<\/a><\/p>\n

Cresci ouvindo dizer que saudade \u00e9 uma palavra que s\u00f3 existe em portugu\u00eas, voc\u00ea tamb\u00e9m?<\/p>\n

Se a gente tivesse o racioc\u00ednio cr\u00edtico pelo menos medianamente desenvolvido, veria que a probabilidade disso ser uma fal\u00e1cia \u00e9 enorme. Para fazer tal afirma\u00e7\u00e3o, uma pessoa teria que ter pesquisado o termo entre as cerca de 7 mil l\u00ednguas que existem no mundo, segundo a BBC<\/a>. Imagina s\u00f3 a dificuldade; melhor seria ficar quieta, n\u00e9?<\/p>\n

Se saudade s\u00f3 existisse, sei l\u00e1, em birman\u00eas, ucraniano ou algum dialeto da Som\u00e1lia, ainda v\u00e1. Mas bastaria que o autor da lenda ou seus divulgadores tivessem um dicion\u00e1rio de alem\u00e3o em casa (podia ser uma vers\u00e3o escolar ou de bolso mesmo) e a bela e ufana teoria j\u00e1 teria se dissolvido em toda sua fragilidade.<\/p>\n

Saudade \u00e9 uma palavra linda. Amor tamb\u00e9m \u00e9. E amor n\u00e3o \u00e9 menos bonita por ter tradu\u00e7\u00e3o em todas as l\u00ednguas. N\u00e3o entendo o fasc\u00ednio pela exclusividade (inexistente, como j\u00e1 vimos) da palavra saudade como se fosse um m\u00e9rito extraordin\u00e1rio. A l\u00edngua portuguesa continua bela e especial mesmo compartilhando a saudade com outras tantas; n\u00e3o h\u00e1 o que temer e nem motivo para continuar disseminando essa mentira t\u00e3o fraquinha.<\/p>\n

Em alem\u00e3o, saudade \u00e9 perfeitamente traduz\u00edvel por Sehnsucht<\/i>. E tem mais: requintados na l\u00edngua como s\u00e3o, os germ\u00e2nicos v\u00e3o ainda mais al\u00e9m na descri\u00e7\u00e3o do sentimento.<\/p>\n

Sensucht<\/i> \u00e9 a saudade gen\u00e9rica, como em portugu\u00eas. Mas quando a saudade \u00e9 t\u00e3o grande a ponto de provocar dor e sofrimento em quem a sente, surgem novas vers\u00f5es compostas pelo substantivo Weh<\/i> (dor, sofrimento, pena, lamento).<\/p>\n

Assim, existe a Wehmut<\/i><\/b>, que \u00e9 a saudade que se sente pelo que j\u00e1 passou, uma dor interna pelo tempo perdido, uma melancolia; e a Heimweh<\/i><\/b>, que \u00e9 a saudade do lar, da terra natal. Teoricamente, \u00e9 poss\u00edvel se construir palavras que traduzam diferentes tipos de saudade nesse idioma, olha que bacana.<\/p>\n

Mas de todas essas saudades espec\u00edficas, a defini\u00e7\u00e3o mais original e a que adoro (essa sim, acho dif\u00edcil de traduzir em apenas uma palavra em outra l\u00edngua) \u00e9 a Fernweh<\/i><\/b>, que \u00e9 a saudade de viajar, de ir para longe, para terras distantes.<\/p>\n

Nossa, eu sofria de Fernweh<\/i> e n\u00e3o sabia. Como \u00e9 um sentimento cr\u00f4nico e a vida \u00e9 curta demais para se lamentar, l\u00e1 vamos n\u00f3s cair na estrada de novo, mesmo que nem seja para t\u00e3o longe assim.<\/p>\n

Sei que muitos a\u00ed compartilham a mesma condi\u00e7\u00e3o, ent\u00e3o queria desejar que no pr\u00f3ximo ano, todos possamos diminuir nossas Fernweh<\/i> aumentando em muito as milhas percorridas e as experi\u00eancias vividas.<\/p>\n

Boa viagem!<\/p>\n

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Voc\u00ea realmente acredita que a palavra saudade \u00e9 intraduz\u00edvel e s\u00f3 existe em portugu\u00eas? Ent\u00e3o d\u00e1 uma olhada nisso.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":19451,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[50,24,25,37],"tags":[93],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19450"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=19450"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19450\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=19450"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=19450"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=19450"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}