<\/a><\/p>\n

Desde \u201cAs leis da simplicidade<\/a>\u201d virei f\u00e3 do John Maeda. E, pelo jeito, n\u00e3o fui s\u00f3 eu; depois de publicar o livro e fazer uma palestra no TED, ele foi convidado para ser o diretor da maior e mais tradicional escola de design dos EUA, a Rhode Island School of Design<\/em>.<\/p>\n

Apesar de ser um sujeito de m\u00faltiplos talentos, esse engenheiro japon\u00eas que depois virou designer respeitado e artista pl\u00e1stico premiado no mundo todo, era um pacato professor do MIT (Massachussets Institute of Technology<\/em>) e nunca tinha assumido um cargo de tanta responsabilidade, ainda mais porque o convite foi feito quando a escola enfrentava o auge de sua pior crise financeira.<\/p>\n

Mas Maeda j\u00e1 tinha passado por muita coisa para saber que o que ele mais gosta de fazer na vida \u00e9 aprender. Ent\u00e3o, saiu de sua zona de conforto para descobrir, on the fly<\/em>, o que \u00e9 ser um bom l\u00edder. Diz ele que est\u00e1 aprendendo at\u00e9 hoje (para a sorte de todos) e, generoso como os l\u00edderes devem ser, compartilha as coisas que vem testando, praticando e avaliando no livro \u201cRedesigning Leadership<\/em>\u201d, escrito com a colega Becky Bermont.<\/p>\n

A primeira coisa a se observar \u00e9 que o mo\u00e7o n\u00e3o perde a coer\u00eancia: adepto da simplicidade, o livro s\u00f3 tem 80 p\u00e1ginas e \u00e9 dividido em quatro cap\u00edtulos: o criativo como l\u00edder, o tecnologista como l\u00edder, o professor como l\u00edder e o humano como l\u00edder. A maior parte da organiza\u00e7\u00e3o do conte\u00fado foi estruturada nos 1.200 posts que John publicou no Twitter nos primeiros anos da experi\u00eancia, veja s\u00f3.<\/p>\n

Na introdu\u00e7\u00e3o ele j\u00e1 compartilha um certo desconforto, pois\u00a0al\u00e9m de at\u00e9 ent\u00e3o ter trabalhado prioritariamente sozinho, reconhece que l\u00edderes n\u00e3o s\u00e3o muito respeitados no meio criativo porque evocam uma ideia de autoridade. Ent\u00e3o se viu repentinamente no lugar da pessoa que, tradicionalmente, designers e artistas costumam criticar. Mas ele aprendeu com seus pais e alguns mestres japoneses que o trabalho fica mais bem-feito quanto mais a gente se empenha apaixonadamente em faz\u00ea-lo. Eis que Maeda mergulhou de cabe\u00e7a no aprendizado.<\/p>\n

Ele come\u00e7ou tentando entender na pr\u00e1tica como a institui\u00e7\u00e3o funcionava. Para isso, imiscuiu-se nas entranhas da universidade: serviu lanches na cafeteria, ajudou a carregar a bagagem dos novos estudantes que chegavam ao campus, levou comida encomendada pelo pessoal da seguran\u00e7a, almo\u00e7ou na cantina ouvindo as conversas. Ele foi entender a engrenagem do neg\u00f3cio por dentro e estava se achando muito inovador (designers e artistas s\u00e3o assim mesmo, n\u00e3o temem colocar a m\u00e3o na massa) quando descobriu que muitos anos antes um outro diretor j\u00e1 tinha feito o mesmo (e era um ex-administrador de hospital).<\/p>\n

Nessa fase, come\u00e7ou a questionar o delicado equil\u00edbrio entre ser um l\u00edder participativo e microgerenciar, que \u00e9 um desrespeito \u00e0s fun\u00e7\u00f5es de outras pessoas. Entendeu tamb\u00e9m a import\u00e2ncia de n\u00e3o apenas reunir as informa\u00e7\u00f5es mais relevantes para compartilhar com sua equipe mas explicar porque \u00e9 t\u00e3o vital que todo mundo as conhe\u00e7a. Mais do que apresentar dados, \u00e9 importante que as pessoas entendam porque eles est\u00e3o l\u00e1 e o que de fato significam. Nesse momento, percebeu tamb\u00e9m o fundamental papel do feedback e da ci\u00eancia que \u00e9 saber ouvir.<\/p>\n

Como tecnologista, Maeda compreendeu que mais importante que ser transparente, \u00e9 ser claro e assertivo. De quebra, compartilha uma dica preciosa que ganhou de um antigo mestre: sempre que explanar um conceito, continue a explica\u00e7\u00e3o com a frase \u201cpor exemplo\u2026\u201d. Ele tamb\u00e9m descobriu que numa reuni\u00e3o sempre tem as pessoas que v\u00e3o de boa vontade, as que v\u00e3o porque s\u00e3o obrigadas (e ficam o tempo todo futucando seus smartphones) e aquelas que s\u00f3 est\u00e3o atr\u00e1s da comida (e que bom humor \u00e9 fundamental sempre!).<\/p>\n

Como professor, ele entendeu que precisava formar um time e que a vis\u00e3o precisaria ser clara e atrativa o suficiente para as pessoas realmente quisessem, de cora\u00e7\u00e3o, fazer parte. E que ele n\u00e3o seria um bom l\u00edder se tamb\u00e9m n\u00e3o aprendesse a ser um bom seguidor.<\/p>\n

Finalmente, como humano, compreendeu que liderar implica tomar decis\u00f5es que podem ferir (ele foi obrigado a demitir pessoas) e intuiu que havia informa\u00e7\u00f5es que ele podia compartilhar com o grupo abertamente e outras que n\u00e3o. E que a melhor maneira de decidir sobre isso era ouvir, ouvir, ouvir, ouvir sempre.<\/p>\n

Por \u00faltimo, John aprendeu que o l\u00edder conquista o respeito das pessoas por seu pr\u00f3prio m\u00e9rito; ele n\u00e3o vem automaticamente por causa da posi\u00e7\u00e3o hier\u00e1rquica na empresa.<\/p>\n

Se Maeda est\u00e1 sendo um bom l\u00edder para a organiza\u00e7\u00e3o que agora preside eu n\u00e3o sei; mas, n\u00f3s, comuns mortais, agradecemos imensamente pela oportunidade de aprender com essa jornada.<\/p>\n

***<\/p>\n

Dei uma pesquisada e vi que o t\u00edtulo n\u00e3o foi lan\u00e7ado em portugu\u00eas, mas a vers\u00e3o original, em ingl\u00eas, est\u00e1 dispon\u00edvel na Livraria Cultura<\/a>.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

O que acontece quando um pacato professor universit\u00e1rio \u00e9 al\u00e7ado \u00e0 presid\u00eancia da maior e mais tradicional escola de design dos Estados Unidos? John Maeda, com sua maestria e simplicidade, conta pra gente.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":20960,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,46,23,35,60,79,49],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/20959"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=20959"}],"version-history":[{"count":2,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/20959\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":26750,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/20959\/revisions\/26750"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=20959"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=20959"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=20959"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}