Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794
{"id":2601,"date":"2009-08-24T20:46:22","date_gmt":"2009-08-24T23:46:22","guid":{"rendered":"http:\/\/ligiafascioni.com.br\/blog\/?p=2601"},"modified":"2009-08-24T20:46:22","modified_gmt":"2009-08-24T23:46:22","slug":"alongando-neuronios","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/alongando-neuronios\/","title":{"rendered":"Alongando neur\u00f4nios…"},"content":{"rendered":"

<\/p>\n

\"\"<\/a><\/p>\n

Vivo ouvindo gente dizendo que n\u00e3o gosta de matem\u00e1tica porque n\u00e3o se d\u00e1 bem com n\u00fameros. Mas matem\u00e1tica n\u00e3o \u00e9 sin\u00f4nimo de n\u00fameros, que, ali\u00e1s, s\u00e3o uma parte bem pequena dessa bela ci\u00eancia. Mais que desfilar algarismos, a matem\u00e1tica trata de organizar id\u00e9ias abstratas para que se possa manipul\u00e1-las com precis\u00e3o. Quem estudou c\u00e1lculo avan\u00e7ado sabe que as equa\u00e7\u00f5es s\u00e3o constru\u00eddas com praticamente todo o alfabeto latino e grego; os n\u00fameros entram bem no finalzinho do racioc\u00ednio \u2013 isso quando entram.<\/p>\n

\n

Pois passei os \u00faltimos dias encantada com \u201cA solu\u00e7\u00e3o de Poincar\u00e9: em busca da forma do universo<\/em><\/strong>\u201d, de Donal O\u00b4Shea. O livro explica a solu\u00e7\u00e3o de um dos problemas matem\u00e1ticos mais complexos do nosso tempo de uma maneira simples, que leigos como eu possam entender do que se trata, e, mais que isso, o valor dessa solu\u00e7\u00e3o para o conhecimento humano.<\/p>\n

\n

O livro come\u00e7a falando sobre como chegamos \u00e0 conclus\u00e3o de que a terra \u00e9 redonda, fato j\u00e1 sabido l\u00e1 pelos 200 A.C., quando o ent\u00e3o diretor da m\u00edtica Biblioteca de Alexandria, Erast\u00f3tenes, calculou o di\u00e2metro da terra com um inacredit\u00e1vel erro de apenas 3% contando s\u00f3 com o aux\u00edlio da trigonometria e da geometria herdadas de Pit\u00e1goras. Tudo isso medindo apenas as diferen\u00e7as dos \u00e2ngulos do sol em dois lugares de dist\u00e2ncia conhecida.<\/p>\n

\n

O belga Gehrard Mercator revolucionou a maneira como os mapas eram feitos ao projetar no plano \u00e1reas que cobriam a esfera da terra (e por isso, eram um pouco curvas). Ali\u00e1s, chamamos de Atlas uma cole\u00e7\u00e3o de mapas porque Mercator costumava encadernar os seus em brochuras que tinham o deus grego Atlas na capa (aquele sujeito que aparece carregando o mundo nas costas). Com o tempo, a terra toda foi esquadrinhada em mapas e a miss\u00e3o dos ge\u00f3grafos (e matem\u00e1ticos) era montar o quebra-cabe\u00e7as juntando as partes para formar um globo. Mas se a terra tivesse o formato de um tor\u00f3ide (a forma de uma c\u00e2mera de ar de pneu ou uma rosca com um furo no meio), as propriedades seriam bem parecidas; como saber? A terra poderia ter infinitas outras formas plenamente justific\u00e1veis. S\u00f3 as demonstra\u00e7\u00f5es matem\u00e1ticas \u00e9 que conseguiram mostrar que a terra tem o formato ge\u00f3ide (esfera com os p\u00f3los achatados) antes de podermos voar e olh\u00e1-la de fora para ter certeza absoluta de que n\u00e3o viv\u00edamos na superf\u00edcie de uma rosca.<\/p>\n

\n

Em resumo, os mapas, quadradinhos de duas dimens\u00f5es (largura e altura), s\u00e3o montados e curvados para construir a terra, que tem uma dimens\u00e3o a mais, a profundidade (que a gente s\u00f3 percebe se olhar de fora). Pois o pr\u00f3ximo passo natural \u00e9 pensar a forma do universo, confere?<\/p>\n

\n

S\u00f3 que agora, os mapas n\u00e3o s\u00e3o mais folhinhas de papel, mas cubos transparentes que pegam pedacinhos do universo contendo planetas, gal\u00e1xias e buracos negros. Os estudos matem\u00e1ticos indicam que o universo n\u00e3o \u00e9 infinito, por mais que possamos vagar indefinidamente por ele (a terra \u00e9 finita e podemos andar infinitamente por ela sem parar). Pois o desafio \u00e9 juntar esses cubinhos para construir a forma do universo, que, pela l\u00f3gica, precisa ter uma dimens\u00e3o a mais quando visto de fora.<\/p>\n

