Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794
{"id":25389,"date":"2018-10-24T08:21:44","date_gmt":"2018-10-24T11:21:44","guid":{"rendered":"http:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/?p=25389"},"modified":"2022-02-25T08:45:55","modified_gmt":"2022-02-25T11:45:55","slug":"transformar-a-percepcao-faz-toda-diferenca","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/transformar-a-percepcao-faz-toda-diferenca\/","title":{"rendered":"Transformar a percep\u00e7\u00e3o faz toda diferen\u00e7a"},"content":{"rendered":"

Deviate: the creative power of transforming your perception<\/strong><\/em>*, do neurocientista Beau Lotto, \u00e9 uma grata surpresa.<\/p>\n

A premissa do livro \u00e9 relativamente simples: se voc\u00ea conseguir entender como seu c\u00e9rebro funciona, pode alterar sua percep\u00e7\u00e3o do mundo, ou seja, a maneira como voc\u00ea v\u00ea e interpreta as coisas. Isso afeta tudo, inclusive a forma como voc\u00ea cria novas ideias.<\/p>\n

O autor realmente se esfor\u00e7ou para usar recursos gr\u00e1ficos e tipogr\u00e1ficos para tornar a forma como parte relevante do conte\u00fado num livro totalmente preto\/branco. O resultado ficou muito interessante; n\u00e3o diria surpreendente porque j\u00e1 conhecia a maioria dos exemplos e t\u00e9cnicas utilizadas.\u00a0<\/span><\/p>\n

Beau Lotto, professor de neuroci\u00eancia em universidades de Londres e New York, \u00e9 fundador de um laborat\u00f3rio de pesquisa chamado Misfit<\/em> (desajuste, n\u00e3o-conformismo) e parece ser um c\u00e9rebro eternamente curioso e questionador. D\u00e1 muita vontade de conhecer o mo\u00e7o pessoalmente.<\/p>\n

Lotto explica que nosso c\u00e9rebro foi concebido para resolver incertezas com a maior rapidez poss\u00edvel, por uma quest\u00e3o de sobreviv\u00eancia. E que essa massa cinzenta, como j\u00e1 sabemos, n\u00e3o tem acesso direto ao mundo exterior. Ela s\u00f3 consegue receber sinais el\u00e9tricos que os sensores (nossos sentidos) mandam. Para o c\u00e9rebro, aquela paisagem linda que voc\u00ea v\u00ea s\u00e3o apenas sinais el\u00e9tricos que ele interpreta conforme as informa\u00e7\u00f5es de refer\u00eancia que ele j\u00e1 carrega em sua \u201cbiblioteca\u201d (que tamb\u00e9m podemos chamar de repert\u00f3rio).<\/p>\n

<\/p>\n

Para n\u00e3o ter que processar todos os sinais el\u00e9tricos que recebe toda vez e ter que trabalhar muito (apesar de representar apenas 3% do peso do corpo, o c\u00e9rebro consome at\u00e9 25% de toda a nossa energia), ele s\u00f3 pega uma amostra (mais ou menos 10% da informa\u00e7\u00e3o total), compara com o que tem dentro da biblioteca e deduz o resto. \u00a0<\/span><\/p>\n

Assim, a maneira como a gente percebe o mundo depende muito do que tem na nossa \u201cpersonal biblioteca<\/em>\u201d. E a maneira como a gente interpreta os sinais que o c\u00e9rebro recebe depende de muitos fatores; \u00e9 uma coisa extremamente complexa. E muitas vezes, interpretamos errado (sabendo disso) porque temos poucas refer\u00eancias (ou seja, uma biblioteca pobre).<\/p>\n

Ele conta uma hist\u00f3ria bem interessante para ilustrar isso. Voc\u00ea est\u00e1 numa rua escura, e ao longe h\u00e1 um poste de ilumina\u00e7\u00e3o p\u00fablica. Voc\u00ea vai caminhando para l\u00e1 e v\u00ea algu\u00e9m abaixado, procurando alguma coisa. Voc\u00ea pergunta para a pessoa o que ela est\u00e1 fazendo e ela responde: \u201cProcurando minhas chaves<\/i>\u201d. Voc\u00ea imediatamente se oferece para ajudar e pergunta: \u201cOnde exatamente ela caiu?<\/i>\u201d. A pessoa responde: \u201cNaquele gramado, a uns 100 metros daqui<\/i>\u201d. Voc\u00ea: \u201cU\u00e9, mas ent\u00e3o por que raios voc\u00ea est\u00e1 procurando aqui?<\/i>\u201d. A pessoa: \u201cPorque \u00e9 o \u00fanico lugar onde consigo ver<\/i>\u201d. A ideia da ci\u00eancia \u00e9 justamente criar postes de luz em todos os lugares.<\/p>\n

