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{"id":25362,"date":"2018-09-14T10:34:43","date_gmt":"2018-09-14T13:34:43","guid":{"rendered":"http:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/?p=25362"},"modified":"2018-09-14T12:47:22","modified_gmt":"2018-09-14T15:47:22","slug":"utopia-para-realistas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/utopia-para-realistas\/","title":{"rendered":"Utopia para realistas"},"content":{"rendered":"

Coisa mais linda\u00a0quando um livro vem\u00a0para destruir nossas cren\u00e7as e desafiar o senso comum. Pois se voc\u00ea concorda, n\u00e3o deixe de ler “Utopia for realists and how we can get there<\/em>“, do Rutger Bregman.<\/p>\n

O autor come\u00e7a com uma vis\u00e3o bem otimista do mundo; diz que em 99% da hist\u00f3ria, 99% da humanidade era pobre, faminta, suja, medrosa, est\u00fapida, doente e feia. Mas isso mudou radicalmente nos \u00faltimos 200 anos. Em apenas numa fra\u00e7\u00e3o rid\u00edcula de tempo, bilh\u00f5es de pessoas tornaram-se ricas, bem nutridas, limpas, seguras, espertas, saud\u00e1veis e, ocasionalmente, bonitas. Em 1820 cerca de 84% da popula\u00e7\u00e3o do planeta vivia em extrema pobreza. Esse n\u00famero foi reduzido para 10% nos dias atuais. \u00c9 claro que ainda \u00e9 muita gente, mas que mudan\u00e7a! A se continuar nesse ritmo, \u00e9 poss\u00edvel erradicar totalmente a extrema pobreza em breve.<\/p>\n

Depois dessa empolgante introdu\u00e7\u00e3o, o autor explica a utopia do t\u00edtulo. \u00c9 que a palavra utopia significa mais ou menos o mesmo que para\u00edso, a terra ideal, toda mel e leite, para citar uma das principais refer\u00eancias do autor, o escritor conterr\u00e2neo holand\u00eas Herman Pleij. Na cidade ideal, chamada Cockaigne, comida estaria dispon\u00edvel o tempo todo, o clima seria controlado e sempre agrad\u00e1vel, o amor seria livre, haveria sal\u00e1rio sem trabalho e cirurgias pl\u00e1sticas estariam ao alcance de todos para preservar a juventude. \u00a0A quest\u00e3o \u00e9 que, nos dias atuais, pelo menos para boa parcela da popula\u00e7\u00e3o (a que decide), Cockaigne j\u00e1 existe. Essa fantasia medieval tornou-se muito pr\u00f3xima da realidade, apesar dos muitos, indesejados e imprevistos efeitos colaterais (polui\u00e7\u00e3o, obesidade, ansiedade, esgotamento dos recursos naturais, entre outros).<\/p>\n

At\u00e9 os milagres da B\u00edblia j\u00e1 est\u00e3o ao alcance de muita gente: paral\u00edticos que passam a andar (com o aux\u00edlio de exoesqueletos e outras tecnologias), doentes que s\u00e3o curados, cegos que podem voltar a ver; at\u00e9 animais extintos podem voltar a existir pela recupera\u00e7\u00e3o do DNA. Seis bilh\u00f5es de pessoas, num mundo de 7 bilh\u00f5es, possuem telefone celular. A expectativa de vida em 2012 (70 anos) era o dobro do que em 1900. A parcela da popula\u00e7\u00e3o que sobrevivia com menos de 2000 calorias por dia passou de 51% em 1965 para menos de 3% em 2005. A poliomelite fez 99% menos v\u00edtimas em 2013 do que em 1988. Por incr\u00edvel que pare\u00e7a, a incid\u00eancia de assassinatos, roubos e at\u00e9 de guerras tem diminu\u00eddo proporcionalmente de maneira consider\u00e1vel.<\/p>\n