\n

S\u00f3 que, como a gente n\u00e3o pode sair do universo para olhar que forma ele tem, teremos que contar unicamente com a matem\u00e1tica para nos ajudar. H\u00e1 tempos se sabe que essa quarta dimens\u00e3o \u00e9 o tempo, e, para montar a figura, ter\u00edamos que \u201ccurvar\u201d essa dimens\u00e3o e encaixar os mapas tridimensionais para formar o universo quadrimensional (a gente n\u00e3o consegue imaginar como \u00e9 porque s\u00f3 consegue visualizar coisas com somente altura, largura e profundidade, no m\u00e1ximo).<\/p>\n

\n

Mas os matem\u00e1ticos, sujeitos para l\u00e1 de imaginativos, n\u00e3o s\u00f3 conseguem visualizar como tamb\u00e9m equacionar todas as rela\u00e7\u00f5es em qualquer n\u00famero de dimens\u00f5es.<\/p>\n

\n

Donal O\u00b4Shea vai explicando os princ\u00edpios aos poucos e a sensa\u00e7\u00e3o clara \u00e9 que os meus neur\u00f4nios v\u00e3o se esticando e se alongando para acompanhar o racioc\u00ednio. Sensa\u00e7\u00e3o deliciosa e inexplic\u00e1vel; s\u00f3 adianto que d\u00f3i um pouco quando a gente est\u00e1 enferrujada.<\/p>\n

\n

A tal conjectura de Poincar\u00e9, que s\u00f3 conseguiu ser provada em 2003, fala justamente sobre a forma do universo e a equa\u00e7\u00e3o que a descreve. Em matem\u00e1tica, os achismos e opini\u00f5es s\u00e3o completamente descartados e o rigor de defini\u00e7\u00f5es e procedimentos \u00e9 fundamental para que as conclus\u00f5es sejam provadas sem espa\u00e7o para d\u00favidas de qualquer tipo; por isso demorou tanto para se ter certeza.<\/p>\n

\n

Ainda estou no come\u00e7o do livro (agora ele vai come\u00e7ar a explicar como o russo Grigory Perelman conseguiu provar a conjectura) e os neur\u00f4nios j\u00e1 est\u00e3o doloridos, mas vou continuar assim mesmo (a tenta\u00e7\u00e3o de saber mais \u00e9 maior). Que assombrosa capacidade de abstra\u00e7\u00e3o essas pessoas aparentemente t\u00e3o discretas conseguem ter, n\u00e9? A maior parte \u00e9 assim quietinha porque carrega, literalmente, um universo inteiro dentro da cabe\u00e7a.<\/p>\n

\n

Mas o que mais me impressionou at\u00e9 agora foi a contextualiza\u00e7\u00e3o do feito. O brilhante Henri Poincar\u00e9 esbo\u00e7ou sua conjectura em 1904, e, desde ent\u00e3o, o problema tem sido exaustivamente estudado por gente do mundo inteiro. Sua import\u00e2ncia \u00e9 tal que um instituto de pesquisa americano ofereceu U$ 1 milh\u00e3o para quem conseguisse prov\u00e1-lo. Depois que o russo publicou um artigo, em 2002, com um esbo\u00e7o de solu\u00e7\u00e3o, matem\u00e1ticos de v\u00e1rias nacionalidades trabalharam em conjunto e acrescentaram observa\u00e7\u00f5es que ajudaram a esclarecer os pontos obscuros e expandir trechos concisos demais. O trabalho teria sido inconceb\u00edvel 30 anos antes, quando muitas das t\u00e9cnicas utilizadas ainda n\u00e3o existiam.<\/p>\n

\n

Fico realmente comovida em saber que centenas de estudiosos conseguiram superar seus egos para contribuir com a solu\u00e7\u00e3o de um problema cujo pr\u00eamio e reconhecimento seria dado a algu\u00e9m que eles sequer conheciam pessoalmente. Talvez porque calcular forma do universo seja uma coisa t\u00e3o grandiosa que tudo fica pequeno e sem import\u00e2ncia diante disso.<\/p>\n

\n

Fiquei pensando que, se em todas as atividades humanas (incluindo o design) as pessoas fossem t\u00e3o generosas quanto esses matem\u00e1ticos, qu\u00e3o mais avan\u00e7ados j\u00e1 ser\u00edamos, heim?<\/p>\n

\n

Talvez estejamos todos precisando um pouco mais de gin\u00e1stica mental…<\/p>\n

\n

L\u00edgia Fascioni | www.ligiafascioni.com.br<\/a><\/p>\n

<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Pois passei os \u00faltimos dias encantada com \u201cA solu\u00e7\u00e3o de Poincar\u00e9: em busca da forma do universo\u201d, de Donal O\u00b4Shea. O livro explica a solu\u00e7\u00e3o de um dos problemas matem\u00e1ticos mais complexos do nosso tempo de uma maneira simples, que leigos como eu possam entender do que se trata, e, mais que isso, o valor dessa solu\u00e7\u00e3o para o conhecimento humano.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":2602,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,46,25,49,51],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2601"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2601"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2601\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2601"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2601"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2601"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}