Ian McEwan \u00e9 um escritor que gosto demais. Eles fez coisas maravilhosas, como Solar<\/a> e S\u00e1bado<\/a>; outras obras, menos brilhantes, como Amsterdam<\/a> e Jardim de Cimento<\/a>, tamb\u00e9m est\u00e3o longe de ser ruins.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Ent\u00e3o, quando fiquei sabendo do lan\u00e7amento de Machines Like Me <\/em>(Tradu\u00e7\u00e3o livre: \u201cM\u00e1quinas como eu\u201d), n\u00e3o podia perder de jeito nenhum. N\u00e3o coloco o livro na mesma categoria dos meus preferidos, mas mesmo assim gostei bastante.<\/p>\n\n\n\n\n\n\n\n

A hist\u00f3ria se passa nos in\u00edcio dos anos 1980, quando a Inglaterra se envolveu na Guerra das Malvinas. Alan Turing, o grande matem\u00e1tico, ainda vive e trabalha (nesse passado alternativo, em vez de aceitar o tratamento hormonal de castra\u00e7\u00e3o qu\u00edmica que o levou \u00e0 depress\u00e3o e \u00e0 morte em 1954 por causa do crime de homosexualismo, ele preferiu ser preso e aproveitou o tempo na pris\u00e3o para avan\u00e7ar em seus estudos). Por conta dessa mudan\u00e7a no curso da hist\u00f3ria, Alan consegue avan\u00e7ar nas pesquisas de intelig\u00eancia artificial e sua empresa produz os primeiros 25 rob\u00f4s humanoides da hist\u00f3ria. Essas m\u00e1quinas, chamadas de Ad\u00e3o na vers\u00e3o masculina e Eva, na feminina, chegam a desenvolver sentimentos e desfrutam de dilemas semelhantes aos seus inspiradores de carne, osso e consci\u00eancia.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Charlie, o protagonista, \u00e9 um aficcionado por tecnologia, mas acaba estudando antropologia. Chegado a meios n\u00e3o muito honestos de conseguir dinheiro, teve que prestar trabalhos volunt\u00e1rios devido a um desvio de conduta em seu \u00faltimo emprego. Ele tenta sobreviver passando o dia especulando o mercado de a\u00e7\u00f5es num computador instalado em seu quarto.<\/p>\n\n\n\n

Um belo dia, o mo\u00e7o recebe uma heran\u00e7a milion\u00e1ria deixada pela av\u00f3. Em vez de investi-la em alguma forma de sobreviver, decide comprar um Ad\u00e3o. Na tentativa de se aproximar mais da vizinha, uma estudante de literatura por quem est\u00e1 apaixonado, divide com ela a tarefa de configur\u00e1-lo (para definir a personalidade da m\u00e1quina, h\u00e1 longos question\u00e1rios com perguntas sobre comportamentos que precisam ser respondidas).<\/p>\n\n\n\n

O Ad\u00e3o se mostra, previsivelmente, inteligent\u00edssimo, sens\u00edvel, culto, educado e\u2026 apaixonado por Miranda, a tal vizinha, o que d\u00e1 origem a um curioso tri\u00e2ngulo amoroso. <\/p>\n\n\n\n

Ao logo da hist\u00f3ria, que mostra a pol\u00edtica brit\u00e2nica como pano de fundo, a crise e a situa\u00e7\u00e3o de Margareth Tatcher, eventos v\u00e3o acontecendo; Charlie descobre, com a ajuda de Ad\u00e3o, que Miranda esconde um terr\u00edvel segredo.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, Charlie e Ad\u00e3o descobrem que v\u00e1rios dos rob\u00f4s da s\u00e9rie est\u00e3o programando o pr\u00f3prio suic\u00eddio, eles inutilizam os circuitos internos e disparam v\u00edrus que impedem o software de funcionar corretamente.<\/p>\n\n\n\n

Poderia ser um livro de Isaac Asimov, onde os rob\u00f4s, para usar as palavras da psic\u00f3loga de rob\u00f4s Susan Calvin, s\u00e3o seres essencialmente decentes. Programados para ser corretos, foge \u00e0 sua compreens\u00e3o o comportamento dos humanos, que deveriam ser seus modelos. Eles simplesmente n\u00e3o conseguem lidar com os paradoxos da exist\u00eancia e colapsam.<\/p>\n\n\n\n

Ad\u00e3o interfere na vida de Charlie e Miranda da forma como entende ser o correto, o que resulta numa cat\u00e1strofe para a vida de ambos.<\/p>\n\n\n\n

Como o pr\u00f3prio McEwan esclarece, esse n\u00e3o \u00e9 um livro de fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica, mas de fic\u00e7\u00e3o especulativa. Aqui se imagina os problemas psicol\u00f3gicos, morais e \u00e9ticos advindos da cria\u00e7\u00e3o de um ser n\u00e3o apenas mais inteligente que os humanos, mas tamb\u00e9m mais decente.<\/p>\n\n\n\n

Asimov gostaria de ler.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Como seria se Alan Turing n\u00e3o tivesse morrido e continuasse com suas pesquisas at\u00e9 criar intelig\u00eancia artificial com consci\u00eancia?<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":25872,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[23,57,75,49,108,77],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/12\/IMG_3917.jpeg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/25871"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=25871"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/25871\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":25876,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/25871\/revisions\/25876"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/25872"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=25871"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=25871"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=25871"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}