Um dos problemas que enfrentamos hoje (e Yuval Harari j\u00e1 disse em outras palavras em Homo Deus<\/a>) \u00e9 justamente a falta de utopias realmente motivadoras; temos mais vis\u00f5es de distopias. As pessoas e empresas est\u00e3o obcecadas com atingir alvos e aumentar o desempenho. Na academia, est\u00e1 todo mundo escrevendo desesperadamente a ponto de ficar sem tempo para ler; publicando \u00a0para cumprir metas, portanto sem tempo para debater. As TVs e jornais s\u00f3 se preocupam com os n\u00fameros das vendas e da audi\u00eancia. Hospitais, escolas e produtores culturais tornaram-se todos f\u00e1bricas em busca de resultados mensur\u00e1veis. O Estado busca desajeitadamente corrigir os sintomas, em vez de buscar as causas.<\/p>\n

Os \u00edndices de depress\u00e3o n\u00e3o param de crescer e as mentes mais brilhantes do planeta est\u00e3o pensando em como fazer as pessoas clicarem em um an\u00fancio. Ao mesmo tempo, se em 1950 a gente perguntasse a um adulto se ele era uma pessoa especial, 12% responderiam que sim. Em 2010, 80% concordaram com a afirma\u00e7\u00e3o. \u00c9 para se pensar.<\/p>\n

A partir da\u00ed o autor come\u00e7a a imaginar formas de construir uma nova utopia a partir de informa\u00e7\u00f5es sobre a situa\u00e7\u00e3o atual. Ele critica o Produto Interno Bruto, que, ao mesmo tempo que revela muita informa\u00e7\u00f5es, esconde outras igualmente importantes; faz muitas ressalvas ao \u00edndice criado no But\u00e3o, a Felicidade Interna Bruta, e por a\u00ed vai.<\/p>\n

Bregman diz que sem utopia, estamos perdidos e sem objetivos. Precisamos de desafios e de mudan\u00e7a, precisamos de planos e objetivos.<\/p>\n

Agora \u00e9 que vem a parte em que o senso comum \u00e9 destru\u00eddo, pois Rutger come\u00e7a a discorrer sobre a renda m\u00ednima universal. Eu j\u00e1 tinha lido um pouco a respeito e me conservava c\u00e9tica, apesar de levemente favor\u00e1vel. Mas aqui ele apresenta evid\u00eancias de que esse pode ser um caminho para a transforma\u00e7\u00e3o social e tecnol\u00f3gica pela qual o mundo est\u00e1 passando.<\/p>\n

O autor mostra diversos experimentos cujas evid\u00eancias demonstram claramente que dar dinheiro diretamente para as pessoas que precisam, sem exigir nada em troca, produz resultados muito melhores (e a um custo significativamente mais baixo) do que bolar programas sociais sofisticados e cheios de burocracia. Sim, voc\u00ea leu certo. Ele tem evid\u00eancias que levam a essa conclus\u00e3o.<\/p>\n

Bregman cita o economista Charles Kenny: “a maior raz\u00e3o pela qual as pessoas pobres s\u00e3o pobres \u00e9 porque elas n\u00e3o t\u00eam dinheiro suficiente<\/em>“. Elas n\u00e3o s\u00e3o burras, n\u00e3o s\u00e3o malandras, n\u00e3o s\u00e3o incompetentes. Elas apenas n\u00e3o t\u00eam dinheiro. Entre outros, ele descreve um experimento em que um montante relativamente modesto de dinheiro foi dado a moradores de rua (muito menos do que eles custam para os programas sociais) sem contrapartida. O resultado? Todos eles conseguiram mudar de vida. Em vez de gastarem dinheiro com drogas ou bebidas, como era de se esperar, a maioria conseguiu um teto para morar; v\u00e1rios se matricularam em cursos, fizeram reabilita\u00e7\u00e3o, visitaram suas fam\u00edlias e passaram a ter uma vida digna.<\/p>\n

