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{"id":25666,"date":"2019-05-22T14:35:03","date_gmt":"2019-05-22T17:35:03","guid":{"rendered":"http:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/?p=25666"},"modified":"2021-06-25T10:16:31","modified_gmt":"2021-06-25T13:16:31","slug":"manual-para-criar-viciados","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/manual-para-criar-viciados\/","title":{"rendered":"Manual para criar viciados"},"content":{"rendered":"\n

Sim, \u00e9 isso que voc\u00ea leu no t\u00edtulo. Os autores de \u201cHooked: how to build habit-forming products<\/em>\u201d (tradu\u00e7\u00e3o livre: \u201cViciado: como construir produtos que formam h\u00e1bitos\u201d), Nir Eyal e Ryan Hoover, pesquisaram arduamente e descobriram o que faz a gente se viciar em alguns produtos de tecnologia e ignorar outros. <\/p>\n\n\n\n

Eles lembram, por exemplo, que 79% dos smartphones s\u00e3o checados no m\u00e1ximo 15 minutos depois que a pessoa acorda de manh\u00e3 cedo. E pasme: 33% dos americanos dizem que preferem ficar sem sexo do que sem seus brinquedinhos. Estima-se que, em m\u00e9dia, as pessoas consultam seus aparelhos cerca de 150 vezes por dia! Se isso n\u00e3o \u00e9 um v\u00edcio, dif\u00edcil dizer o que seria.<\/p>\n\n\n\n\n\n\n\n

Para os psic\u00f3logos cognitivos, h\u00e1bitos s\u00e3o comportamentos autom\u00e1ticos disparados por est\u00edmulos conjunturais; coisas que a gente faz com pouca ou nenhuma consci\u00eancia. V\u00edcios s\u00e3o um passo a mais; dependem de manipula\u00e7\u00e3o mental e criam compuls\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Nir Eyal estudou profundamente como as empresas conseguiam desenvolver produtos formadores de h\u00e1bitos (que podem se transformar em v\u00edcios) e criou um modelo composto de quatro fases:<\/p>\n\n\n\n

1. Gatilho<\/strong>:  \u00e9 o que dispara o comportamento. Os gatilhos podem ser de dois tipos: internos e externos. Aquelas bolinhas vermelhas que indicam mensagens n\u00e3o lidas nos aplicativos, por exemplo, s\u00e3o gatilhos externos. Eles funcionam bem quando se juntam com os internos, que s\u00e3o geralmente quest\u00f5es emocionais (necessidade de conex\u00e3o e aceita\u00e7\u00e3o, autoestima, etc).<\/p>\n\n\n\n

2. A\u00e7\u00e3o<\/strong>: os gatilhos disparam a\u00e7\u00f5es, que s\u00e3o comportamentos realizados na expectativa de uma recompensa. Aqui a usabilidade \u00e9 fundamental; a a\u00e7\u00e3o tem que ser f\u00e1cil, r\u00e1pida e eficiente.<\/p>\n\n\n\n

3. Recompensa vari\u00e1vel<\/strong>: o fato de n\u00e3o saber o que esperar (um elogio, uma cr\u00edtica, etc) faz parte da gra\u00e7a. Quando a recompensa \u00e9 previs\u00edvel, ela n\u00e3o provoca vontade. A expectativa de surpresa libera dopamina, o que suprime as \u00e1reas do c\u00e9rebro associadas com a raz\u00e3o e o julgamento e estimula a \u00e1rea associada ao desejo. Isso \u00e9 muito claro no Instagram, por exemplo; entre fotos boas e ruins, a pessoa passa horas navegando sem se dar conta do tempo.<\/p>\n\n\n\n

4. Investimento<\/strong>. Essa \u00e9 a fase que provoca realmente o v\u00edcio. O investimento aqui n\u00e3o tem a ver com pagamento, mas com o tempo que se investe na ferramenta (convidar amigos, definir prefer\u00eancias, construir um perfil, enfim, todo o tempo que se leva tentando melhorar a experi\u00eancia em visitas futuras). Dan Ariely, em seu \u00f3timo \u201cIrracionais<\/a>\u201d, explica que a gente d\u00e1 um valor absurdo a tudo aquilo que produzimos com as pr\u00f3prias m\u00e3os. Ou seja, quanto mais a gente investe tempo, mais a gente valoriza. Por isso muitos dos aplicativos s\u00e3o reposit\u00f3rios de nossas mem\u00f3rias.<\/p>\n\n\n\n

Os autores ainda apresentam a matriz de manipula\u00e7\u00e3o que ajuda ao empreendedor decidir se deve ou n\u00e3o usar essas ferramentas (que s\u00f3 valem para produtos de uso cont\u00ednuo; n\u00e3o para aqueles de uso n\u00e3o constante ou uma vez s\u00f3). <\/p>\n\n\n\n

