<\/a><\/p>\n

Toda vez que vejo um livro na lista dos mais vendidos, logo penso: \u00f4ba, um bestseller! Deve ter muita a\u00e7\u00e3o e ser f\u00e1cil de ler. A\u00ed, quando dei uma olhada no resumo do “Der Circle<\/strong>“, de Dave Eggers, a decis\u00e3o de l\u00ea-lo estava tomada: \u00e9 a hist\u00f3ria de uma empresa, chamada Circle<\/em> que compra as outras gigantes da internet e se apodera de todas as informa\u00e7\u00f5es pessoais dos usu\u00e1rios. Como resistir?<\/p>\n

Bom, em princ\u00edpio pensei que fosse algo do tipo “A rede<\/a>“, estrelado pela Sandra Bullock. Ledo engano.<\/p>\n

O problema j\u00e1 come\u00e7a com a protagonista, que s\u00f3 conseguiu um emprego na tal empresa porque era colega de quarto da mo\u00e7a que se tornou uma das principais executivas do grupo.\u00a0N\u00e3o h\u00e1 como se identificar: ela \u00e9 boba, chata, sem gra\u00e7a e desinteressante, al\u00e9m de ser ac\u00e9fala e presa f\u00e1cil para servir de inocente \u00fatil para a empresa. Chega a ser irritante o tanto que a mo\u00e7a simplesmente n\u00e3o pensa (saudades das hero\u00ednas do Sidney Sheldon).<\/p>\n

A empresa mais parece uma universidade (mais ou menos como seria hoje uma pessoa trabalhar na Google). De fato, o parque fabril \u00e9 chamado de campus e tem todas as facilidades para os 12 mil funcion\u00e1rios:\u00a0moradia, restaurantes, lojas, academias, shows e \u00a0festas di\u00e1rias, cl\u00ednica de sa\u00fade.\u00a0Tudo gr\u00e1tis.<\/p>\n

Eles mant\u00eam e obrigam os funcion\u00e1rios a participar ativamente das redes sociais internas e externas, a ponto de terem um ranking de popularidade\u00a0que conta muito na avalia\u00e7\u00e3o de desempenho. S\u00e3o encorajados a interagir o tempo todo a tal ponto que a mo\u00e7a topa usar um colar com uma c\u00e2mera expondo absolutamente toda a sua vida (e a dos amigos e parentes que interagem com ela) \u00e0 aprecia\u00e7\u00e3o p\u00fablica.<\/p>\n

A obsess\u00e3o pelo que eles chamam de transpar\u00eancia ultrapassa todos os limites l\u00f3gicos. Os lemas da empresa s\u00e3o: “segredos s\u00e3o mentiras<\/em>“, “compartilhamento \u00e9 cura<\/em>” e “privacidade \u00e9 roubo<\/em>“. E ningu\u00e9m acha estranho, exceto os pais da mo\u00e7a e o ex-namorado. A idiota acha que eles s\u00e3o caipiras por n\u00e3o quererem c\u00e2meras em todos os c\u00f4modos da casa para que o pessoal possa acompanhar o dia-a-dia deles (uma coisa t\u00e3o legal, n\u00e9, gente?).<\/p>\n

O que mais me irritou no livro foi o discursinho barato usado por um dos fundadores para convenc\u00ea-la que abrir m\u00e3o da privacidade era uma coisa \u00f3tima: iria diminuir os crimes e a corrup\u00e7\u00e3o no mundo, as pessoas iriam pensar mais antes de fazer as coisas erradas ao saber que tem gente assistindo tudo o que elas fazem. Uma crian\u00e7a de quinta s\u00e9rie \u00e9 capaz de rebater o racioc\u00ednio com mais compet\u00eancia que ela; era s\u00f3 perguntar por que\u00a0ele pr\u00f3prio n\u00e3o usava\u00a0o colar. S\u00e9rio.<\/p>\n

A empresa mais parece uma seita, pois nunca vi um grupo de colaboradores\u00a0t\u00e3o desprovidos de senso cr\u00edtico. At\u00e9 poderia ser bacana, se eles n\u00e3o achassem que o que \u00e9 bom para eles \u00e9 tamb\u00e9m o melhor para o mundo e deve ser obrigat\u00f3rio\u00a0para o bem comum (a palavra totalitarismo parece ser um termo desconhecido para esses nerds<\/em> desmemoriados).<\/p>\n

Olha, s\u00f3 cheguei no final das 558 p\u00e1ginas porque era realmente muito f\u00e1cil de ler e meu alem\u00e3o est\u00e1 realmente precisado de exerc\u00edcios desse tipo. Mas se a pessoa vai ler em portugu\u00eas, acho perda de tempo.<\/p>\n

Meu resumo do livro: uma obra de fic\u00e7\u00e3o que se passa num mundo onde nunca ningu\u00e9m leu ou sequer ouviu falar em\u00a0“1984<\/strong>” de George Orwell.<\/p>\n

Mas pelo menos o autor podia ter dado uma olhadinha, n\u00e9?<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Aqui uma contra-indica\u00e7\u00e3o de leitura boa para se perder.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":21167,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[23,75,49],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/21166"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=21166"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/21166\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=21166"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=21166"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=21166"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}