<\/a><\/p>\n

J\u00e1 falei v\u00e1rias vezes, mas n\u00e3o custa repetir: n\u00e3o sou designer. Sou engenheira eletricista por forma\u00e7\u00e3o e meu contato com o design aconteceu somente ap\u00f3s uma p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o seguida de um doutorado na \u00e1rea. Por isso, n\u00e3o ofere\u00e7o servi\u00e7os em projetos: nem web, nem produto e nem gr\u00e1fico. Minha expertise<\/i> \u00e9 gest\u00e3o e sempre busquei trabalhar junto com os designers para materializar os conceitos.<\/p>\n

Dito isso, preciso dizer que, mesmo assim, baseada em tudo o que j\u00e1 estudei a respeito (e n\u00e3o foi pouco), j\u00e1 me arrisquei a projetar alguns sistemas de identidade visual; foram somente tr\u00eas, para amigos, e depois de muita insist\u00eancia. Verdade que que eles ficaram bem felizes com o resultado, e eu n\u00e3o me envergonho de t\u00ea-los feito, mas isso n\u00e3o faz de mim uma profissional no assunto.<\/p>\n

A\u00ed apareceu a C\u00e1ssia Souza.<\/p>\n

Essa mo\u00e7a \u00e9 dessas pessoas que encanta logo de cara; sua principal e mais arrebatadora caracter\u00edstica, al\u00e9m da simpatia, \u00e9 a capacidade empreendedora. E ela \u00e9 muito, mas muito interessada em aprender. Para se ter uma ideia, a forma\u00e7\u00e3o dela \u00e9 em est\u00e9tica, mas a conheci numa palestra minha sobre identidade corporativa.<\/p>\n

H\u00e1 algum tempo a C\u00e1ssia me contou que o pr\u00e9dio onde estava localizada a est\u00e9tica, no sexto andar, tinha uma sala comercial vaga no t\u00e9rreo. Ela pensava em abrir uma loja associada \u00e0 est\u00e9tica, mas n\u00e3o tinha s\u00f3cia. A ideia n\u00e3o lhe sa\u00eda da cabe\u00e7a, at\u00e9 que, quando\u00a0todo mundo est\u00e1 fechando neg\u00f3cios, essa maluca resolve abrir e apostar tudo na abertura de um. Como resistir a malucas?<\/p>\n

O fato \u00e9 que ela decidiu abrir mesmo sem s\u00f3cia e precisava de uma marca para a empresa. A C\u00e1ssia, de tanto estudar e assistir palestras, sabe exatamente o valor do design, tanto que j\u00e1 tinha contratado alguns (sempre com diploma). Pena que as experi\u00eancias foram bem desagrad\u00e1veis; eu tinha vontade de chorar quando ela me mostrava os trabalhos. Cada coisa mais tosca que a outra; alguns \u201cprofissionais” t\u00eam coragem de cobrar para copiar e colar cliparts do Google e chamar aquilo de marca. Ou ent\u00e3o fazer desenhos baseados em tend\u00eancias ou gostos pessoais\u00a0e\u00a0perguntar para os amigos se ficou bacana. Preocupada com a trag\u00e9dia que estava se desenhando, recomendei tr\u00eas\u00a0profissionais nos quais confio muito e que fariam um excelente trabalho, mas nesse momento ela n\u00e3o tinha condi\u00e7\u00f5es de remunerar a compet\u00eancia deles \u00e0 altura, pois estava fazendo uma reforma grande e comprando estoques.<\/p>\n

Com medo que a mo\u00e7a contratasse mais um daqueles designers\u00a0que usam os concorrentes como exemplo e para quem o ramo de est\u00e9tica se resume a borboletas ou mulherzinhas estilizadas (os mais ousados arriscam uma flor de l\u00f3tus), acabei decidindo assumir a tarefa. Qualquer coisa que eu fizesse iria ficar melhor que esses trabalhos sem conceito, p\u00e9 e nem cabe\u00e7a; era a \u00fanica certeza que eu tinha.<\/p>\n

Bem, o primeiro passo, como todo designer sabe (ou deveria saber), \u00e9 definir o conceito e entender a identidade da empresa, seu DNA, aquilo que a\u00a0define e a\u00a0diferencia de todas as outras.<\/p>\n

Para isso, apliquei uma vers\u00e3o simplificada do workshop de identidade corporativa que desenvolvi para empresas (est\u00e1 tudo descrito em detalhes no meu livro \u201cDNA Empresarial: identidade corporativa como refer\u00eancia estrat\u00e9gica<\/a>). Ela fez algumas din\u00e2micas sozinha e eu sabia que haveria distor\u00e7\u00f5es, mas era isso ou nada (eu moro em Berlim e ela em Belo Horizonte). Tentei fazer uma an\u00e1lise bem objetiva da ess\u00eancia da marca e consegui traduzir seu DNA em algumas palavras: delicadeza, cuidado, personaliza\u00e7\u00e3o, equil\u00edbrio, leveza, eleg\u00e2ncia, acolhimento, est\u00e9tica, for\u00e7a, carisma, liberdade e fortalecimento da auto-estima.<\/p>\n

O pr\u00f3ximo passo foi discutirmos um nome que fosse coerente com esse conjunto de atributos. Viver Bem, o blog que ela mantinha antes, era gen\u00e9rico e vago demais e n\u00e3o tinha nada do especial que traduzia o servi\u00e7o personalizado do empreendimento; podia ser marca de biscoito ou qualquer outra coisa, al\u00e9m de j\u00e1 estar registrado. Ficamos quase um m\u00eas trocando ideias freneticamente at\u00e9 que chegou-se ao Bendita Pele<\/a> (uma est\u00e9tica que tamb\u00e9m vende produtos de perfumaria para o corpo e para banho).<\/p>\n

Para a materializa\u00e7\u00e3o desse conceito, ficou definido que as formas deveriam ser org\u00e2nicas, amig\u00e1veis, delicadas, arredondadas, equilibradas e elegantes. As cores deveriam ser suaves, acolhedoras e calmantes. Decidimos tamb\u00e9m por utilizar fontes tipogr\u00e1ficas manuscritas para destacar o trabalho personalizado da est\u00e9tica, do cuidado um a um. Outra refer\u00eancia era\u00a0usar uma est\u00e9tica mais retr\u00f4, referindo a marca ao tempo em que as pessoas tinham mais tempo para si e a vida era menos corrida.<\/p>\n

At\u00e9 a\u00ed eu estava no meu elemento, na\u00a0minha especialidade, na \u00e1rea em que passei anos estudando. Na \u00e9poca em que fazia consultoria,\u00a0sempre contava com um designer na equipe para materializar essas ideias na pr\u00e1tica;\u00a0mas dessa vez n\u00e3o teve jeito, tive que assumir a fun\u00e7\u00e3o. A pr\u00f3xima etapa, mais sofrida e demorada para mim, foi gerar as alternativas.<\/p>\n

Saiba o final feliz da constru\u00e7\u00e3o dessa marca na pr\u00f3xima semana. S\u00f3 posso dizer que os caminhos acabaram sendo bem diferentes do que hav\u00edamos imaginado no in\u00edcio.<\/p>\n

*****<\/p>\n

Clique aqui<\/a><\/strong> para ver a parte 2<\/strong><\/a> dessa hist\u00f3ria.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Um caso de constru\u00e7\u00e3o de marca que ficou muito diferente do esperado. Mas o final \u00e9 feliz!<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":21229,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,46,25,26,35,60,53,28],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/21567"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=21567"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/21567\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":24464,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/21567\/revisions\/24464"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=21567"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=21567"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=21567"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}