![\"FullSizeRender\"](\"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2015\/01\/FullSizeRender2.jpg\")
<\/a><\/p>\nUm dos meus programas prediletos aos s\u00e1bados \u00e9 garimpar livros nos mercados de pulgas; sempre encontro preciosidades por uma moedinha de \u20ac 1. S\u00e1bado passado n\u00e3o foi diferente: achei “Die Genheimnis der Camera obscura<\/em>“, de David Knowles.<\/p>\n Nunca escondi que sou dessas pessoas que escolhe livro pela capa. E pela encaderna\u00e7\u00e3o, pela diagrama\u00e7\u00e3o, pela tipografia, pelo tipo de papel. O t\u00edtulo, misterioso, tamb\u00e9m me seduziu, de maneira que n\u00e3o tive outro jeito sen\u00e3o levar o bonitinho para casa.<\/p>\n O livro conta a hist\u00f3ria de um ex-bibliotec\u00e1rio que herda de seu pai uma c\u00e2mera escura em escala humana (do tamanho de uma sala) e passa a oper\u00e1-la como atra\u00e7\u00e3o tur\u00edstica em um penhasco no litoral americano.<\/p>\n Para quem nunca ouviu o termo, c\u00e2mera escura, ou obscura, \u00e9 a bisav\u00f3 das c\u00e2meras digitais que a gente usa hoje em dia. Trata-se de uma caixa com um furo pequeno em uma das faces; princ\u00edpios \u00f3ticos fazem com que a imagem em frente a essa face seja projetada do lado de dentro da caixa, s\u00f3 que invertida. D\u00e1 para fazer a caixa de v\u00e1rios tamanhos diferentes, desde um pouco maior que uma caixa de sapatos, como aquelas c\u00e2meras de cortininha de antigamente, quanto\u00a0do tamanho de uma sala.<\/p>\n O narrador\u00a0\u00e9 solit\u00e1rio e meio perturbado; s\u00f3 tem um amigo, um estudante de arte com quem mant\u00e9m um relacionamento superficial e um pouco turbulento. Ele escreve\u00a0um di\u00e1rio onde registra suas pesquisas sobre a inven\u00e7\u00e3o do mecanismo. No momento em que o livro come\u00e7a, uma mo\u00e7a italiana que frequentava diariamente o local havia um m\u00eas (por quem ele mantinha\u00a0um amor plat\u00f4nico) \u00e9 brutalmente assassinada (inclusive com a cabe\u00e7a desaparecida) ao lado do ponto tur\u00edstico.<\/p>\n O livro \u00e9 uma reprodu\u00e7\u00e3o do di\u00e1rio do mo\u00e7o e mistura a pesquisa com suas fantasias e sentimentos. Ele conta sobre os dois cientistas chineses que descobriram o princ\u00edpio \u00f3tico que iria revolucionar o mundo\u00a0e, por causa de uma briga passional, acabam sendo roubados por um padre italiano. O religioso\u00a0traduz as anota\u00e7\u00f5es e presenteia o papa, mas esse\u00a0n\u00e3o d\u00e1 a menor bola. O\u00a0tal caderninho vai parar numa sala onde Leonardo Da Vinci tem acesso, que tamb\u00e9m faz uso do recurso para suas pinturas e faz anota\u00e7\u00f5es a respeito. Os escritos\u00a0passam de m\u00e3o em m\u00e3o, at\u00e9 que um comerciante holand\u00eas convence o grande pintor Vermeer a construir uma c\u00e2mera escura usando um c\u00f4modo de\u00a0sua pr\u00f3pria casa. Crimes passionais acontecem aos montes e sempre tem um novo caderninho de anota\u00e7\u00f5es para dar segmento \u00e0\u00a0narrativa.<\/p>\n Uma mistura de\u00a0fatos hist\u00f3ricos e fantasia com pitadas de mist\u00e9rio e crimes passionais d\u00e1\u00a0um bom entretenimento.<\/p>\n