Give and Take<\/i><\/b> n\u00e3o \u00e9 revolucion\u00e1rio, mas \u00e9 daqueles livros \u00f3timos que organizam as informa\u00e7\u00f5es que j\u00e1 temos e confirma aquilo que suspeit\u00e1vamos, mas apoiados em estudos bem s\u00e9rios.<\/p>\n
Como psic\u00f3logo comportamental e professor da universidade de Wharton, Grant estudou o processo de tomada de decis\u00e3o nas empresas e a quest\u00e3o da reciprocidade. Ele descobriu que h\u00e1 tr\u00eas tipos de pessoas: os takers<\/b> (a tradu\u00e7\u00e3o seria tomadores ou pegadores, mas acho t\u00e3o ruim que vou optar por usar o termo original), os givers<\/b> (doadores) e os matchers<\/b> (de novo uma tradu\u00e7\u00e3o infeliz; seria algo como aqueles que tentam equilibrar ou fazer um compromisso entre o que d\u00e3o e recebem).<\/p>\n
Os takers<\/i><\/b> s\u00e3o aquelas pessoas que querem levar vantagem em tudo; aproximam-se dos outros com a expectativa do que podem ganhar com isso. Est\u00e3o sempre buscando oportunidades de ganhar alguma coisa. A marca registrada dos takers<\/em> \u00e9 o lucro nas rela\u00e7\u00f5es, ou seja, receber sempre mais do que se investe.<\/p>\n Os givers<\/i><\/b> s\u00e3o aquelas pessoas para quem a gente sempre pede ajuda quando precisa. Givers<\/em> est\u00e3o sempre dispostos a dar uma m\u00e3o, mesmo que n\u00e3o recebam nada em troca. Mas outra coisa interessante \u00e9 que para eles, tamb\u00e9m \u00e9 natural pedir e aceitar ajuda. Givers<\/em> colaboram como que por instinto e sentem prazer nisso.<\/p>\n Os matchers<\/i><\/b> s\u00e3o aquelas pessoas que est\u00e3o sempre tentando retribuir os favores na mesma medida em que receberam. Est\u00e3o sempre calculando uma forma de serem justos e equilibrar o que d\u00e3o e o que tomam como retorno.<\/p>\n Bem, em anos de pesquisas aplicadas em escolas, universidades e empresas, h\u00e1 um grupo que \u00e9 sempre o mais mal-sucedido, o que tem desempenho pior, o que n\u00e3o consegue muito sucesso profissional. Qual voc\u00ea acha que \u00e9?<\/p>\n Bem, aquele mesmo que voc\u00ea tinha desconfiado: os givers<\/i>.<\/p>\n E o que se d\u00e1 bem de verdade? Aquele grupo de estudantes que tira as melhores notas, aquele grupo de profissionais que se destaca no mercado, aquele grupo de empreendedores que faz as empresas crescerem? Qual perfil voc\u00ea acha que \u00e9?<\/p>\n Errou.<\/p>\n S\u00e3o os givers<\/i> tamb\u00e9m.<\/p>\n Os givers<\/i> de destacam sempre, para o bem e para o mal.\u00a0<\/span><\/p>\n Numa apresenta\u00e7\u00e3o ou negocia\u00e7\u00e3o, em vez de se mostrarem dominantes, givers<\/i> conseguem se conectar melhor com os outros porque n\u00e3o se envergonham de mostrar suas vulnerabilidades; em vez de tentar dominar pela for\u00e7a, pelo curr\u00edculo, pelo poder e posi\u00e7\u00e3o, eles tentam se aproximar e ganhar confian\u00e7a mostrando que s\u00e3o competentes sim, mas est\u00e3o ao lado das pessoas, de m\u00e3os dadas com elas. Quando takers<\/i>, em casos raros, tentam mostrar vulnerabilidade, soa como falsa mod\u00e9stia. Todo mundo percebe que ele est\u00e1 s\u00f3 cavando elogios.<\/p>\n Bom, a gente viu que os givers<\/em> est\u00e3o no topo do sucesso, mas tamb\u00e9m no subsolo do fracasso; voc\u00ea certamente deve conhecer algum giver<\/em> perto do esgotamento f\u00edsico e emocional.\u00a0Muitas vezes eles se deixam explorar pelos takers<\/em> e se d\u00e3o muito mal.<\/p>\n Primeiramente: como reconhecer um taker<\/i>? Em geral, s\u00e3o pessoas que falam muito \u201ceu\u201d quando conversam. Acham que sua vida, suas atividades, o que comem, o que fazem ou deixam de fazer s\u00e3o temas interessant\u00edssimos para qualquer um. Autocentrados, em primeiro lugar pensam em suas prioridades e interesses. Em segundo e terceiro tamb\u00e9m. N\u00e3o \u00e9 muito dif\u00edcil de identific\u00e1-los nas redes sociais; o conte\u00fado \u00e9 quase sempre recheado com muitas selfies, autopropaganda, demonstra\u00e7\u00f5es de generosidade caridosa, publica\u00e7\u00f5es de elogios dos clientes, \u00eanfase nos t\u00edtulos acad\u00eamicos, enfim, todos os meios poss\u00edveis diretos e indiretos de comunicar que o sujeito est\u00e1 no topo da cadeia alimentar, que “chegou l\u00e1”.