<\/a><\/p>\n

Achei esse livro num mercado de pulgas e acabei comprando porque o confundi com outro, com nome\u00a0parecido, mas de outro autor. Fiquei um pouco desconfiada porque o t\u00edtulo parecia de auto-ajuda: “Hector Reise oder die Suche nach dem Gl\u00fcck<\/em>” (tradu\u00e7\u00e3o livre: “A viagem de Hector ou a busca pela felicidade”).<\/p>\n

O triste \u00e9 que minha intui\u00e7\u00e3o estava certa; auto-ajuda fraqu\u00edssima, daquelas \u00f3bvias de doer mesmo (esse \u00e9 um dos poucos estilos liter\u00e1rios que realmente n\u00e3o gosto, mas \u00e0s vezes tem alguma coisa aproveit\u00e1vel). Ainda assim, respirei fundo e fui at\u00e9 o final, pois o autor, Fran\u00e7ois Lelord, estudou medicina, psicologia e atua como psiquiatra, tendo dezenas de livros publicados. Haveria de ter algo interessante na hist\u00f3ria.<\/p>\n

Pois bem. Hector \u00e9 um psiquiatra estabelecido em Paris. Tem muitos pacientes e uma namorada. Ele est\u00e1 insatisfeito porque n\u00e3o consegue que alguns de seus pacientes sejam felizes. A\u00ed ele enfia na cabe\u00e7a que a melhor coisa, nesse caso, \u00e9 fazer uma viagem pelo mundo para descobrir o que faz as pessoas felizes (bibliografia e estudos j\u00e1 realizados, para qu\u00ea, n\u00e9? Poderia ter pelo menos se preparado para a pesquisa).<\/p>\n

Uma das coisas irritantes \u00e9 que a hist\u00f3ria\u00a0\u00e9 contada como se o narrador tivesse\u00a08\u00a0anos de idade, no m\u00e1ximo; talvez o p\u00fablico de interesse seja infanto-juvenil, mas fica muito estranho um psicanalista falar como se tivesse limita\u00e7\u00f5es de entendimento e n\u00e3o conseguisse se aprofundar nas an\u00e1lises mais b\u00e1sicas.<\/p>\n

Primeiro ele vai at\u00e9 a China\u00a0e encontra um velho amigo que est\u00e1 morando l\u00e1, trabalha muito, tem muito dinheiro e n\u00e3o \u00e9 feliz (ah, esses estere\u00f3tipos \u00f3bvios…). Ent\u00e3o Hector anota num caderninho coisas que ele conclui que sejam importantes para a felicidade, do tipo: “li\u00e7\u00e3o 1: comparar-se com os outros \u00e9 um bom meio para perder a felicidade; li\u00e7\u00e3o 2: Felicidade vem frequentemente com surpresas” e por a\u00ed vai. Essa li\u00e7\u00e3o 2 ele concluiu ap\u00f3s ganhar um upgrade no lugar no avi\u00e3o, veja que profundo.<\/p>\n

Bom, continuando os estere\u00f3tipos, \u00e9 claro que ele vai at\u00e9 um mosteiro que fica no alto de uma montanha e encontra um monge que lhe d\u00e1 li\u00e7\u00f5es de vida (mais ou menos um apanhado dessas que a gente encontra no Facebook).<\/p>\n

Depois vai para um pa\u00eds africano (n\u00e3o cita o nome), \u00e9 sequestrado, corre o risco de morrer, mas consegue se safar porque invoca um mafioso com quem fez amizade\u00a0no hotel (e receitou um antidepressivo para a mulher do sujeito, que ele nem conhecia).<\/p>\n

Segue para um pa\u00eds que parece ser os EUA (mas n\u00e3o cita o nome) e visita um grande professor que \u00e9 reconhecidamente uma autoridade no assunto felicidade, pois pesquisa h\u00e1 anos o assunto. \u00d4ba, parece que agora a conversa vai ficar s\u00e9ria. Ledo engano; ele e o professor parecem duas comadres conversando sobre novela.<\/p>\n

No caminho, Hector se envolve com v\u00e1rias\u00a0mulheres\u00a0e\u00a0trai descaradamente a namorada, mas n\u00e3o fica preocupado porque conclui que, no final, a culpa \u00e9 dela, que n\u00e3o quis acompanh\u00e1-lo na viagem\u00a0(ela estava\u00a0muito focada no trabalho). Olha, nessa parte fiquei realmente muito irritada.<\/p>\n

Provavelmente n\u00e3o sou o p\u00fablico de interesse desse livro, mas n\u00e3o consigo me imaginar gostando dele mesmo se tivesse\u00a012 anos de idade.<\/p>\n

Se voc\u00ea gostar do g\u00eanero e tiver paci\u00eancia, vai fundo, mas por sua pr\u00f3pria conta e risco. De minha parte, n\u00e3o recomendo n\u00e3o.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Aqui a resenha de um livro que n\u00e3o recomendo. Achei importante, pois vai que voc\u00ea se depare com ele numa livraria e goste da capa (como eu), n\u00e9?<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":22732,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[23,75,49],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/22731"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=22731"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/22731\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=22731"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=22731"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=22731"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}