Lotto diz que as informa\u00e7\u00f5es n\u00e3o t\u00eam nenhum significado intr\u00ednseco; nosso c\u00e9rebro \u00e9 que d\u00e1 sentido a elas. A realidade, de acordo com o fil\u00f3sofo George Berkeley, s\u00e3o ideias impressas nos nosso sensores.<\/p>\n

O autor usa uma met\u00e1fora bem interessante: nosso c\u00e9rebro est\u00e1 dentro de nossa caixa craniana, que \u00e9 como se fosse um trailer (aquelas casas com rodas). As janelas s\u00e3o os nossos sentidos. O c\u00e9rebro n\u00e3o pode sair nunca para ver como s\u00e3o as coisas de verdade. S\u00f3 pode olhar pelas janelas. Ele pode viajar pelo mundo inteiro, mas sem sair de dentro do ve\u00edculo. Sendo que as \u201cjanelas” que desenvolvemos, s\u00e3o as que se mostraram as mais importantes para a nossa sobreviv\u00eancia.<\/p>\n

A gente consegue perceber muito menos cores que alguns crust\u00e1ceos, por exemplo. O Stomatopods<\/em>, da fam\u00edlia das lagostas, tem 16 pigmentos visuais (subst\u00e2ncia que transforma luz em eletricidade para os receptores do c\u00e9rebro); o ser humano tem apenas tr\u00eas. Os p\u00e1ssaros conseguem \u201cver\u201d a estrutura eletromagn\u00e9tica do c\u00e9u, de acordo com o \u00e2ngulo do sol. A evolu\u00e7\u00e3o de cada ser vivo seleciona o desenvolvimento dos sentidos que s\u00e3o mais importantes para a sobreviv\u00eancia. Assim, d\u00e1 para ver como as janelinhas do nosso trailer s\u00e3o pequenas e limitadas e, por isso, \u00e9 t\u00e3o f\u00e1cil de enganar nosso c\u00e9rebro usando o que a gente chama de armadilhas perceptivas.<\/p>\n

Outra coisa interessante \u00e9 como o c\u00e9rebro constroi o significado para esses sinais el\u00e9tricos que ele recebe; \u00e9 tudo baseado em experi\u00eancias passadas. Ou seja, a maneira como recebemos e organizamos as nossas percep\u00e7\u00f5es no passado determina como vamos interpretar todas as informa\u00e7\u00f5es que ser\u00e3o recebidas no futuro. Assim, quanto mais a gente interage com o mundo e com as outras pessoas, quanto mais a gente se for\u00e7a a fazer o exerc\u00edcio da interpreta\u00e7\u00e3o, mais a nossa biblioteca vai ficando rica e mais temos material para interpretar o futuro. E a sobreviv\u00eancia em ambientes diferentes, onde ainda n\u00e3o temos material de base para interpretar, for\u00e7a o nosso c\u00e9rebro a inovar, desenvolver novos caminhos, criar mais \u201cgavetinhas” de informa\u00e7\u00e3o. Se voc\u00ea d\u00e1 um contexto complexo ao c\u00e9rebro, ele \u00e9 obrigado a se adaptar e a interpretar de maneira complexa. Nosso c\u00e9rebro s\u00f3 trabalha de verdade quando indentifica mudan\u00e7a<\/strong>, diferen\u00e7a<\/strong> ou contraste<\/strong> com o que ele j\u00e1 tem.<\/p>\n

Outra informa\u00e7\u00e3o curiosa: o c\u00e9rebro usa os princ\u00edpios da estat\u00edstica para interpretar os fatos. O que \u00e9 mais frequente, vai ser mais usado, e assim recursivamente. Por isso \u00e9 que precisamos tanto quebrar esse ciclo de repeti\u00e7\u00e3o, apresentando a ele coisas que ele vai precisar trabalhar mais para interpretar. Assim, fica f\u00e1cil de entender porque as pessoas normalmente pessimistas s\u00e3o sempre cada vez mais pessimistas. E as otimistas, com o vi\u00e9s correspondente. A cultura tamb\u00e9m tem um peso enorme em como n\u00f3s vemos o mundo. A verdade \u00e9 que a gente quase nunca olha pra fora, s\u00f3 para dentro<\/em><\/strong>.<\/p>\n

Ent\u00e3o, j\u00e1 que todas as interpreta\u00e7\u00f5es que a gente faz v\u00eam de dentro, como diz Lotto, e o c\u00e9rebro n\u00e3o v\u00ea diferen\u00e7a entre o que \u00e9 real e o que \u00e9 inventado, por que a gente n\u00e3o pode inventar interpreta\u00e7\u00f5es que nos facilitem a vida?<\/p>\n

