Eu me lembro vagamente de ter assistido um filme japon\u00eas com esse t\u00edtulo durante um voo, numa das viagens que fiz ao Brasil. N\u00e3o me recordava direito da hist\u00f3ria, mas fiquei muito atra\u00edda quando vi um livro com o mesmo t\u00edtulo numa livraria de museu. \u201cIf cats disappeared from the world<\/em>\u201d, do japon\u00eas Genki Kawamura, \u00e9 interessante, apesar da montanha de clich\u00eas e da linguagem adolescente cheia de interjei\u00e7\u00f5es um pouco chatinha (para mim).<\/p>\n\n\n\n\n\n\n\n

A hist\u00f3ria \u00e9 a seguinte: um carteiro de 30 anos de idade recebe a not\u00edcia de que est\u00e1 com um c\u00e2ncer terminal e tem pouqu\u00edssimo tempo de vida. Atordoado, ele volta para casa onde mora com um gato e recebe a visita do diabo. O coisa-ruim, vejam s\u00f3, tem a mesma apar\u00eancia que ele, s\u00f3 que se veste ao contr\u00e1rio. O mo\u00e7o \u00e9 s\u00f3brio, e, fora o uniforme de trabalho, s\u00f3 usa preto e branco, sempre discreto e formal. O diabo se veste com cores e estampas berrantes e \u00e9 chegado num deboche.<\/p>\n\n\n\n

O carteiro passa a chamar o dem\u00f4nio de Aloha por causa da camiseta havaiana estampad\u00edssima. Pois bem: Aloha avisa que o rapaz morrer\u00e1 no dia seguinte (ent\u00e3o o tempo era mais curto do que ele imaginava), mas tem um neg\u00f3cio a propor. Se uma classe de coisas desaparecer do mundo, o mo\u00e7o ganha mais um dia de vida.<\/p>\n\n\n\n

Quem escolhe \u00e9 o capeta; cabe ao protagonista aceitar ou n\u00e3o a oferta. E a primeira coisa a ser eliminada do mundo s\u00e3o os telefones (fixos e celulares). O mo\u00e7o pensa que vai fazer falta para muita gente, mas acredita que um dia de vida dele seja mais importante. E aceita. <\/p>\n\n\n\n

Ele tem direito a usar pela \u00faltima vez o telefone e liga para uma ex-namorada que trabalha numa bilheteria de cinema (ambos amam cinema). Quando ele vai encontr\u00e1-la, percebe que ningu\u00e9m est\u00e1 usando telefone no metr\u00f4 e a coisa n\u00e3o parece estar fazendo muita falta, com direito a reflex\u00f5es previs\u00edveis sobre o tema.<\/p>\n\n\n\n

No dia seguinte, Aloha prop\u00f5e acabar com os filmes. Mesmo sabendo o sofrimento que ir\u00e1 causar nas pessoas que, como ele, amam essa arte (nem vamos falar dos empregos), o mo\u00e7o topa. E as coisas v\u00e3o indo, com ele refletindo sobre a import\u00e2ncia dos objetos na vida das pessoas (pessoalmente, achei-o impressionantemente ego\u00edsta, principalmente se a gente pensar que tudo isso seria s\u00f3 por um dia a mais de vida).<\/p>\n\n\n\n

No pr\u00f3ximo dia, o que desaparece s\u00e3o os rel\u00f3gios, e a\u00ed segue toda aquela filosofia barata e clich\u00ea sobre o tempo e como os humanos ficaram presos com a inven\u00e7\u00e3o do rel\u00f3gio. Penso que o mais interessante da narrativa \u00e9 a hist\u00f3ria paralela sobre as lembran\u00e7as dele com sua m\u00e3e e seu pai. De como sua m\u00e3e adotou o primeiro gato, que se foi com 10 anos levado por um c\u00e2ncer. E o segundo gato, que foi morar com ele h\u00e1 quatro anos, depois que a m\u00e3e faleceu. E da dificuldade de relacionamento dele com o pai, um relojoeiro, com quem n\u00e3o fala desde o ocorrido.<\/p>\n\n\n\n

Por \u00faltimo, como esperado, Aloha prop\u00f5e que todos os gatos do mundo desapare\u00e7am. Mas acho que j\u00e1 contei demais e n\u00e3o quero dar spoiler<\/em>, apesar do final nada surpreendente (pelo menos para mim).<\/p>\n\n\n\n

Enfim, a ideia \u00e9 bacana, mas penso que a hist\u00f3ria poderia ser mais bem contada. De qualquer maneira, vale a leitura.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

E se para ganhar mais um dia de vida (sendo que voc\u00eas j\u00e1 est\u00e1 no \u00faltimo), todos os gatos tivessem que desaparecer do mundo?<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":26090,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[1],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2020\/06\/IMG_9925-scaled.jpg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26089"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=26089"}],"version-history":[{"count":2,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26089\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":26092,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26089\/revisions\/26092"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/26090"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=26089"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=26089"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=26089"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}