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{"id":25446,"date":"2018-11-14T08:42:40","date_gmt":"2018-11-14T10:42:40","guid":{"rendered":"http:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/?p=25446"},"modified":"2018-11-15T06:53:21","modified_gmt":"2018-11-15T08:53:21","slug":"a-tal-da-media","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/a-tal-da-media\/","title":{"rendered":"A tal da m\u00e9dia"},"content":{"rendered":"

Essa \u00e9 uma daquelas obras que fazem a gente rachar a cabe\u00e7a e questionar das coisas que achamos naturais, mas n\u00e3o s\u00e3o de maneira alguma. Como engenheira, o que senti foi como se algu\u00e9m tivesse tirado o ch\u00e3o sob meus p\u00e9s. Mas confesso, adorei a sensa\u00e7\u00e3o!<\/p>\n

\u201cThe End of Average: How to Succeed in a World that Values Sameness<\/i>\u201d, de Todd Rose, \u00e9 separado em tr\u00eas partes: a era da m\u00e9dia, os princ\u00edpios da individualidade e a era do indiv\u00edduo.<\/p>\n

A ERA DA M\u00c9DIA<\/p>\n

M\u00e9dia \u00e9 uma coisa n\u00e3o natural para n\u00f3s que parece que estar acima\/abaixo\/dentro da m\u00e9dia s\u00e3o conceitos que sempre existiram, n\u00e3o \u00e9? Pois nem sempre foi assim.<\/p>\n

Todd nos conta que tudo come\u00e7ou em 1823, quando um g\u00eanio da matem\u00e1tica chamado Adolphe Quetelet conseguiu convencer o governo da Holanda a construir um super observat\u00f3rio na B\u00e9lgica e dar a ele o cargo de diretor. S\u00f3 que durante a constru\u00e7\u00e3o, houve uma revolu\u00e7\u00e3o e as tropas invadiram a obra, deixando o cientista sem saber quando e se iria haver observat\u00f3rio.\u00a0<\/span><\/p>\n

Quetelet n\u00e3o se deixou vencer por essa dificuldade; estando a Europa na primeira onda da Big Data, quando pela primeira vez na hist\u00f3ria se come\u00e7ou a reunir estat\u00edsticas diversas em grande escala, o jovem resolveu usar seus conhecimentos matem\u00e1ticos para aplicar nas sociedades humanas. V\u00e1rios astr\u00f4nomos calculavam a posi\u00e7\u00e3o onde iriam aparecer futuramente determinados corpos celestes, mas sempre havia varia\u00e7\u00f5es nos c\u00e1culos quando se comparava um com o outro. A solu\u00e7\u00e3o era reunir todas as medidas e calcular a m\u00e9dia, que resultava numa estimativa mais perto da real. Esse conceito de m\u00e9dia matem\u00e1tica usada na astronomia fascinava tanto Quetelet que ele o levou para todas as \u00e1reas, revolucionando a ideia que a sociedade tinha sobre o indiv\u00edduo.<\/p>\n

Inserido no primeiro escal\u00e3o do governo belga, Quetelet calculou a m\u00e9dia de todos os dados poss\u00edveis e imagin\u00e1veis com rela\u00e7\u00e3o aos seres humanos e calculou como deveria ser o \u201chomem-m\u00e9dio\u201d, ou seja, aquele que se aproximava mais da perfei\u00e7\u00e3o e da Vontade de Deus. Os demais eram erros ou desvios. O BMI (\u00cdndice de Massa Corporal), por exemplo, usado at\u00e9 hoje, \u00e9 calculado usando como refer\u00eancia o homem-m\u00e9dio e a mulher-m\u00e9dia. Ali\u00e1s, todos os projetos de design, tratamentos de sa\u00fade, an\u00e1lises de comportamento, enfim, quase tudo que se possa imaginar, usa o conceito de m\u00e9dia como principal refer\u00eancia.\u00a0<\/span><\/p>\n

O problema \u00e9 que o homem-m\u00e9dio \u00e9 uma obra de fic\u00e7\u00e3o matem\u00e1tica. Assim como nenhuma mulher tem 2,3 filhos, nenhum piloto se encaixava nas medidas dos cockpits dos avi\u00f5es de guerra desenhados para o homem-m\u00e9dio. \u00a0<\/span><\/p>\n