Voltando \u00e0 premissa principal do livro, em que o autor defende que, se a gente entender como o c\u00e9rebro funciona, a gente tamb\u00e9m consegue mudar o \u201cfuturo do nosso passado\u201d, como ele diz, mudando os significados das informa\u00e7\u00f5es que estamos tendo no presente e for\u00e7ando a mudan\u00e7a estat\u00edstica de interpreta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Ele d\u00e1 muitos exemplos de estudos cient\u00edficos no livro, em que puderam ser constatadas mudan\u00e7as f\u00edsicas nos c\u00e9rebros pesquisados.<\/p>\n

Mas vou dar um exemplo pessoal que penso que se encaixa no que ele est\u00e1 falando. \u00c9 claro que n\u00e3o \u00e9 li\u00e7\u00e3o para ningu\u00e9m, nem conselho, nem estudo. Apenas uma experi\u00eancia pessoal que talvez possa ajudar a esclarecer.<\/p>\n

Sempre, desde que me conhe\u00e7o por gente, devoro livros. Durante as crises normais da adolesc\u00eancia, era uma maneira de fugir do mundo. Eu viajava, conhecia pessoas, aprendia coisas, entendia algumas ideias, tudo sem sair de casa, s\u00f3 folheando papel. Tamb\u00e9m assisti muita televis\u00e3o: Mulher Bi\u00f4nica, Poderosa \u00cdsis, Jennie \u00e9 um g\u00eanio, Mulher Maravilha, As Panteras, Trov\u00e3o Azul (em que uma mulher pilotava o helic\u00f3ptero com esse nome). Isso moldou minhas estat\u00edsticas para o resto de minha vida, pois sempre me senti como uma delas.<\/p>\n

Mais tarde, quando tive problemas como todo mundo e quando sofri ass\u00e9dios morais dos mais variados tipos no curso de engenharia (e n\u00e3o s\u00f3 de professores e alunos; o povo em geral, inclusive familiares, tinha dificuldade em aceitar uma \u201cmo\u00e7a de fam\u00edlia” numa turma com 49 homens h\u00e1 mais de 30 anos), sempre imaginei que estava num filme e essa era parte em que a protagonista tinha que enfrentar os vil\u00f5es. Mas logo viria outro cap\u00edtulo onde ela teria alguma ideia bacana que resolveria tudo; ou apareceria uma oportunidade que ela iria aproveitar para sair das dificuldades.<\/p>\n

Isso aumentou muito minha resili\u00eancia e praticamente sa\u00ed inc\u00f3lume do curso, pronta para enfrentar os drag\u00f5es do mercado de trabalho (que n\u00e3o eram menores). A quest\u00e3o \u00e9 que \u00e0s vezes a gente n\u00e3o consegue mudar os fatos, mas se conseguirmos mudar a nossa percep\u00e7\u00e3o deles, pode fazer toda a diferen\u00e7a.<\/p>\n

Ainda hoje, morando num lugar com uma cultura t\u00e3o diferente cuja l\u00edngua ainda estou longe de dominar totalmente, a fantasia da hero\u00edna ainda ajuda muito. As pessoas reclamam muito dos dias feios e dos invernos escuros e frios. Para mim, n\u00e3o existe dia feio. Existe dire\u00e7\u00e3o de fotografia ruim.<\/p>\n

Em qualquer situa\u00e7\u00e3o, eu sempre imagino que estou num filme ou num livro. Sou a protagonista, a diretora, a figurinista, a diretora de arte, a co-roteirista (pois n\u00e3o decido tudo, mas posso dar meus pitacos) e tamb\u00e9m fa\u00e7o a trilha sonora. Experimente voc\u00ea tamb\u00e9m; tudo passa a ficar mais interessante.<\/p>\n

Enfim, provavelmente isso n\u00e3o serve para mais ningu\u00e9m, mas esse desvio de percep\u00e7\u00e3o tem me ajudado, n\u00e3o apenas a sobreviver, mas tamb\u00e9m a ter mais ideias e me adaptar melhor.<\/p>\n

Para fechar, vou deixar uma frase do fil\u00f3sofo George Berkeley que resume tudo: \u201cExistir \u00e9 perceber<\/i>\u201d.<\/p>\n

_________________<\/p>\n

*Tradu\u00e7\u00e3o livre: “Divergente*: o poder criativo de transformar sua percep\u00e7\u00e3o\u201d; Deviate \u00e9 um pouco dif\u00edcil de traduzir. Usar \u201cdesviado” ficaria muito esquisito. Enfim, \u00e9 sobre algo que n\u00e3o segue o caminho esperado.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Um livro surpreendente com muitas informa\u00e7\u00f5es curiosas e interessantes que podem nos ajudar a compreender a maneira como vemos o mundo.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":25390,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,46,23,25,57,49],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2018\/10\/LigiaFascioni-secret3.jpg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/25389"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=25389"}],"version-history":[{"count":7,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/25389\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":27033,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/25389\/revisions\/27033"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/25390"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=25389"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=25389"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=25389"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}