\u00a0Um desequil\u00edbrio qu\u00edmico pode levar uma pessoa aparentemente feliz ao suic\u00eddio. Uma falha el\u00e9trica nas conex\u00f5es e perdemos nossa mem\u00f3ria, que \u00e9 quem faz ser quem somos.<\/span><\/p>\nImpressionante como nossa identidade \u00e9 fr\u00e1gil, n\u00e3o?<\/p>\n
O que \u00e9 realidade?<\/h3>\n
Essa parte tamb\u00e9m \u00e9 muito interessante. N\u00f3s percebemos o mundo atrav\u00e9s dos nossos sentidos, que levam informa\u00e7\u00f5es para dentro do nosso c\u00e9rebro. Mas a nossa vis\u00e3o do mundo \u00e9 uma coisa totalmente criada dentro de nossa caixa craniana baseada em experi\u00eancias anteriores. \u00c9 que o c\u00e9rebro n\u00e3o tem acesso direto ao mundo exterior; ele s\u00f3 consegue as informa\u00e7\u00f5es por meio dos seus informantes, nossos sensores.<\/p>\n
Cores, por exemplo, s\u00f3 existem, literalmente, na nossa cabe\u00e7a, e s\u00e3o limitadas biologicamente pelos sensores dos nossos olhos. A partir de nada mais do que sinais el\u00e9tricos vindos de fora, ele inventa tudo.<\/p>\n
N\u00f3s temos um modelo mental que vai sendo constru\u00eddo ao longo dos anos com a ajuda de todos os sentidos, e ele serve de refer\u00eancia para a constru\u00e7\u00e3o de novos cen\u00e1rios.<\/p>\n
Uma coisa interessante \u00e9 que cada sentido \u00e9 intimamente ligado aos outros para a constru\u00e7\u00e3o desse cen\u00e1rio. Por exemplo: eu n\u00e3o consigo ver apenas com os olhos. Quando uma crian\u00e7a est\u00e1 aprendendo a ver, ela tenta pegar as coisas, cheirar, lamber. \u00c9 porque o c\u00e9rebro combina as informa\u00e7\u00f5es dos outros sentidos para construir a \u201crealidade\u201d.\u00a0<\/span><\/p>\nO incr\u00edvel \u00e9 que esse modelo mental interno \u00e9 t\u00e3o forte, que, se a pessoa ficar privada dos sentidos, como numa pris\u00e3o solit\u00e1ria, ela n\u00e3o apenas tem sonhos; as alucina\u00e7\u00f5es s\u00e3o reais, porque os sinais que v\u00eam dos olhos podem ser simulados pelo c\u00e9rebro. \u00c9 um neg\u00f3cio muito louco.<\/p>\n
Aqui tamb\u00e9m fica claro que tudo isso custa muita energia e o c\u00e9rebro economiza o mais que pode. Por isso ele usa o modelo mental interno para inferir quase tudo o que v\u00ea, processando apenas o m\u00ednimo de informa\u00e7\u00e3o poss\u00edvel.<\/p>\n
Por isso \u00e9 t\u00e3o importante aprender coisas novas: o c\u00e9rebro se modifica fisicamente a cada nova informa\u00e7\u00e3o, e o modelo mental interno vai ficando mais rico e sofisticado.<\/p>\n
Quem est\u00e1 no controle? Como eu decido?<\/h3>\n
Aqui ele fala sobre a consci\u00eancia, que \u00e9 como se fosse o CEO do c\u00e9rebro. Ele n\u00e3o tem acesso a todos os microprocessos envolvidos\u00a0 <\/span>na percep\u00e7\u00e3o do mundo exterior, mas \u00e9 quem toma as decis\u00f5es, sempre baseado no modelo interno de mundo. E porque esse modelo interno \u00e9 constru\u00eddo de uma maneira totalmente emocional, esse \u00e9 o car\u00e1ter da maioria das decis\u00f5es que a gente toma.<\/p>\nEu preciso de voc\u00ea?<\/h3>\n
Essa parte \u00e9 muito interessante. O c\u00e9rebro humano foi constru\u00eddo para interagir com outros c\u00e9rebros; ele n\u00e3o existe no v\u00e1cuo. N\u00f3s precisamos dos outros como precisamos de comida. Somos seres biologicamente sociais; o c\u00e9rebro simplesmente n\u00e3o consegue se desenvolver e fazer suas sinapses se for isolado de seus pares.\u00a0<\/span><\/p>\nPor isso, nosso c\u00e9rebro est\u00e1 constantemente monitorando as emo\u00e7\u00f5es, rea\u00e7\u00f5es, inten\u00e7\u00f5es e tudo o que se relaciona ao outro. Por isso, tamb\u00e9m, temos a tend\u00eancia de humanizar animais, objetos e qualquer coisa que fa\u00e7a parte do nosso cen\u00e1rio. \u00c9 a base para o desenvolvimento da empatia.<\/p>\n