A\u00ed veio o brit\u00e2nico Francis Galton, em 1851, com sua interessant\u00edssima teoria. F\u00e3 de Quetelet, Galton s\u00f3 discordava do Mestre numa coisa: para ele, o homem-m\u00e9dio n\u00e3o era o ideal, mas o comum, da classe baixa, que estava agora votando e levando a Inglaterra \u00e0 ru\u00edna. Para ele, as classes mais altas eram a melhor parte da sociedade. Galton advogava que era poss\u00edvel se desviar da m\u00e9dia para cima, e ser considerado \u201cEminente” ou para baixo, e ser considerado \u201cImbecil\u201d. Para ele, os Eminentes, os Med\u00edocres (na m\u00e9dia) e os Imbecis eram tipos diferentes de seres humanos. Assim, ele transformou a m\u00e9dia, ou seja, o considerado\u00a0 <\/span>normal, no conceito de med\u00edocre que conhecemos hoje. E o desvio da m\u00e9dia foi usado para fazer a classifica\u00e7\u00e3o de toda e qualquer vari\u00e1vel.<\/p>\n

Galton acreditava que se algu\u00e9m estava acima da m\u00e9dia em um quesito, automaticamente estava acima nos outros quesitos tamb\u00e9m; ou seja, se a pessoa era mais inteligente que a m\u00e9dia, ent\u00e3o ela tamb\u00e9m era mais alta e r\u00e1pida que a m\u00e9dia (sabe-se l\u00e1 que distor\u00e7\u00e3o mental ele conseguiu fazer para encaixar isso, mas, n\u00e9?). Os Eminentes, na teoria de Galton, representavam o \u00e1pice: eram mais inteligentes, mais bonitos, mais talentosos, mais fortes, mais \u00e9ticos, mais corajosos e mais honestos.\u00a0<\/span><\/p>\n

A maneira como hoje se tratam as informa\u00e7\u00f5es em todas as \u00e1reas, seja na ci\u00eancia, na educa\u00e7\u00e3o, na administra\u00e7\u00e3o, no desempenho esportivo e at\u00e9 na intelig\u00eancia (vide o malfadado teste de QI), enfim, quase tudo o que a gente mede, baseia-se nesses dois conceitos fundamentais: o da m\u00e9dia (Quetelet) e o da classifica\u00e7\u00e3o (Galton). Toda a ci\u00eancia estat\u00edstica usa a mesma abordagem.<\/p>\n

Frederick Taylor foi mais al\u00e9m; ele inventou o conceito de tarefas padronizadas (baseadas no tempo e desempenho de um trabalhador m\u00e9dio) e separou os pensantes e planejadores (gerentes) dos aut\u00f4matos (trabalhadores bra\u00e7ais), dando origem ao que conhecemos hoje como Taylorismo. A educa\u00e7\u00e3o foi pelo mesmo caminho, com as provas padronizadas, as aulas com conte\u00fado e tempo pr\u00e9-estipulados, etc.<\/p>\n

Eis que o tempo passou e, como conv\u00e9m \u00e0 boa ci\u00eancia, pesquisadores de diversas \u00e1reas come\u00e7aram a questionar o modelo de m\u00e9dia e ranking discutindo se essa era mesmo uma forma confi\u00e1vel de an\u00e1lise. E agora \u00e9 que come\u00e7a a parte interessante.<\/p>\n

Peter Molenaar, um psic\u00f3logo holand\u00eas, era tamb\u00e9m amante da matem\u00e1tica e entusiasta dos modelos estat\u00edsticos para a determina\u00e7\u00e3o e avalia\u00e7\u00e3o de comportamentos. Estava quase a ponto de se aposentar compulsoriamente como professor titular da Universidade de Amsterdam, em 2003, quando teve que substituir um professor numa disciplina. Foi relendo a bibliografia que ele percebeu um enorme furo na base de todas as pesquisas acad\u00eamicas na sua \u00e1rea a ponto de mudar toda a sua carreira. A principal refer\u00eancia na \u00e1rea de estat\u00edstica para testes mentais, de Frederic Lord e Melvin Novick, dizia que o \u00fanico meio de determinar o verdadeiro escore de uma pessoa num teste \u00e9 repetindo esse teste muitas vezes com a mesma pessoa, at\u00e9 que as influ\u00eancias temporais (se estava nervosa, distra\u00edda, com dor de barriga, triste ou de mau-humor) se anulassem na m\u00e9dia do resultado. Como na pr\u00e1tica isso era imposs\u00edvel (n\u00e3o d\u00e1 para apresentar o mesmo teste, pois a pessoa j\u00e1 vai saber de antem\u00e3o as perguntas), a alternativa apresentada como v\u00e1lida era, em vez de testar uma pessoa in\u00fameras vezes, testar muitas pessoas uma vez s\u00f3 e fazer a m\u00e9dia.<\/p>\n

