bonito, brega ou chique, culto ou popular, 1 ou 0?<\/p>\n

A ideia n\u00e3o \u00e9 decidir o que as pessoas t\u00eam que gostar ou n\u00e3o. A ideia \u00e9 justamente explorar as infinitas nuances que o anal\u00f3gico permite; prover o maior n\u00famero poss\u00edvel de op\u00e7\u00f5es e varia\u00e7\u00f5es para cada um escolher o que quer, sem ter que abrir m\u00e3o de nada.<\/p>\n

Parece que tem um povo que anda meio esquecido disso, mas n\u00e3o custa lembrar: gente, a vida n\u00e3o \u00e9 digital; a vida \u00e9 anal\u00f3gica, com todos os ru\u00eddos e imperfei\u00e7\u00f5es que isso implica. E com todas as infinitas possibilidades tamb\u00e9m.<\/p>\n

_______<\/p>\n

* NOTA 1: Nunca tinha visto ningu\u00e9m tocando um \u00f3rg\u00e3o antes. A mo\u00e7a, de 22 anos, virtuose consagrada e ganhadora de v\u00e1rios pr\u00eamios, senta num banco comprido e toca com as m\u00e3os os 4 andares de teclado; os p\u00e9s operam um quinto teclado, que fica no piso do instrumento. Pois ela sapateia, faz moonwalk<\/em> e dan\u00e7a mexendo o corpo todo enquanto toca; teve uma pe\u00e7a que ela tocou inteirinha s\u00f3 com os p\u00e9s. Anal\u00f3gico no \u00faltimo…<\/p>\n

NOTA 2: Sim, \u00e9 claro que o controle interno do instrumento devia ser eletr\u00f4nico. Antes dos coment\u00e1rios \u00f3bvios, quero dizer que estou usando aqui os sistemas anal\u00f3gico e digital apenas como met\u00e1fora, ok?<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Sabe de onde vem a palavra digital? Vem do latim digitus, que em bom portugu\u00eas \u00e9 dedo, desses que voc\u00ea tem 5 em cada m\u00e3o. Antes da palavrinha cair na boca do povo, era tudo anal\u00f3gico, o que quer dizer que as ondas el\u00e9tricas que mostravam a varia\u00e7\u00e3o da grandeza no tempo eram an\u00e1logas \u00e0 natureza do neg\u00f3cio a ser medido.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":13500,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,29,85,46,23,50,24,25,42],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13499"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=13499"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13499\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=13499"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=13499"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=13499"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}