![\"\"](\"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2012\/05\/anthony-redpath5.png\" "\\"anthony-redpath5\\"")
<\/a>Na semana passada(*) o mundo ficou conhecendo os ganhadores do Pr\u00eamio Nobel, que, de acordo com o testamento de Alfred Nobel, determina a premia\u00e7\u00e3o das descobertas que mais beneficiaram a humanidade. O pr\u00eamio \u00e9 disputad\u00edssimo e o sonho de consumo declarado de boa parte de gente que dedica a vida \u00e0 pesquisa cient\u00edfica, \u00e0 literatura e \u00e0 pol\u00edtica.<\/p>\n
Mas o que muita gente n\u00e3o sabe \u00e9 que nessa \u00e9poca s\u00e3o laureados tamb\u00e9m os ganhadores do IG Nobel, um trocadilho bem-humorado do pr\u00eamio com a palavra ign\u00f3bil, ou infame. O IG Nobel \u00e9 organizado pela Universidade de Harvard desde 1991. Os trabalhos s\u00e3o analisados por uma comiss\u00e3o multidisciplinar que inclui atletas, autoridades pol\u00edticas e cient\u00edficas, e v\u00e1rios ganhadores do Pr\u00eamio Nobel original.<\/p>\n
O objetivo \u00e9 celebrar o incomum, honrar a imagina\u00e7\u00e3o e despertar o interesse das pessoas pela ci\u00eancia, medicina e tecnologia, tudo com muito bom-humor. Nesses tempos de culto \u00e0 inova\u00e7\u00e3o, nada mais bem-vindo.<\/p>\n
A cerim\u00f4nia acontece em Harvard para uma exclusiva audi\u00eancia de 1.200 pessoas e a plat\u00e9ia tem o tradicional h\u00e1bito de jogar avi\u00f5ezinhos de papel no palco durante o evento. Assim, laureados com o Nobel (sim, aqueles sisudos cientistas ganhadores dos pr\u00eamios de f\u00edsica, qu\u00edmica e economia, entre outros) varrem (sim, com vassouras mesmo) os avi\u00f5ezinhos no palco. Eles se protegem com chap\u00e9us chineses para n\u00e3o serem atingidos pelos petardos e passam a cerim\u00f4nia inteira varrendo. \u00c0s vezes interrompem a labuta para entregar algum pr\u00eamio, pois todos os IG Nobel s\u00e3o entregues por Nobels aut\u00eanticos.<\/p>\n
A id\u00e9ia \u00e9 contemplar pesquisas e patentes improv\u00e1veis. Os premiados de cada ano t\u00eam os seus artigos publicados em um livro com uma linguagem mais acess\u00edvel. Veja alguns exemplos de ganhadores:<\/p>\n
Neste ano, Gregg Miller, de Missouri, ganhou o pr\u00eamio de medicina por ter inventado e patenteado uma pr\u00f3tese artificial de test\u00edculos para animais de estima\u00e7\u00e3o castrados. A pr\u00f3tese \u00e9 vendida em v\u00e1rios tamanhos nas vers\u00f5es Original<\/em> (r\u00edgida), Natural<\/em> (macia) e Ultra-plus<\/em> (super-macia).<\/p>\n Pesquisadores da Universidade de Newcastle<\/em>, na Inglaterra, levaram o pr\u00eamio por submeter gafanhotos a trechos escolhidos do filme Guerra nas Estrelas e monitorar a sua atividade cerebral. O trabalho foi publicado no respeitado Journal of Neurophysiology<\/em> em 1992.<\/p>\n Na \u00e1rea de economia, Gauri Nanda, do celebrado Massachusetts Institute of Technology<\/em> defendeu o uso de sua inven\u00e7\u00e3o, o despertador que toca e se esconde repetidamente, como fator para o aumento da produtividade de trabalhadores.<\/p>\n A Universidade de Minnesota<\/em> levou o pr\u00eamio de qu\u00edmica com o inusitado trabalho investigativo concebido para responder \u00e0 seguinte pergunta: as pessoas nadam mais r\u00e1pido na \u00e1gua ou no xarope?<\/p>\n Em biologia, uma equipe de estudiosos de v\u00e1rias universidades espalhadas pelo mundo se uniu para pesquisar os odores das secre\u00e7\u00f5es expelidas por 131 esp\u00e9cies de sapos quando submetidos a situa\u00e7\u00f5es de stress.<\/p>\n O destaque para a \u00e1rea de din\u00e2mica dos fluidos foi para o trabalho desenvolvido por pesquisadores alem\u00e3es, finlandeses e h\u00fangaros, que estudaram a press\u00e3o produzida por um ping\u00fcim quando ele produz flatul\u00eancias e defeca. Os gr\u00e1ficos e c\u00e1lculos s\u00e3o impressionantes!