S\u00f3 ent\u00e3o ele se deu conta do absurdo da quest\u00e3o, em que se pretendia entender um indiv\u00edduo ignorando sua individualidade. Foi a\u00ed que Molenaar desenvolveu sua teoria da chave erg\u00f3tica, que tinha duas condi\u00e7\u00f5es para prever o comportamento de um indiv\u00edduo baseado na m\u00e9dia de um grupo: 1) que cada membro do grupo fosse id\u00eantico; 2) que cada membro do grupo permaneceria igual no futuro. \u00c9 claro que nenhum grupo humano se encaixa nessas condi\u00e7\u00f5es (at\u00e9 porque a teoria foi emprestada da f\u00edsica dos gases); ent\u00e3o n\u00e3o era poss\u00edvel prever o comportamento de um indiv\u00edduo baseando-se no estudo de um grupo. Bom, o professor foi recha\u00e7ado por seus pares acad\u00eamicos como um louco e acabou saindo de sua universidade, sendo convidado para continuar suas pesquisas nos EUA, onde criou uma nova disciplina: a ci\u00eancia do indiv\u00edduo.<\/p>\n

Um dos princ\u00edpios do m\u00e9todo da m\u00e9dia \u00e9 agregar os dados de v\u00e1rios indiv\u00edduos, para depois analis\u00e1-los em grupo. A ci\u00eancia do indiv\u00edduo faz o contr\u00e1rio: analisa completamente um indiv\u00edduo e depois agrega algumas de suas caracter\u00edsticas com as de outros de mesmo perfil, ou seja, analisa e depois agrega. Ent\u00e3o, o que a ci\u00eancia do indiv\u00edduo faz \u00e9 tentar encontrar meios de combinar os padr\u00f5es individuais em estudos coletivos.<\/p>\n

OS PRINC\u00cdPIOS DA INDIVIDUALIDADE<\/p>\n

A quest\u00e3o \u00e9 que o modelo da m\u00e9dia tende a reduzir seres complexos como os humanos em apenas uma vari\u00e1vel unidimensional (tipo um teste de QI ou a nota de uma prova). N\u00e3o tem como dar certo mesmo.<\/p>\n

Um dos exemplos mais bacanas \u00e9 o da consultoria Delloite, que usava uma classifica\u00e7\u00e3o calculada a partir da m\u00e9dia de v\u00e1rios fatores para avaliar o desempenho de um funcion\u00e1rio, sistema usado at\u00e9 2012 por 60% das 500 maiores empresas da Lista Fortune do Wall Street Journal.<\/p>\n

Classificar talentos e performances individuais usando somente um n\u00famero parecia uma solu\u00e7\u00e3o l\u00f3gica, justa e simples. S\u00f3 que, na pr\u00e1tica, n\u00e3o era o que se observava. Nem sempre quem tinha uma classifica\u00e7\u00e3o excelente tinha um desempenho correspondente, e o pessoal do RH come\u00e7ou a ver que os talentos que eles tinham dispensado estavam indo muito bem em outras empresas. Entre tabelas, gr\u00e1ficos e planilhas, a Deloitte constatou que gastava dois milh\u00f5es de horas a cada ano para calcular esses n\u00fameros, e que eles n\u00e3o estavam servindo para muita coisa.\u00a0<\/span><\/p>\n

Em 2013, a Delloite, a Microsoft e a Google aboliram completamente esse m\u00e9todo de avalia\u00e7\u00e3o. Elas se deram conta de que estavam aplicando o m\u00e9todo Galton ao p\u00e9 da letra: quem estava acima da m\u00e9dia provavelmente devia ser superior em tudo; quem estava abaixo, um desastre de incompet\u00eancia. A m\u00e9dia, bem, era med\u00edocre.<\/p>\n

O problema \u00e9 a abordagem unidimensional para um problema multidimensional. Por exemplo, se voc\u00ea perguntar se algu\u00e9m \u00e9 grande, provavelmente vamos considerar que ela \u00e9 alta, pesa muito, tem m\u00e3os grandes, enfim, todas as dimens\u00f5es dela s\u00e3o grandes. Em seres humanos, isso varia muito. A pessoa pode ser alta e muito magra ou ser pesada e baixa. Pode ainda ser alta e ter m\u00e3os pequenas (a\u00ed voc\u00ea erra comprando uma luva tamanho grande achando que a pessoa \u00e9 grande). Ou ter as m\u00e3os e p\u00e9s compridos, mas as orelhas pequenas. N\u00e3o h\u00e1 uma regra e a correla\u00e7\u00e3o entre uma medida e outra entre seres humanos \u00e9 extremamente fraca; n\u00e3o d\u00e1 para dizer o tamanho do p\u00e9 de uma pessoa sabendo o comprimento da coxa, por exemplo. E \u00e9 assim para todas as caracter\u00edsticas humanas. Ent\u00e3o \u201cgrande” n\u00e3o traduz a ideia. Pode ser uma aproxima\u00e7\u00e3o para se ter uma ideia geral num grupo, mas n\u00e3o \u00e9 completa para definir um indiv\u00edduo. N\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel usar apenas uma vari\u00e1vel unidimensional para avaliar algo complexo e cheio de irregularidades, como \u00e9 o ser humano.\u00a0<\/span><\/p>\n

