Moomin<\/em><\/a>\u00a0durante e depois da Segunda Guerra, quando tudo era dor, sofrimento e destrui\u00e7\u00e3o. Seu texto \u00e9 um al\u00edvio no meio de tudo isso; fresco, curioso, bem-humorado e engra\u00e7ado. N\u00e3o \u00e9 \u00e0 toa que os personagens s\u00e3o idolatrados em sua terra natal e outras partes do mundo.<\/p>\nOs Moomin\u00a0s\u00e3o t\u00e3o\u00a0queridos que h\u00e1 parques tem\u00e1ticos no mundo todo, produtos licenciados, filmes de anima\u00e7\u00e3o, hist\u00f3rias em quadrinhos e tudo o que se possa imaginar. Eles s\u00e3o tipo um Harry Potter finland\u00eas!<\/p>\n
Esse volume (s\u00e3o oito, no total) mostra o Papai Moomin contando a hist\u00f3ria de sua vida para seus filhos at\u00e9 o momento que conhece a m\u00e3e deles. \u00c9 muito fofo, pois ele \u00e9 t\u00e3o inocente e se acha t\u00e3o genial que \u00e9 imposs\u00edvel n\u00e3o amar. Recebeu fortes recomenda\u00e7\u00f5es da Mam\u00e3e Moomin: as partes n\u00e3o instrutivas eram para ser deixadas de fora do livro que ele est\u00e1 escrevendo e lendo, cap\u00edtulo por cap\u00edtulo, todos os dias para os filhos e amiguinhos.<\/p>\n
Os Moomins, pelos desenhos da capa e algumas ilustra\u00e7\u00f5es no interior do livro, t\u00eam a forma de um hipop\u00f3tamo. E foi assim que comecei a ler, imaginando um hipop\u00f3tamo contando sobre o dia que, ainda filhote, foi deixado sobre folhas de jornal num orfanato controlado por criaturas chamadas Hemulen. Elas s\u00e3o como generais disciplinad\u00edssimas nesse reino, e, ao encontrar o Moomin, decretaram: se tivesse chegado\u00a0meia hora mais tarde, seria m\u00fasico; se tivesse aparecido\u00a0um dia antes, seria um jogador compulsivo. Mas a combina\u00e7\u00e3o de estrelas no momento era muito especial, de maneira que ele seria super talentoso.<\/p>\n
Sabendo que era t\u00e3o not\u00e1vel, Moomin n\u00e3o conseguiu suportar a vidinha chata do orfanato e fugiu para viver aventuras (olha\u00ed um exemplo cl\u00e1ssico de\u00a0profecia auto-realiz\u00e1vel). \u00c9 engra\u00e7ado porque, no come\u00e7o, ele se apresentava assim para todos os seres que encontrava: “Sou Moomin, e nasci sob uma configura\u00e7\u00e3o especial de estrelas<\/em>“. Ningu\u00e9m dava muita bola, mas nada abalava sua autoestima (isso \u00e9 uma coisa muito bacana). Eis que encontra outros personagens, constr\u00f3i uma casa, viaja num barco, enfrenta gigantes e monstros, conhece o rei, salva vidas, at\u00e9 que encontra seu grande amor, uma charmosa Moomin f\u00eamea.<\/p>\nH\u00e1 cenas espetaculares de t\u00e3o criativas que trazem solu\u00e7\u00f5es surpreendentes para brincadeiras de inf\u00e2ncia, como quando ele e seus amigos est\u00e3o a bordo de um barco atravessando o oceano e um deles olha para o c\u00e9u e diz: “aquelas nuvens ali n\u00e3o parecem tr\u00eas ovelhas fugindo de um lobo, que est\u00e1 correndo logo atr\u00e1s?<\/em>“. Todos concordam e um dos amigos decide salv\u00e1-las: ele pega uma corda e la\u00e7a cada uma das nuvens. As ovelhas-nuvem, agradecidas, fazem parte da viagem como tripula\u00e7\u00e3o do barco. Quem pensaria numa coisa dessas?<\/p>\nOlha s\u00f3 quanta coisa deu para aprender:<\/p>\n
\n- Ler livros infantis significa jogar fora todos os pr\u00e9-conceitos. Quando vi o desenho de um hipop\u00f3tamo na capa, imediatamente imaginei um animal assim, enorme e pesado, vivendo as aventuras. S\u00f3 depois de ler quase um ter\u00e7o do livro, l\u00e1 pela p\u00e1gina 30, \u00e9 que me dei conta de que eles estavam usando uma lata vazia como ve\u00edculo. Ent\u00e3o s\u00f3 podiam ser miniaturas num jardim.<\/li>\n
- No come\u00e7o procurava no dicion\u00e1rio nomes dos animais que n\u00e3o conhecia. S\u00f3 depois saquei\u00a0que eram criaturas inventadas…d\u00e3\u00e3…<\/li>\n
- Aprendi que n\u00e3o tem problema ser vaidoso quando tamb\u00e9m se \u00e9 generoso com os outros. As coisas se equilibram.<\/li>\n
- Aprendi que \u00e9 poss\u00edvel ter ironia fina tamb\u00e9m em livros infantis. Curios\u00edssima para saber se a parte do livro que foi vetada para as crian\u00e7as, em que o Moomin vai viver\u00a0com as Hattifattener, criaturas que nunca descansam\u00a0e\u00a0est\u00e3o sempre viajando sem parar, foi contada em algum outro volume.<\/li>\n
- Crian\u00e7as finlandesas podem tomar rum quente na boa, desde que seja inverno (passei minha inf\u00e2ncia tomando vinho tinto no Brasil mesmo…rs) e n\u00e3o tem problema os adultos\u00a0da hist\u00f3ria fumarem.<\/li>\n
- Livros infantis, principalmente com animais e cen\u00e1rios inventados, podem ser um excelente exerc\u00edcio de imagina\u00e7\u00e3o e criatividade. A\u00ed que a gente se d\u00e1 conta como est\u00e1 enferrujado em ter ideias realmente originais.<\/li>\n
- Aprendi que preciso urgentemente puxar\u00a0Helsinki mais para cima na minha infind\u00e1vel lista de lugares para visitar com urg\u00eancia.<\/li>\n<\/ol>\n
N\u00e3o tenho como agradecer por mais isso, Ana!<\/p>\n
****<\/p>\n
NOTA: Descobri que lan\u00e7aram algumas\u00a0hist\u00f3rias em portugu\u00eas recentemente. Vale dar uma procurada.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
As sete coisas que aprendi lendo um cl\u00e1ssico infantil finland\u00eas que faz sucesso no mundo todo e eu nem sonhava que existia!<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":23900,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[22,47,24,25,75,49],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2017\/01\/Moomin-hug-Moomijis.png","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/23897"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=23897"}],"version-history":[{"count":5,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/23897\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":23906,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/23897\/revisions\/23906"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/23900"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=23897"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=23897"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=23897"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}