![\"25_11_2008_0745727001227640443_stephan_abry\"](\"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2009\/04\/25_11_2008_0745727001227640443_stephan_abry.jpg\" "\\"25_11_2008_0745727001227640443_stephan_abry\\"")
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Tenho me dedicado, nos \u00faltimos anos, a estudar o tema identidade corporativa com profundidade. Meu m\u00e9todo para a gest\u00e3o da identidade j\u00e1 foi aplicado em 23 empresas com bastante sucesso. Por motivos \u00f3bvios, o assunto me \u00e9 muito caro e tento ler tudo o que se publica a respeito e debat\u00ea-lo. <\/span><\/p>\n Ultimamente, seja por e-mails, coment\u00e1rios ou palestras, tenho sido confrontada com o trabalho de um soci\u00f3logo polon\u00eas muito respeitado e conhecido, Zygmund Bauman. Ele \u00e9 autor de uma s\u00e9rie de livros e trabalhos sobre a modernidade e cunhou o conceito de liquidez nas atuais rela\u00e7\u00f5es. S\u00e3o dele os t\u00edtulos Amor L\u00edquido, Modernidade L\u00edquida, Medo L\u00edquido e at\u00e9, vejam s\u00f3, Identidade L\u00edquida. O termo \u201cl\u00edquido\u201d que ele utiliza t\u00e3o frequentemente como adjetivo, refere-se \u00e0 inconst\u00e2ncia dos conceitos no mundo contempor\u00e2neo. Os fluidos, como se sabe, n\u00e3o possuem forma. Eles se adaptam ao recipiente e mudam a todo instante. As constantes transforma\u00e7\u00f5es da vida social n\u00e3o s\u00e3o mais uma escolha, mas um fato. Tudo \u00e9 mutante, inconstante, transit\u00f3rio, ou, como prefere Bauman, l\u00edquido. Mas a pergunta que sempre me fazem \u00e9, se a identidade tamb\u00e9m \u00e9 l\u00edquida, est\u00e1 em constante muta\u00e7\u00e3o, ent\u00e3o o meu m\u00e9todo de defini\u00e7\u00e3o \u00e9 completamente furado, uma vez que n\u00e3o d\u00e1 para definir a gelatina que \u00e9 a identidade de uma empresa.<\/span><\/p>\n \n Lembro que logo que o livro \u201cIdentidade\u201d foi lan\u00e7ado no Brasil, em 2005, fui correndo compr\u00e1-lo e confesso que a leitura foi bastante tensa. Ser\u00e1 que eu estava fazendo tudo errado? Terminei <\/span>volume aliviada, olha s\u00f3 porqu\u00ea.<\/span><\/p>\n \n Bauman n\u00e3o diferencia os atributos essenciais (aqueles que definem a ess\u00eancia e permanecem relativamente constantes ao longo da vida) dos atributos acidentais (aqueles que mudam constantemente ao longo do tempo \u2013 ajudam a descrever a empresa ou indiv\u00edduo num determinado momento, mas n\u00e3o s\u00e3o a ess\u00eancia). Essa classifica\u00e7\u00e3o dos atributos n\u00e3o \u00e9 minha, mas de S\u00f3crates, o pai da filosofia.<\/span><\/p>\n \n Metaforicamente, poder\u00edamos dizer que os atributos essenciais s\u00e3o a alma da empresa, e, os acidentais, seu corpo (que vive mudando).<\/span><\/p>\n \n Bauman considera, por exemplo, a nacionalidade de um indiv\u00edduo, sua religi\u00e3o, condi\u00e7\u00e3o social ou participa\u00e7\u00e3o pol\u00edtica como descritores da sua identidade. Em meu m\u00e9todo, jamais descreveria a identidade de uma empresa ou de um profissional nesses termos. Do ponto de vista da gest\u00e3o, mais relevante que a nacionalidade de uma empresa s\u00e3o seus atributos psicol\u00f3gicos e comportamentais. Assim, em vez de dizer que uma empresa \u00e9 alem\u00e3, prefiro descrev\u00ea-la como perfeccionista, formal e racional (se for realmente esse o caso). Esses atributos far\u00e3o parte de sua identidade independentemente do pa\u00eds em que ela atuar. <\/span><\/p>\n \n Esse brilhante fil\u00f3sofo contempor\u00e2neo discute, inclusive, sua situa\u00e7\u00e3o pessoal, de um polon\u00eas naturalizado ingl\u00eas, para demonstrar a fluidez e inconst\u00e2ncia de sua pr\u00f3pria identidade. \u00c9 claro que ele tem raz\u00e3o. Mas se, em vez de indicadores sociais, <\/span>busc\u00e1ssemos a ess\u00eancia do autor, suas refer\u00eancias poderiam ser mais est\u00e1veis. Quer um exemplo? Quer tenha nascido na \u00cdndia, no Brasil ou no Paquist\u00e3o, quer tenha dado a volta ao mundo ou nunca sa\u00eddo de sua vila, quer fale cinco l\u00ednguas ou apenas uma, Bauman deve ter sido curioso e questionador desde pequenininho. Provavelmente ser\u00e1 um velhinho curioso e questionador tamb\u00e9m, uma vez que esses atributos devem fazer parte da sua ess\u00eancia, pois, de outra forma n\u00e3o conseguiria ter desenvolvido um trabalho t\u00e3o grandioso. Os r\u00f3tulos sociais (g\u00eanero, religi\u00e3o, nacionalidade, partido pol\u00edtico, etc) t\u00eam se liquefeito cada vez mais, por\u00e9m, o que define como eles ser\u00e3o trabalhados em cada indiv\u00edduo s\u00e3o os atributos essenciais de cada um, seu DNA psicol\u00f3gico.<\/span><\/p>\n \n Concordo com absolutamente tudo que Zygmunt Bauman defende, desde que feita a ressalva de que ele est\u00e1 tratando apenas dos atributos acidentais da identidade. Quando trato da gest\u00e3o nesse contexto, uso uma abordagem diferente da dele, referenciada na filosofia cl\u00e1ssica (que ele n\u00e3o rebate, apenas n\u00e3o cita, uma vez que est\u00e1 preocupado com outras quest\u00f5es).<\/span><\/p>\n \n
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