Para se ter uma ideia, as cabines dos pilotos de ca\u00e7a da for\u00e7a a\u00e9rea americana foram constru\u00eddas baseadas no homem-m\u00e9dio. Estudos posteriores mostraram que n\u00e3o apenas o homem-m\u00e9dio n\u00e3o existia em todas as nove dimens\u00f5es consideradas, como menos de 2% dos pilotos estavam dentro da m\u00e9dia de pelo menos 4 dimens\u00f5es. S\u00f3 depois de anos de acidentes e de estudos \u00e9 que entendeu-se que as cabines precisavam ser ajust\u00e1veis (assim como os bancos de carros e volantes) em v\u00e1rias dimens\u00f5es.<\/p>\n

Mesmo profissionalmente, um executivo pode ser excelente gestor de projetos e p\u00e9ssimo para falar em p\u00fablico. Ou ter um talento enorme com pessoas e nenhum com tabelas e gr\u00e1ficos. Avaliando por uma m\u00e9dia simples, n\u00e3o se consegue concluir nada de \u00fatil. Um n\u00famero s\u00f3 \u00e9 muito pouco para traduzir os talentos, compet\u00eancias e capacidades de uma pessoa.<\/p>\n

Uma empresa americana de pequeno porte, a IGN, especializada em videogames e outras m\u00eddias, criou um m\u00e9todo de contrata\u00e7\u00e3o considerado sucesso: eles simplesmente n\u00e3o permitiam que o candidato enviasse seu curr\u00edculo. Em vez disso, os pretendentes diziam porque queriam trabalhar naquela empresa e respondiam 4 quest\u00f5es que testavam sua habilidade em programa\u00e7\u00e3o. Os selecionados faziam parte de um programa de seis semanas (remunerado) em que os gerentes avaliavam o desempenho dos candidatos na pr\u00e1tica. Em 2011, 104 pessoas se cadidataram; 28 foram aceitas para o programa de 6 semanas e no final foram contratadas 8 pessoas\u00a0 <\/span>devido ao excelente desempenho (a inten\u00e7\u00e3o inicial era contratar uma ou duas). Depois se descobriu que somente metade tinha gradua\u00e7\u00e3o na \u00e1rea t\u00e9cnica; ou seja, dificilmente seriam contratadas pelos tr\u00e2mites usuais.<\/p>\n

Outro conceito muito interessante \u00e9 o princ\u00edpio do contexto. A\u00ed vem a cr\u00edtica a todos os m\u00e9todos que definem personalidade usados pelos programas de Recursos Humanos.<\/p>\n

Na \u00e2nsia de simplificar processos complexos reduzindo-os a uma vari\u00e1vel, as pessoas acabam sendo classificadas como extrovertidas ou introvertidas, conservadoras ou inovadoras, planejadoras ou executoras, agressivas ou calmas, enfim, uma infinidade de combina\u00e7\u00f5es bin\u00e1rias que desconsideram completamente o contexto.\u00a0 <\/span>\u00c9 a pr\u00e1tica corrente de fazer julgamentos gerais baseados em um conjunto de informa\u00e7\u00f5es muito limitada.<\/p>\n

Esses testes de personalidade com suas abordagens rotuladoras que independem das circunst\u00e2ncias partem de uma cren\u00e7a conhecida como Pensamento Essencialista.<\/p>\n

A quest\u00e3o \u00e9 que se o objetivo \u00e9 prever comportamentos individuais, o contexto \u00e9 fundamental na an\u00e1lise, n\u00e3o h\u00e1 como ignor\u00e1-lo. O tra\u00e7os da personalidade do ser humano nunca s\u00e3o absolutos; eles interagem com o ambiente e se adaptam. Estudos bem completos com mais de 14 mil horas de observa\u00e7\u00f5es registradas e analisadas de 84 crian\u00e7as mostram que cada uma exibe uma personalidade diferente dependendo do tipo de situa\u00e7\u00e3o \u00e0 qual \u00e9 exposta. Pode ser introvertida em casa e extrovertida com os amiguinhos, mas novamente introvertida com estranhos, enfim. N\u00e3o h\u00e1 regra. Ali\u00e1s, h\u00e1. A \u00fanica conclus\u00e3o segura \u00e9 que para o mesmo contexto, pode-se esperar o mesmo comportamento.\u00a0<\/span><\/p>\n