O desenvolvedor deve ser fazer duas perguntas:<\/p>\n\n\n\n

  1. Eu usaria esse produto?<\/li>
  2. Esse produto melhora a vida de quem usa?<\/li><\/ol>\n\n\n\n

    A matriz tem quatro posi\u00e7\u00f5es, como a gente pode ver na figura:<\/p>\n\n\n\n

    \"\"<\/figure>\n\n\n\n

    Mascate<\/strong>: se a pessoa est\u00e1 nessa posi\u00e7\u00e3o, ela vende uma coisa que considera \u00fatil, mas n\u00e3o usa. Na verdade, esse desenvolvedor acha que sabe o que \u00e9 mehor para os outros, mas n\u00e3o pratica. Nessa categoria frequentemente est\u00e3o sites e aplicativos voltados para a caridade, produtos que prometem transformar trabalho duro em divers\u00e3o e coisas do tipo. Na verdade, se a pessoa n\u00e3o usa \u00e9 porque ela n\u00e3o est\u00e1 realmente convencida de que o produto \u00e9 \u00fatil; basicamente est\u00e1 mais focada em vender do que em entregar valor. Para os mascates geralmente falta a empatia necess\u00e1ria para ter insights e criar coisas que os usu\u00e1rios realmente queiram.<\/p>\n\n\n\n

    Facilitador<\/strong>: se a pessoa desenvolve algo que usaria e realmente \u00e9 \u00fatil, ent\u00e3o seu uso pode trazer h\u00e1bitos positivos. Exce\u00e7\u00e3o para produtos relacionados a uma faixa et\u00e1ria \u00e0 qual voc\u00ea n\u00e3o pertence (tipo, voc\u00ea \u00e9 adulto e o produto \u00e9 para adolescentes). Mesmo assim, voc\u00ea n\u00e3o pode se considerar um facilitador se voc\u00ea n\u00e3o usa o produto em primeira m\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

    Traficante<\/strong>: a pessoa desenvolve um produto que n\u00e3o usaria e acredita tamb\u00e9m que n\u00e3o melhora a vida dos usu\u00e1rios. Precisa dizer mais?<\/p>\n\n\n\n

    Animador<\/strong>: nesse caso, o desenvolvedor s\u00f3 quer divertir a si e aos outros. \u00c9 mais um produto de entretenimento. Aqui, o desafio \u00e9 grande, pois \u00e9 preciso estar constantemente conectado com os usu\u00e1rios para saber o que mudar para n\u00e3o entedi\u00e1-los.<\/p>\n\n\n\n

    Pois \u00e9, tem toda uma quest\u00e3o \u00e9tica quando se desenvolve uma ferramenta (e se divulga) que facilita o desenvolvimento de produtos que podem viciar as pessoas. Por outro lado, \u00e9 bom a gente conhecer as ferramentas que est\u00e3o sendo usadas para  nos viciar; s\u00f3 assim podemos nos defender melhor.<\/p>\n\n\n\n

    Por \u00faltimo, uma quest\u00e3o muito interessante que o autor coloca. Ele diz que criar produtos que formam h\u00e1bitos \u00e9 uma esp\u00e9cie de superpoder<\/strong><\/em>.<\/p>\n\n\n\n

    E se n\u00e3o pode ser usado para o mal, ent\u00e3o n\u00e3o \u00e9 um superpoder<\/strong><\/em>.<\/p>\n\n\n\n

    N\u00e9?<\/p>\n\n\n\n


    NOTA 1: Uma curiosidade sobre como esse livro veio parar na minha m\u00e3o. Ele j\u00e1 estava na minha lista de desejos da Amazon (que \u00e9 imensa e s\u00f3 faz crescer) h\u00e1 alguns meses, mas sempre acabava priorizando outros. Pois dia desses apareceu uma caixa cheia de livros no hall de entrada do meu pr\u00e9dio com a placa \u201cZu verschenken<\/em>\u201d (doa\u00e7\u00e3o); isso \u00e9 muito comum aqui em Berlim. Em todo lugar a gente encontra caixas com livros e objetos diversos nas cal\u00e7adas, pr\u00e9dios e pontos de \u00f4nibus. J\u00e1 peguei um sapato, duas molduras, tr\u00eas bolsas e in\u00fameros livros; acho uma del\u00edcia! Pois esse livro estava novinho dentro da caixa com v\u00e1rios outros interessant\u00edssimos. Bacana, n\u00e9?<\/p>\n\n\n\n

    NOTA 2: Tem um epis\u00f3dio do cal Berlim Tech Taks onde a gente fala a respeito desse livro. Olha aqui:<\/p>\n\n\n\n

    \n