Mesmo as pessoas com n\u00edveis diferentes de autismo, onde algumas regi\u00f5es do c\u00e9rebro respons\u00e1veis pela intera\u00e7\u00e3o social n\u00e3o possuem sinapses muito fortes (por exemplo, em alguns casos a pessoa n\u00e3o consegue reconhecer as emo\u00e7\u00f5es num rosto, o que faz com que ela passe por indiferente, quando na verdade o c\u00e9rebro dela n\u00e3o recebeu determinada informa\u00e7\u00e3o), sofrem bastante com a rejei\u00e7\u00e3o social.\u00a0<\/span><\/p>\nUm experimento muito interessante mostra que, quando estamos interagindo com outra pessoa, a gente tende a repetir os movimentos faciais dela de maneira inconsciente; isso ajuda o c\u00e9rebro a interpretar as emo\u00e7\u00f5es do outro.<\/p>\n
Em pessoas que usam intensivamente Botox, os m\u00fasculos do rosto n\u00e3o conseguem fazer esses movimentos (que s\u00e3o quase impercept\u00edveis) e o que acontece \u00e9 que, para elas, \u00e9 mais dif\u00edcil interpretar essas emo\u00e7\u00f5es. \u00c9 como se faltasse uma das ferramentas de an\u00e1lise.<\/p>\n
Ele fala tamb\u00e9m sobre como desumanizamos o outro para desenvolver a capacidade de matar os semelhantes e como esse mecanismo (largamente usado em guerras) funciona.<\/p>\n
Como n\u00f3s seremos no futuro?<\/h3>\n
O cap\u00edtulo final fala sobre como o nosso c\u00e9rebro \u00e9 adapt\u00e1vel e flex\u00edvel. E como ele n\u00e3o d\u00e1 a m\u00ednima para os sensores que trazem as informa\u00e7\u00f5es para dentro (por isso \u00e9 t\u00e3o bacana jogar games; o c\u00e9rebro sabe que \u00e9 mentira, mas se emociona igual). Isso tem a vantagem de possibilitar que tenhamos partes do corpo totalmente artificiais. O c\u00e9rebro logo aprende a interpretar esses sentidos como se fossem inatos e se adapta perfeitamente.\u00a0<\/span><\/p>\nEssa incr\u00edvel plasticidade pode permitir n\u00e3o apenas que a gente substitua nosso sentidos faltantes, mas tamb\u00e9m que desenvolva superpoderes com sensores muito mais potentes que os originais.<\/p>\n
Ele fala tamb\u00e9m das pesquisas que tentam fazer um upload<\/em> do conte\u00fado do c\u00e9rebro quando a pessoa morre; se \u00e9 poss\u00edvel um c\u00e9rebro viver fora do corpo, numa estrutura sint\u00e9tica. Enfim, tudo o que a gente sempre leu na fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica e que agora vai ficando cada vez mais perto da realidade.<\/p>\nAssustador e fascinante. N\u00e3o sei como chamam essa massa incr\u00edvel de cinzenta.\u00a0<\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"O ser humano, ao contr\u00e1rio dos outros animais, nasce com o c\u00e9rebro incompleto, totalemente por construir. Mas como isso acontece? Como afeta a nossa vida? Como podemos tirar proveito disso?<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":25118,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,46,23,25,57,49],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2018\/06\/IMG_7456.jpg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/25117"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=25117"}],"version-history":[{"count":18,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/25117\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":26546,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/25117\/revisions\/26546"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/25118"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=25117"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=25117"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=25117"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}