<\/p>\n

Sabe quando uma pessoa faz um coment\u00e1rio ou uma observa\u00e7\u00e3o qualquer e, em vez de refutar o argumento, voc\u00ea critica a pessoa? Automaticamente o assunto tratado fica fora de quest\u00e3o, o foco passa a ser quem o est\u00e1 defendendo. Esse erro de racioc\u00ednio \u00e9 t\u00e3o antigo e comum que tem at\u00e9 um nome: argumentum ad hominem<\/em> (express\u00e3o latina que significa \u201cargumento contra o homem<\/em>\u201d).
\n
\nDevia ser \u00f3bvio que a validade de um argumento independe de quem o defende, mas n\u00e3o \u00e9 assim que costuma acontecer com quem n\u00e3o tem como contra-argumentar. Se n\u00e3o se pode contra os fatos, ataca-se as pessoas. F\u00e1cil, perigoso, geralmente injusto, mas corriqueiro. \u00c9 arriscado porque quem muda o foco da discuss\u00e3o geralmente deixa clara a fragilidade de sua linha de racioc\u00ednio para os mais atentos, mas adeptos da pr\u00e1tica nem sempre se d\u00e3o conta disso. Ali\u00e1s, somos todos adeptos da pr\u00e1tica (atire o primeiro t\u00edtulo de eleitor quem nunca duvidou do que o Paulo Maluf fala s\u00f3 porque era ele quem estava falando), mas alguns ad hominem<\/em> mais que os outros. Desconfio at\u00e9 que existam viciados.<\/p>\n

Esse papo todo \u00e9 porque, \u00e0s vezes, quando somos especialistas em algum assunto, acabamos tratando os clientes dessa maneira. O sujeito pede que voc\u00ea repense a solu\u00e7\u00e3o que est\u00e1 apresentando porque ele n\u00e3o gostou e a tenta\u00e7\u00e3o que nos acomete \u00e9 ignor\u00e1-lo (o cliente n\u00e3o entende do assunto, \u00e9 um tosco, n\u00e3o alcan\u00e7a a sua genialidade).<\/p>\n

Ser\u00e1 que a gente n\u00e3o est\u00e1 subestimando a intelig\u00eancia alheia? \u00c9 claro que pode ser um caso de ignor\u00e2ncia e mau gosto, mas, depois de se dar conta de como a gente faz isso sem querer no dia-a-dia, talvez fosse mais interessante fazer um esfor\u00e7o e separar claramente as pessoas dos fatos. Ele n\u00e3o gostou? Por que ser\u00e1? Abstraindo o car\u00e1ter, a cultura e a forma\u00e7\u00e3o de quem est\u00e1 argumentando, quem sabe a gente pode descobrir que realmente o trabalho poderia melhorar, a solu\u00e7\u00e3o ainda n\u00e3o est\u00e1 redondinha, que a id\u00e9ia que ele deu at\u00e9 que pode render.<\/p>\n

O que fica dif\u00edcil de resolver \u00e9 a cr\u00edtica pessoal, que n\u00e3o acrescenta nada ao trabalho. Que tal se a gente fizer um esfor\u00e7o coletivo de praticar mais o argumentum<\/em> e tentar evitar o ad hominem<\/em>?<\/p>\n

L\u00edgia Fascioni | www.ligiafascioni.com.br<\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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