<\/p>\n
Dia desses um leitor aqui do blog publicou um coment\u00e1rio perguntando se eu era uma yeppie<\/em>. O coment\u00e1rio n\u00e3o era espec\u00edfico para nenhum dos posts, o Jo\u00e3o Guilherme fez a pergunta baseado numa an\u00e1lise geral do conte\u00fado. Respondi que nunca tinha ouvido falar do termo e o mo\u00e7o gentilmente me mandou alguns artigos; entre eles uma excelente entrevista com o Luli Radfahrer<\/a>, PhD em Comunica\u00e7\u00e3o Digital, publicada na revista dos Shopping Centers em 2006 (nossa, como estou por fora!). Luli explica, muito didaticamente (ele \u00e9 professor) que Yeppie<\/em> \u00e9 a sigla de Young Experimental Perfection Seekers<\/em>, jovens em busca da experi\u00eancia perfeita. Os yeppies<\/em> est\u00e3o entrando no mercado de trabalho agora e s\u00e3o filhos da gera\u00e7\u00e3o yuppie<\/em> (aquela turma dos anos 80 obcecada pelo trabalho cujo objetivo na vida era ter seis d\u00edgitos de saldo banc\u00e1rio antes dos 30 anos). Os yeppies<\/em> n\u00e3o conseguem ver gra\u00e7a na busca insana por dinheiro. Eles n\u00e3o s\u00e3o fi\u00e9is a marcas, n\u00e3o hesitam em mudar de emprego se a outra proposta for mais interessante, desafiadora (ou divertida); gostam de viajar e correr riscos; apreciam a diversidade de experi\u00eancias. Foram eles que inventaram o significado contempor\u00e2neo para o verbo \u201cficar\u201d. Os yeppies<\/em> s\u00e3o a pr\u00f3pria personifica\u00e7\u00e3o da p\u00f3s-modernidade, onde j\u00e1 n\u00e3o cabem mais r\u00f3tulos, refer\u00eancias fixas, modelos, dogmas ou receitinhas de certo e errado. A palavra-chave \u00e9 fluidez.<\/p>\n Yeppies<\/em> s\u00f3 tomam uma decis\u00e3o depois de experimentar bastante; eles precisam degustar todas as op\u00e7\u00f5es antes de decidir. S\u00e3o ansiosos, ambiciosos, hedonistas, inconformados, querem satisfa\u00e7\u00e3o imediata. Eles literalmente consomem a vida (life-shopping<\/em>). Gostei dessa express\u00e3o; quem consome a vida n\u00e3o se economiza, vive intensamente, n\u00e3o guarda para depois.<\/p>\n Yeppies<\/em> s\u00e3o freq\u00fcentadores contumazes da blogosfera, do twitter e da redes sociais; falam l\u00ednguas, s\u00e3o viajados. Para os yeppies<\/em>, experi\u00eancia \u00e9 sempre mais importante que dinheiro. Luli explica que \u00e9 mais comum encontrar pessoas com esse perfil nos grandes centros urbanos, mas h\u00e1 yeppies<\/em> de v\u00e1rios graus em todo lugar (o rapaz que sustenta a fam\u00edlia e mesmo assim vive trocando de emprego n\u00e3o deixa de ter um tra\u00e7o yeppie<\/em>, por exemplo). Radfaher destaca, por\u00e9m, que h\u00e1 que se considerar que yeppie<\/em> \u00e9 apenas um r\u00f3tulo, com todas as limita\u00e7\u00f5es que um r\u00f3tulo tem.<\/p>\n Do ponto de vista do marketing, n\u00e3o h\u00e1 muita dificuldade em fisgar um consumidor assim, mas torn\u00e1-lo fiel exige muito mais esfor\u00e7o. As marcas mais inovadoras, como a Apple, Swatch, e Nokia, tendem a conseguir um apelo maior com esse povo justamente por causa da eterna busca pelo novo, pelas constantes mudan\u00e7as.<\/p>\n Pois \u00e9, apesar de j\u00e1 ter 42 anos (eu deveria estar mais para yuppie<\/em> do que para yeppie<\/em>), confesso que me identifico bastante com esse comportamento. Mudei de profiss\u00e3o e de carreira mais de uma vez, escolhi morar numa cidade que me d\u00e1 mais prazer que dinheiro, adoro viajar e conhecer coisas, estou sempre online, tamb\u00e9m n\u00e3o sou fiel a marcas. Por sorte, descobri um outro yeppie<\/em> precoce com quem tenho a sorte de consumir e compartilhar a vida, as d\u00favidas, os riscos, a divers\u00e3o, as descobertas e as ang\u00fastias do mil\u00eanio. Ser\u00edamos n\u00f3s dois \u201ccoroas\u201d de vanguarda?<\/p>\n
\n<\/p>\n