O autor cita outros estudos, que mostram que quando uma pessoa n\u00e3o tem o b\u00e1sico para a subsist\u00eancia, ela simplesmente n\u00e3o consegue pensar direito e calcular o impacto a m\u00e9dio e longo prazo das suas decis\u00f5es. Ali\u00e1s, ela mal consegue tomar decis\u00f5es. A falta de dinheiro para as quest\u00f5es fundamentais da vida monopoliza o c\u00e9rebro em busca de uma solu\u00e7\u00e3o. Por isso, dar dinheiro para quem est\u00e1 com esse problema, libera a mente para pensar em outras coisas e ir adiante. Imagino o que voc\u00ea est\u00e1 pensando, mas leia o livro, por favor. Estamos falando de pesquisas s\u00e9rias e evid\u00eancias, n\u00e3o de opini\u00f5es ou achismos.<\/p>\n

Ele fala que a desigualdade extrema \u00e9 ruim, mas n\u00e3o pode ser eliminada, por uma quest\u00e3o de justi\u00e7a; os trabalhos, resultados e valores s\u00e3o diferentes. Um m\u00e9dico n\u00e3o pode ganhar o mesmo que um varredor de rua por conta do per\u00edodo de investimento em qualifica\u00e7\u00e3o. Pelo bem da nossa pr\u00f3pria sa\u00fade (inclusive a do varredor). Mas ambos precisam viver com dignidade.<\/p>\n

O autor vai al\u00e9m; a redu\u00e7\u00e3o da jornada de trabalho. Tem at\u00e9 uma hist\u00f3ria bem interessante a respeito de Henry Ford. Rutger conta que a revolu\u00e7\u00e3o industrial eliminou completamente o conceito de lazer da vida dos trabalhadores, que cumpriam uma jornada m\u00e9dia de 70 horas por semana, sem f\u00e9rias nem finais de semana. O mesmo valia para as crian\u00e7as.<\/p>\n

Em 1926, um grupo de 32 homens dos mais bem sucedidos homens de neg\u00f3cios nos EUA foram instados a reduzir a carga hor\u00e1ria de seus funcion\u00e1rios. Um total de dois acharam que a ideia tinha algum m\u00e9rito. Os outros 30 achavam que mais tempo livre aumentaria os crimes, o alcoolismo, as d\u00edvidas e levaria o pa\u00eds \u00e0 degenera\u00e7\u00e3o. Mas eis que Henry Ford, um dos dois que acharam a ideia interessante, resolveu apostar e implementou a semana de cinco dias em suas f\u00e1bricas.<\/p>\n

Bem, os outros industriais bufaram de raiva, xingaram o quanto puderam, mas tiveram que ceder aos n\u00fameros, pois a produtividade aumentou consideravelmente (experimentos atuais levam ao mesmo resultado).<\/p>\n

Bregman acredita que a redu\u00e7\u00e3o gradual da carga de trabalho pode reduzir o stress, amenizar os efeitos da mudan\u00e7a clim\u00e1tica, reduzir acidentes, diminuir o desemprego e at\u00e9 mesmo melhorar a vida das mulheres, que ainda sofrem com duplas e triplas jornadas.<\/p>\n

Ele ainda advoga que, trabalhando menos e tendo as condi\u00e7\u00f5es m\u00ednimas para sobreviver, as pessoas produzir\u00e3o mais arte, conhecimento e cultura, que, em s\u00edntese, \u00e9 o que nos diferencia das m\u00e1quinas.<\/p>\n

Ser\u00e1? Adoraria apostar que sim.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Trabalhar menos e ter uma renda suficiente garantida pode ser a solu\u00e7\u00e3o dos problemas do mundo? Por incr\u00edvel que pare\u00e7a, estudos levam a crer que sim…<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":25371,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,95,46,23,60,57,49],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2018\/09\/IMG_5881.jpg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/25362"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=25362"}],"version-history":[{"count":15,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/25362\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":25379,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/25362\/revisions\/25379"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/25371"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=25362"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=25362"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=25362"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}