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A gente costuma usar as palavras e quase nem se d\u00e1 conta do seu significado original e o quanto a realidade mudou. O exemplo mais \u00f3bvio \u00e9 a ainda popular part\u00edcula \u201cdisque\u201d (ou sua variante \u201cdisk\u201d) nos servi\u00e7os de tele-entrega. Mas h\u00e1 quanto tempo n\u00e3o se v\u00ea um telefone de disco? Aposto que a maioria dos entregadores nunca viu um de perto.
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\nPois Eduardo Joselevich, em seu \u201cDise\u00f1o posindustrial: teor\u00eda e pr\u00e1ctica de La innovaci\u00f3n<\/em>\u201d questiona justamente o termo design industrial, uma vez que j\u00e1 faz um tempinho que vivemos na era p\u00f3s-industrial. Ele nos lembra que na segunda metade do s\u00e9culo XX o design teve que se adaptar \u00e0 revolu\u00e7\u00e3o digital que mudou radicalmente a maneira como interagimos entre n\u00f3s e com o mundo. Segundo Joselevich, nos dias atuais, o Media Lab<\/em> (Laborat\u00f3rio do Massachussets Institute of Technology<\/em>) desempenha com louvour o papel que j\u00e1 foi da Bauhaus e da Escola de \u00dclm.<\/p>\n

Eduardo nos lembra que muitas das pessoas consideradas exclu\u00eddas digitalmente porque n\u00e3o t\u00eam acesso \u00e0 Internet convivem todos os dias com m\u00e1quinas de lavar roupas, terminais banc\u00e1rios, tocadores de CD ou fornos de microondas equipados com chips inteligentes, tudo isso projetado por designers. Donde se conclui que toda exclus\u00e3o digital \u00e9 apenas parcial, n\u00e3o h\u00e1 como escapar.<\/p>\n

Se no per\u00edodo em que se chamou de modernidade, o design precisava se preocupar em fazer o objeto funcionar bem, traduzir a sua funcionalidade do ponto de vista formal e ser esteticamente atraente, hoje, as inova\u00e7\u00f5es s\u00e3o mais conceituais e a dimens\u00e3o estil\u00edstica tem muito mais a ver com senhas de identidade. Quero ser reconhecido pelas escolhas que fa\u00e7o, que, por sua vez, se traduzem nos objetos que uso. A fun\u00e7\u00e3o simb\u00f3lica nunca foi t\u00e3o importante num projeto, a despeito da fun\u00e7\u00e3o prim\u00e1ria do objeto, que n\u00e3o cessa de se transformar.<\/p>\n

A matriz de valor que se desenha para os pr\u00f3ximos anos mede a efici\u00eancia de um sistema socioecon\u00f4mico pela sua capacidade de incorporar mais rapidamente as inova\u00e7\u00f5es e coloc\u00e1-las a servi\u00e7o de mais pessoas sem preju\u00edzo do ambiente. Matriz um tanto ut\u00f3pica, \u00e9 verdade, mas j\u00e1 se observa movimentos importantes nesse sentido.<\/p>\n

\u00c9 um baita desafio para os designers contempor\u00e2neos, que precisam considerar muito mais elementos, vari\u00e1veis e desafios em seus projetos. Para esse trabalho dif\u00edcil e descomunal que se apresenta, de nada serve se desesperar.<\/p>\n

Como alento, deixo a frase do vision\u00e1rio Marshall McLuhan (que nem chegou a conhecer a internet): \u201cAs respostas est\u00e3o sempre dentro do problema, n\u00e3o fora<\/em>\u201d.<\/p>\n

Talvez a frase fa\u00e7a mais sentido hoje do que em qualquer outra \u00e9poca, pois desconfio que n\u00e3o h\u00e1 mais \u201cfora<\/em>\u201d. Estamos todos, irremediavelmente, cada vez mais \u201cdentro<\/em>\u201d. Seja l\u00e1 o que isso signifique.<\/p>\n

L\u00edgia Fascioni | www.ligiafascioni.com.br<\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Resenha de \u201cDise\u00f1o posindustrial: teor\u00eda e pr\u00e1ctica de La innovaci\u00f3n\u201d, de Eduardo Joselevich.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":26758,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,46,26,44,57,49,110],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2009\/04\/IMG_3947.jpeg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1750"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1750"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1750\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":26759,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1750\/revisions\/26759"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/26758"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1750"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1750"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1750"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}