<\/p>\n Dois trabalhos fant\u00e1sticos premiados na categoria medicina em anos anteriores: uma equipe da Universidade de Detroit<\/em> se concentrou em analisar o efeito da m\u00fasica country em suicidas e a University College of London<\/em> mostrou evid\u00eancias cient\u00edficas que os motoristas de t\u00e1xi londrinos possuem o c\u00e9rebro mais desenvolvido que a m\u00e9dia dos moradores de Londres. Essa prestigiosa universidade contribuiu tamb\u00e9m com o incr\u00edvel estudo sobre a assimetira escrotal de homens em esculturas antigas.<\/p>\n Ainda em medicina, merece destaque o trabalho de Peter Barss da McGill University<\/em> que analisou os danos causados nas pessoas provocados por quedas de c\u00f4cos. Ele publicou o artigo no famoso The Journal of Trauma<\/em>.<\/p>\n Em qu\u00edmica, um dos pr\u00eamios foi para o estudo de uma universidade japonesa sobre o motivo pelo qual a est\u00e1tua de bronze localizada na cidade de Kanazawa n\u00e3o atrai pombos.<\/p>\n Estudos de psicologia impressionaram a comiss\u00e3o julgadora, que premiou o trabalho realizado na Holanda sobre o primeiro caso cientificamente comprovado de necrofilia homossexual praticada por um pato selvagem. Tem tamb\u00e9m o estudo da Universidade de Estocolmo que explica as raz\u00f5es cient\u00edficas pelas quais as galinhas preferem as pessoas bonitas.<\/p>\n Ainda sobre animais, estudiosos japoneses publicaram no Journal of the Experimental Analysis of Behavior<\/em> um relevante artigo em que relatam um m\u00e9todo para treinar pombos para diferenciarem uma pintura de Monet de outra de Picasso.<\/p>\n Em f\u00edsica, cabe destacar a experi\u00eancia realizada por estudiosos ingleses e holandeses que descreveram a experi\u00eancia de fazer um sapo levitar com o aux\u00edlio de magnetos. A Universidade inglesa de Aston<\/em> finalmente provou cientificamente porque o p\u00e3o sempre cai com a manteiga para baixo. Um util\u00edssimo software que detecta automaticamente quando um gato caminha sobre o teclado do computador tamb\u00e9m foi premiado.<\/p>\n Matem\u00e1tica e estat\u00edstica s\u00e3o duas grandes fontes inspiradoras para o IG Nobel: um indiano publicou no Veterinary Research Communications<\/em>, o c\u00e1lculo da \u00e1rea total de superf\u00edcie ocupada por todos os elefantes indianos. Mas o artigo de estat\u00edstica que mais provocou curiosidade foi o que descreveu as rela\u00e7\u00f5es m\u00e9tricas entre o peso, o comprimento do p\u00eanis e o tamanho dos p\u00e9s de um homem, realizado por pesquisadores das Universidades de Toronto e Alberta, no Canad\u00e1. Ficou curioso? Na conclus\u00e3o do trabalho eles provaram que n\u00e3o h\u00e1 uma rela\u00e7\u00e3o entre as medidas, isso n\u00e3o passa de um mito!<\/p>\n Os organizadores do IG Nobel lembram que os trabalhos premiados t\u00eam uma caracter\u00edstica em comum: primeiro as pessoas n\u00e3o acreditam que algu\u00e9m possa t\u00ea-los feito; depois elas riem; ao final, pensam.<\/p>\n De tudo isso, o que se tira \u00e9 que o desenvolvimento humano precisa do inusitado, do improv\u00e1vel, do incomum, do ousado e do rid\u00edculo para acontecer. E, mais do que tudo, da capacidade de rir de si pr\u00f3prio, mesmo que voc\u00ea seja uma celebridade ganhadora do Pr\u00eamio Nobel.<\/p>\n Quer saber mais sobre o IG Nobel? V\u00e1 l\u00e1: http:\/\/www.improbable.com<\/a><\/p>\n —–<\/p>\n (*) Esse texto \u00e9 de 2005, mas como ando lendo muita coisa sobre inova\u00e7\u00e3o, n\u00e3o podia deixar de compartilh\u00e1-lo. Vou dar uma pesquisada e postar os ganhadores mais recentes nas pr\u00f3ximas semanas; aguardem!<\/p>\n