![\"\"](\"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2013\/03\/Dean-Freeman303095.jpg\" "\\"Dean")
<\/a>Tem pessoas que s\u00e3o assim: voc\u00ea pode xingar a m\u00e3e, chamar o filho de coisas inomin\u00e1veis, discutir pol\u00eamicas pol\u00edticas, falar mal do time do cora\u00e7\u00e3o e at\u00e9 questionar sua sanidade mental; em quase todas as situa\u00e7\u00f5es elas conseguem manter uma relativa civilidade. Mas experimente corrigir seu portugu\u00eas.<\/p>\n
Nunca entendi por que tem gente que fica t\u00e3o mortalmente mordida com isso.<\/p>\n
Geralmente o ofendido ou a ofendida reclama que estava tratando de um assunto importante e quem corrigiu s\u00f3 olhou para o erro; mas \u00e9 por isso mesmo, minha gente! Se o assunto \u00e9 importante, n\u00e3o merece ser perturbado por um ru\u00eddo bobo como um erro de portugu\u00eas. Para mim, \u00e9 como avisar que o z\u00edper est\u00e1 aberto ou tem feij\u00e3o no dente.\u00a0Melhor corrigir r\u00e1pido e n\u00e3o se fala mais nisso. T\u00e3o simples!<\/p>\n
Mas n\u00e3o. As redes sociais est\u00e3o cheias de amizades desfeitas por conta de algu\u00e9m que, incomodado com a vergonha alheia, quis acabar com o espet\u00e1culo e se deu mal. Os corrigidos ficam furiosos, a rea\u00e7\u00f5es s\u00e3o desproporcionais. Algu\u00e9m devia fazer um estudo psicol\u00f3gico a respeito.<\/p>\n
H\u00e1 quem considere uma quest\u00e3o de honra e questione a validade da regra (?), dizendo que se a gente procurar no Google, vai achar a palavra escrita dessa maneira tamb\u00e9m (como se o buscador fosse uma gram\u00e1tica; por falar nisso, procure \u201cvo\u00e7\u00ea\u201d e assuste-se com as ocorr\u00eancias). H\u00e1 quem declare solenemente que n\u00e3o liga para as regras e adora quebr\u00e1-las, com um ar blas\u00e9<\/em> que mal consegue dissimular o \u00f3dio profundo pela intromiss\u00e3o.<\/p>\n J\u00e1 vi pessoas martelando o bord\u00e3o de que o conte\u00fado \u00e9 mais importante que a forma; sou da opini\u00e3o que a forma inadequada pode prejudicar a compreens\u00e3o (e at\u00e9 a credibilidade) do conte\u00fado.<\/p>\n Sinceramente, n\u00e3o consigo entender qual \u00e9 o problema numa quest\u00e3o, para mim, t\u00e3o simples. O que h\u00e1 de t\u00e3o sensacional num erro de portugu\u00eas? Nossa l\u00edngua \u00e9 sabidamente dif\u00edcil, cheia de regras e exce\u00e7\u00f5es. Quando eu era pequena, era comum a gente discutir sobre palavras ex\u00f3ticas, suas origens e significados na hora do almo\u00e7o; por isso, na cozinha sempre tinha um dicion\u00e1rio.<\/p>\n O que me deixa encafifada \u00e9 que as pessoas n\u00e3o t\u00eam vergonha de errar; elas t\u00eam vergonha \u00e9 de ser corrigidas! Como lidar?<\/p>\n Adoro quando corrigem meu portugu\u00eas (mentira, preferia n\u00e3o ter errado, mas acho pior manter o engano), pois quando algu\u00e9m me d\u00e1 um toque significa que vou parar de pagar mico em p\u00fablico porque sim, todo mundo percebe, mas finge que n\u00e3o viu nada com medo de apanhar. Acho melhor ainda quando, em vez de um simples erro de digita\u00e7\u00e3o, o caso \u00e9 daqueles que voc\u00ea tem que ir at\u00e9 uma gram\u00e1tica para ter certeza. J\u00e1 participei de debates bem interessantes sobre algumas situa\u00e7\u00f5es onde aprendi muito mais do que apenas a corre\u00e7\u00e3o do erro em quest\u00e3o.<\/p>\n J\u00e1 fui corrigida (mais de uma vez) publicamente no meio de uma palestra, ent\u00e3o posso dizer de cadeira: n\u00e3o d\u00f3i nada admitir a incorre\u00e7\u00e3o e agradecer o aux\u00edlio luxuoso. D\u00e1 at\u00e9 para fazer gra\u00e7a com o ocorrido, sem dramas. Na verdade, at\u00e9 incentivo esse tipo de intera\u00e7\u00e3o; muito melhor do que ningu\u00e9m prestar aten\u00e7\u00e3o no que voc\u00ea fala porque est\u00e1 fofocando com o colega ao lado sobre a mancada que o palestrante fez.<\/p>\n Se o texto \u00e9 s\u00f3 uma bobagem, n\u00e3o d\u00e1 para ficar corrigindo tudo (sen\u00e3o sua rede social vai virar uma rede solit\u00e1ria). Mas quando o ru\u00eddo perturba muito, tento fazer o que gostaria que fizessem comigo: aviso o redator. Na verdade, fazia. Depois de levar muita pedrada, fiquei mais comedida. Se o neg\u00f3cio me incomodar demais, simplesmente ignoro, paro de ler e sigo a vida.<\/p>\n Hoje em dia s\u00f3 corrijo quem eu sei que n\u00e3o vai levar a mal; na verdade, s\u00f3 ouso corrigir pessoas de quem gosto muito e cujo trabalho respeito profundamente. Algumas discuss\u00f5es alongam-se e o desafio vira um \u00f3timo entretenimento. Em algumas empresas onde trabalhei, apost\u00e1vamos caixas de Bis para ver quem estava certo e todo mundo adorava.<\/p>\n Por isso n\u00e3o consigo entender: para que tanto drama?<\/p>\n Coincid\u00eancia ou n\u00e3o, esse povo que gosta de ser corrigido \u00e9 quem menos erra, quase n\u00e3o d\u00e1 para se divertir…<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Tem pessoas que s\u00e3o assim: voc\u00ea pode xingar a m\u00e3e, chamar o filho de coisas inomin\u00e1veis, discutir pol\u00eamicas pol\u00edticas, falar mal do time do cora\u00e7\u00e3o e at\u00e9 questionar sua sanidade mental; em quase todas as situa\u00e7\u00f5es elas conseguem manter uma relativa civilidade. 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