Se tem uma tradi\u00e7\u00e3o que adoro aqui na Alemanha \u00e9 o “Tag der Offenen T\u00fcr<\/em>” (Tradu\u00e7\u00e3o livre: Dia das Portas Abertas), em que pr\u00e9dios p\u00fablicos abrem suas portas para os cidad\u00e3os conhecerem (afinal, s\u00e3o os verdadeiros donos). \u00a0Cada institui\u00e7\u00e3o escolhe seu dia e faz uma verdadeira festa; tem apresenta\u00e7\u00f5es, atividades para crian\u00e7as e, principalmente, muita informa\u00e7\u00e3o. Adoro quando os teatros, as \u00f3peras e os museus abrem suas portas. Os \u00f3rg\u00e3os do governo todos fazem isso tamb\u00e9m e at\u00e9 a casa do presidente tem seu dia de receber visita de gente comum.<\/p>\n Pois o mais legal \u00e9 que eles costumam fazer isso em obras tamb\u00e9m, j\u00e1 que todo mundo \u00e9 muito curioso. Hoje foi o dia de portas abertas do Humboldt Forum, o mais novo museu de Berlim, que ser\u00e1 inaugurado o ano que vem. A obra j\u00e1 est\u00e1 quase pronta (come\u00e7ou em 2013) e esse \u00e9 o \u00faltimo evento de acesso ao p\u00fablico antes da abertura oficial. \u00c9 que agora eles v\u00e3o colocar as obras dentro do museu.<\/p>\n A festa \u00e9 grande: tem concertos, barracas de comida, workshops de ci\u00eancias para crian\u00e7as e a visita \u00e0 obra propriamente dita. O bacana \u00e9 que os pr\u00f3prios oper\u00e1rios \u00e9 que fazem o papel de anfitri\u00f5es (nada mais justo). Ent\u00e3o, os engenheiros respons\u00e1veis pela estrutura est\u00e3o l\u00e1 para responder perguntas; os arquitetos que fizeram a pesquisa hist\u00f3rica, o pessoal da eletricidade, enfim, todo mundo participa.<\/p>\n O museu \u00e9 uma das obras pol\u00eamicas da cidade, j\u00e1 que come\u00e7ou sem dinheiro suficiente para terminar. Com muito trabalho volunt\u00e1rio e solu\u00e7\u00f5es criativas (tipo vender r\u00e9plicas das est\u00e1tuas que ficam nos portais e nas fachadas para angariar dinheiro, concertos beneficientes, leil\u00f5es, al\u00e9m de v\u00e1rias outras a\u00e7\u00f5es), a funda\u00e7\u00e3o constitu\u00edda especialmente para construir e gerir o museu parece estar conseguindo.<\/p>\n A obra \u00e9 hist\u00f3rica. No lugar, havia a antiga C\u00e2mara de Artes da Pr\u00fassia, constru\u00edda no s\u00e9culo XVI e depois destru\u00edda na Guerra dos 30 anos\u00a0 (1618\u20131648). No mesmo lugar, foi constru\u00eddo, no s\u00e9culo XVIII, o Pal\u00e1cio Real do Frederico I da Pr\u00fassia. Durante a Segunda Guerra Mundial, o pal\u00e1cio foi duramente bombardeado; os socialistas, que ficaram com a parte da cidade \u00e0 qual a constru\u00e7\u00e3o pertencia, acharam que n\u00e3o valia a pena a sua reconstru\u00e7\u00e3o e completaram sua demoli\u00e7\u00e3o, para dar lugar ao Pal\u00e1cio do Povo, em estilo moderno. \u00a0Cheio de problemas estruturais e construtivos, o pr\u00e9dio acabou sendo demolido poucos anos depois da queda do Muro de Berlim.<\/p>\n O bacana \u00e9 que tr\u00eas faces da fachada da constru\u00e7\u00e3o de 20 mil m\u00b2 ser\u00e3o uma r\u00e9plica do pal\u00e1cio original, do s\u00e9culo XVIII; a outra \u00e9 num estilo completamente contempor\u00e2neo, presente em v\u00e1rios pontos da cidade.<\/p>\n S\u00f3 sei que o neg\u00f3cio est\u00e1 ficando lindo e n\u00e3o vejo a hora de inaugurarem!<\/p>\n <\/p>\n