<\/p>\n Isso me lembrou de uma vez, que, como cliente, estava selecionando uma ag\u00eancia de publicidade para atender a empresa na qual eu trabalhava. Na primeira que visitei, o diretor gastou mais de uma hora tentando me convencer de como eles eram bons, capazes, competentes, premiados, especiais, sensacionais e brilhantes. Na segunda, a que contratei, o diretor gastou o mesmo tempo tentando saber detalhes sobre a minha empresa e me explicando o que poderia fazer por ela. Tamb\u00e9m me lembrou uma empresa que visitei em que a foto do presidente estava em todos os departamentos, como se estivesse em campanha pol\u00edtica (achei um neg\u00f3cio mega constrangedor).<\/p>\n No livro, Adam d\u00e1 o exemplo no relat\u00f3rio anual de duas multinacionais, em que numa delas aparece uma foto pequena com a introdu\u00e7\u00e3o do presidente. Na outra, tem uma foto do CEO de p\u00e1gina inteira e outras permeando o conte\u00fado. A segunda era do relat\u00f3rio da Enrom, em que Kenneth Lay, seu presidente, provocou a fal\u00eancia de milhares de fam\u00edlias de tanto que se meteu em falcatruas. O sujeito era a imagem do sucesso e estava sempre em eventos beneficentes como grande e generoso doador. Outra coisa a se observar \u00e9 que\u00a0Takers<\/em> costumam tratar os superiores de maneira servil e os subordinados ou pessoas que n\u00e3o podem benefici\u00e1-lo com total desd\u00e9m.<\/p>\n Ent\u00e3o, a primeira coisa \u00e9 evitar takers<\/i>. Ou evitar ser um taker<\/em>, se voc\u00ea identificou alguns comportamentos.<\/p>\n Mas voltemos aos givers<\/em>. Por que alguns s\u00e3o t\u00e3o bem-sucedidos e outros n\u00e3o? Porque, segundo Grant, h\u00e1 dois tipos de givers.<\/em>\u00a0Os selfless<\/i><\/b>\u00a0t\u00eam alto interesse nos outros e nenhum em si mesmo; carregam um tipo patol\u00f3gico de altru\u00edsmo, que acaba n\u00e3o fazendo bem para ningu\u00e9m.\u00a0<\/span><\/p>\n O outro tipo de giver<\/em> \u00e9 aquele chamado otherish<\/i><\/b>; ele tem interesse no sucesso dos outros, mas tamb\u00e9m tem seus pr\u00f3prios objetivos (na verdade, mesmo sem saber, j\u00e1 falei desse tipo em \u201cVoc\u00ea n\u00e3o \u00e9 t\u00e3o generoso quanto pensa<\/a>\u201d).<\/p>\n Tem at\u00e9 uma tabela bem interessante dos quadrantes do interesse em si pr\u00f3prio e no outro que Grant apresenta no livro e vou tentar traduzir mais ou menos aqui:<\/p>\n Ent\u00e3o, \u00e9 preciso pensar nos outros, mas os instintos de autopreserva\u00e7\u00e3o s\u00e3o importantes. Mas aten\u00e7\u00e3o; ser otherish \u00e9 diferente de ser matcher<\/i>. Os matchers<\/i> esperam algo em retribui\u00e7\u00e3o para cada pessoa que ajudam. Givers<\/i> ajudam independente do retorno; eles apenas evitam se prejudicar no processo (e prejudicar outros tamb\u00e9m).<\/p>\n \u00c9 claro que a quest\u00e3o n\u00e3o \u00e9 t\u00e3o simples, sen\u00e3o o autor n\u00e3o precisaria ter escrito 366 p\u00e1ginas. Mas recomendo demais esse livro cheio de hist\u00f3rias, exemplos e estudos aprofundados. Inspirador.<\/p>\n N\u00e3o sei se sou uma giver<\/em>, mas fico feliz em constatar que os takers<\/i> andam longe de mim e tenho andado completamente rodeada de givers<\/i>. \u00c9 t\u00e3o bom\u2026<\/p>\n Se quiser comprar o livro<\/strong> em portugu\u00eas, \u00e9 s\u00f3 clicar aqui<\/a>.<\/p>\n Se quiser ver a vers\u00e3o desse texto resumida no formato de slides<\/strong>, clique aqui<\/a>.<\/p>\n![\"\"](\"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2018\/12\/tab-givers.jpg\")
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