Essa conclus\u00e3o ajuda muito mais na contrata\u00e7\u00e3o de um profissional do que a declara\u00e7\u00e3o de que ele \u00e9 \u201cdesafiador, proativo e extrovertido\u201d. Sabendo que ele lida bem com situa\u00e7\u00f5es de risco e costuma ficar calmo ou que se sente completamente \u00e0 vontade em grupos pequenos, por exemplo, fica muito mais f\u00e1cil ampliar as situa\u00e7\u00f5es onde ele pode desempenhar melhor e minimizar as que n\u00e3o v\u00e3o ter uma resposta adequada para a empresa. Assim, em vez de descrever o perfil do profissional que deve preencher a vaga, melhor descrever exatamente o trabalho que precisa ser feito e em quais contextos. Assim a chance de encaixe aumenta muito.<\/p>\n

O mesmo ocorre com o desenvolvimento humano; cada um constr\u00f3i o seu pr\u00f3prio caminho e sua pr\u00f3pria maneira de evoluir, tanto biol\u00f3gica, como mental, moral e profissionalmente. For\u00e7ar todos a fazerem o mesmo caminho calculado por uma m\u00e9dia hipot\u00e9tica \u00e9 um compromisso que pode prejudicar muitas vidas promissoras.<\/p>\n

Existem muitas outras associa\u00e7\u00f5es autom\u00e1ticas que se faz e que n\u00e3o cont\u00eam nenhum fundamento. O de que o mais r\u00e1pido \u00e9 melhor, por exemplo. Baseado nesse princ\u00edpio, alunos que resolvem mais r\u00e1pido uma quest\u00e3o s\u00e3o mais inteligentes. Estudos mais cuidadosos demonstram que a correla\u00e7\u00e3o, apesar de aparentemente \u00f3bvia (pois fomos levados a acreditar assim), nesse caso, n\u00e3o existe.<\/p>\n

A ERA DO INDIV\u00cdDUO<\/p>\n

O livro traz muitos exemplos interessant\u00edssimos, principalmente na \u00e1rea de educa\u00e7\u00e3o, de maneiras de melhorar o desempenho de todos com pequenas modifica\u00e7\u00f5es pr\u00e1ticas (mas grandes modifica\u00e7\u00f5es na forma de pensar). H\u00e1 muitas cr\u00edticas ao sistema de produ\u00e7\u00e3o de diplomas, em que o n\u00famero de horas exigidas para o bacharelado, por exemplo, \u00e9 uma constante baseada na m\u00e9dia, independente da complexidade do curso.\u00a0 \u00a0<\/span><\/p>\n

Bem, Rose n\u00e3o afirma que o modelo baseado na m\u00e9dia \u00e9 uma trag\u00e9dia. Foi muito \u00fatil em determinado per\u00edodo da hist\u00f3ria, apesar do alto custo que foi a perda da individualidade e preciosos talentos. Foi criado numa \u00e9poca em que n\u00e3o havia como tratar dados individuais em grande volume; era preciso simplificar para conseguir trabalhar.<\/p>\n

A quest\u00e3o \u00e9 que n\u00e3o h\u00e1 mais necessidade e nem sentido continuar a us\u00e1-lo, uma vez que temos hoje em dia tecnologia e conhecimento suficientes para tratar grandes volumes de dados de maneira mais produtiva e inteligente, assim como adaptar individualmente os mais diversos sistemas sem grande dificuldade.\u00a0<\/span><\/p>\n

Se at\u00e9 rob\u00f4s hoje s\u00e3o inteligentes e parametriz\u00e1veis, por que o ser humano tem que continuar a caber numa caixinha fict\u00edcia, calculada de maneira a ignorar sua individualidade, que \u00e9 justamente o que o diferencia de uma m\u00e1quina?<\/p>\n

Temos que repensar a cultura da m\u00e9dia e entender que essa maneira de ver o mundo est\u00e1 totalmente obsoleta.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Estamos acostumados a classificar as pessoas e seu desempenho baseados na m\u00e9dia. Mas ser\u00e1 que foi sempre assim?<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":25447,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,46,23,25,35,60,57,79,49,51],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2018\/11\/IMG_0534.jpg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/25446"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=25446"}],"version-history":[{"count":7,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/25446\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":25454,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/25446\/revisions\/25454"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/25447"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=25446"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=25446"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=25446"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}