aqui<\/a>), revela que, al\u00e9m de celulares, o Brasil tamb\u00e9m compra mais televis\u00f5es e notebooks que o resto do mundo. N\u00e3o me admira, conhe\u00e7o gente que tem 3 telefones e “atualiza” o notebook todo ano (talvez alguns estejam participando, emocionados, da Rio+20); isso sem falar que no Brasil, at\u00e9 a casinha de cachorro tem TV pr\u00f3pria.<\/p>\nPois olha s\u00f3 que interessante: nos pa\u00edses ricos, 40% do povo que respondeu a pesquisa disse n\u00e3o ter nenhuma inten\u00e7\u00e3o de comprar eletr\u00f4nicos em 2011. J\u00e1 nos pa\u00edses do Bric (Brasil, R\u00fassia, \u00cdndia e China) a coisa \u00e9 bem diferente: 91% da galera quer continuar na farra.<\/p>\n
Reparando esse cen\u00e1rio de pessoas ensandecidas para se livrar de aparelhos em excelente estado de funcionamento, fico me lembrando de um conto de fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica que li h\u00e1 muitos anos e me impressionou muito.<\/p>\n
O conto, de Frederik Pohl, chamado \u201cO homem que comeu o mundo<\/em>\u201d conta a hist\u00f3ria de um menino que vive em algum lugar no futuro.<\/p>\nNo mundo dele, onde a produ\u00e7\u00e3o n\u00e3o pode parar de crescer, o consumo tamb\u00e9m n\u00e3o pode estabilizar. Sua fam\u00edlia \u00e9 muito pobre e, por isso, os pais s\u00e3o obrigados a passar os dias e as noites consumindo desenfreadamente em shoppings, bares e afins.<\/p>\n
O menino mora numa casa imensa e se sente solit\u00e1rio com seus numerosos guardi\u00e3es eletr\u00f4nicos e montanhas de brinquedos inteligentes, trocados diariamente. E \u00e9 profundamente infeliz.<\/p>\n
Voc\u00ea pode pensar onde \u00e9 que est\u00e1 o problema. N\u00e3o \u00e9 esse justamente o sonho de consumo de um monte de gente (talvez at\u00e9, em certa medida, voc\u00ea eu?). Gastar insanamente, no melhor estilo Sex and City<\/em>, como se n\u00e3o houvesse fatura de cart\u00e3o de cr\u00e9dito amanh\u00e3?<\/p>\nPois \u00e9, a quest\u00e3o \u00e9 que o menino quer um quarto pequeno e aconchegante, e n\u00e3o um sal\u00e3o tem\u00e1tico. Ele sonha em dormir abra\u00e7ado todo dia com o mesmo ursinho de pel\u00facia, mas as vers\u00f5es mudam a cada dia e ele precisa acompanhar as tend\u00eancias. Ele chora porque quer o colo da m\u00e3e, mas ela tem que consumir, e, al\u00e9m disso, os rob\u00f4s-bab\u00e1s precisam ser testados. Ele quer brinquedos simples, mas tudo tem que interagir e desenvolver suas infantis capacidades cognitivas. Ele quer chorar, mas os mecanismos eletr\u00f4nicos criados para acalmar crian\u00e7as s\u00e3o insuport\u00e1veis e efadonhos.<\/p>\n
Ele quer ser rico.<\/p>\n
Rico \u00e9 quem n\u00e3o precisa mais comprar. Rico \u00e9 quem j\u00e1 tem o que precisa; rico n\u00e3o desperdi\u00e7a, gosta das coisas que possui e n\u00e3o tem que servir de cobaia para novos lan\u00e7amentos. Rico n\u00e3o sente a obriga\u00e7\u00e3o de ter, pode se preocupar apenas em ser. E o m\u00e1ximo dos m\u00e1ximos, os meninos ricos podem ficar com o mesmo ursinho de pel\u00facia at\u00e9 crescerem e eles mesmos decidirem quando n\u00e3o o querem mais.<\/p>\n
Rico n\u00e3o precisa mostrar para todo mundo que tem o modelo mais caro da marca. Quem \u00e9 rico mesmo, inclusive, encanta-se com o charme retr\u00f4 das coisas usadas, aquelas gastas, que t\u00eam hist\u00f3rias para contar. Rico \u00e9 aquele que tem muito mais que apenas dinheiro (e, \u00e0s vezes, nem tem tanto assim).<\/p>\n
Ok, nossa cultura n\u00e3o favorece, o mundo n\u00e3o facilita e os amigos n\u00e3o colaboram. Est\u00e1 cada vez mais dif\u00edcil resistir aos lan\u00e7amentos da Apple, mas acho que vale a pena pelo menos tentar.<\/p>\n
N\u00e3o sei voc\u00eas, mas eu j\u00e1 sei o quero ser quando crescer:\u00a0milion\u00e1ria.<\/p>\n
****<\/p>\n
O conto citado, \u201cThe man who ate the world<\/em>\u201d, \u00e9 parte do livro \u201cThe science fiction weight-loss book<\/em>\u201d, editado por Isaac Asimov em 1983.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"Reparando esse cen\u00e1rio em que a gente vive, de pessoas ensandecidas para trocar aparelhos em excelente estado de funcionamento, fico me lembrando de um conto de fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica que li h\u00e1 muitos anos e me impressionou muito.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":24212,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,46,23,27,24,75,49,39,99],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2012\/06\/IMG_0958.jpg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/14583"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=14583"}],"version-history":[{"count":2,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/14583\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":24214,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/14583\/revisions\/24214"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/24212"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=14583"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=14583"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=14583"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}