Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794
{"id":26100,"date":"2020-06-30T11:57:08","date_gmt":"2020-06-30T14:57:08","guid":{"rendered":"http:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/?p=26100"},"modified":"2020-06-30T12:31:46","modified_gmt":"2020-06-30T15:31:46","slug":"a-ilusao-do-conhecimento","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/a-ilusao-do-conhecimento\/","title":{"rendered":"A ilus\u00e3o do conhecimento"},"content":{"rendered":"\n

J\u00e1 tinha lido sobre a import\u00e2ncia do trabalho colaborativo para o desenvolvimento da ra\u00e7a humana em livros e textos do Yuval Harari, mas \u201cThe knowledge illusion: why we never think alone<\/em>\u201d, dos cientistas cognitivos Steven Sloman e Philip Fernbach trata especificamente disso. E olha, \u00e9 um soco na cara dos mais bem dados (e merecidos).<\/p>\n\n\n\n\n\n\n\n

A dupla come\u00e7a falando coisas um pouco \u00f3bvias, mas que n\u00e3o custa lembrar: nenhum ser humano consegue conhecer tudo sobre todas as coisas. A gente sabe disso, mas se esquece muito facilmente. O fato \u00e9 que somos muito mais ignorantes do que nos damos conta. <\/p>\n\n\n\n

O que acontece \u00e9 que a gente acha que entende de um determinado tema, mas n\u00e3o entende. Ao ouvir (ler ou assistir) uma explica\u00e7\u00e3o, o que o nosso c\u00e9rebro faz \u00e9, no meio de tanta informa\u00e7\u00e3o nova, tentar identificar alguma ideia, palavra ou conceito familiar. Feito isso, o c\u00e9rebro d\u00e1 o assunto por entendido e segue em frente. \u00c9 o famoso \u201centendi, mas n\u00e3o consigo explicar\u201d. <\/p>\n\n\n\n

Na verdade, n\u00e3o entendeu; o que aconteceu \u00e9 que a pessoa pescou algumas palavras que ela conhecia e j\u00e1 se sentiu menos desconfort\u00e1vel (acontece muito quando a gente l\u00ea\/ouve em outra l\u00edngua), mas n\u00e3o conseguiu compreender a ess\u00eancia. \u00c9 o tal do analfabetismo funcional. Voc\u00ea se identificou? N\u00e3o se preocupe, todo mundo \u00e9 assim; s\u00f3 variam os assuntos. Nossos filtros internos acham as palavras-chave que nos interessam e descartam o resto; a familiaridade nos traz conforto e a ilus\u00e3o do conhecimento.<\/p>\n\n\n\n

A outra quest\u00e3o que tira a dimens\u00e3o de qu\u00e3o ignorantes somos \u00e9 que a gente confunde o acesso \u00e0 informa\u00e7\u00e3o com a informa\u00e7\u00e3o propriamente dita. Nossa mente \u00e9 desenhada para acreditar que a linha que separa o que eu sei com o que o outro sabe quase n\u00e3o existe. O que est\u00e1 dentro do nosso c\u00e9rebro \u00e9 o que a gente de fato sabe e domina. Mas em tempos de internet a gente acaba acreditando que tudo o que est\u00e1 dispon\u00edvel na rede tamb\u00e9m faz parte do nosso conhecimento. N\u00e3o faz; s\u00f3 o far\u00e1 quando esse conhecimento for acessado e realmente compreendido. <\/p>\n\n\n\n

Um dos testes para mostrar como a gente acha que sabe das coisas mesmo quando n\u00e3o sabe chama-se IoED \u2014 Illusion of Explanatory Depth<\/em> \u2014 e consiste em perguntar para uma pessoa, por exemplo, o quanto ela sabe sobre o funcionamento dos z\u00edperes, de 1 a 7. Fa\u00e7a voc\u00ea tamb\u00e9m. Boa parte das pessoas, como est\u00e1 bem familiarizado com o objeto, d\u00e1 notas altas. <\/p>\n\n\n\n

O pr\u00f3ximo passo \u00e9 usar uma folha em branco para explicar em detalhes o funcionamento do neg\u00f3cio. A\u00ed \u00e9 que a gente se d\u00e1 conta de que n\u00e3o sabe tanto quanto pensava. Quando se pede a nota novamente, os n\u00fameros caem bastante. Vale para qualquer objeto, evento hist\u00f3rico, conceito pol\u00edtico ou cultural, enfim, a escolha \u00e9 livre. Somos ignorantes em tudo.<\/p>\n\n\n\n

Reconhecer a dimens\u00e3o da nossa ignor\u00e2ncia e os limites do nosso conhecimento sobre as coisas abre nossas mentes para as ideias das outras pessoas e, por conseguinte, acaba por ampliar nosso entendimento.<\/p>\n\n\n\n

O problema de n\u00e3o reconhecer qu\u00e3o pouco sabemos \u00e9 que o mundo est\u00e1 ficando mais e mais complexo em n\u00edveis exponenciais. E, n\u00e3o sabendo lidar com essa complexidade, o ser humano tende a buscar o conforto em dogmas, r\u00f3tulos e receitas prontas. \u00c9 claro que n\u00e3o d\u00e1 muito certo, como estamos vendo nesses tempos de radicalismos em todos os n\u00edveis. Quanto mais complexo, mais apavorante; e mais as pessoas travam e n\u00e3o pensam. <\/p>\n\n\n\n

As pessoas adoram her\u00f3is, porque eles s\u00e3o simples, t\u00eam boa apar\u00eancia e, n\u00e3o raro, t\u00eam superpoderes. Nos humanos, a gente tende a atribuir o superpoder da genialidade colocando, por exemplo, todo o m\u00e9rito de um \u00e1rduo trabalho em equipe para uma s\u00f3 pessoa.  Mesmo os mais brilhantes cientistas s\u00e3o tratados como se trabalhassem numa bolha, sem a colabora\u00e7\u00e3o de ningu\u00e9m, usando zero conhecimento desenvolvido anteriormente e n\u00e3o pudessem contar com a ajuda de laborat\u00f3rios de pesquisa, equipes de estudantes e colegas que contribuem com opini\u00f5es e cr\u00edticas. <\/p>\n\n\n\n

Mas, na vida real, ningu\u00e9m trabalha no v\u00e1cuo. Mesmo dentro de uma \u00e1rea espec\u00edfica, ningu\u00e9m domina todo o conhecimento necess\u00e1rio.<\/p>\n\n\n\n

Vejam: o homem foi \u00e0 lua, desenvolveu equipamentos incr\u00edveis, intelig\u00eancia artificial, rob\u00f4s, engenharia gen\u00e9tica e tudo mais. Mas ser\u00e1 que o ser humano \u00e9 realmente t\u00e3o genial? <\/p>\n\n\n\n

Pegue uma pessoa qualquer, mesmo que muito inteligente, mesmo muito especialista no assunto (por exemplo, um engenheiro aeron\u00e1utico) e pe\u00e7a para ele construir um avi\u00e3o desses atuais, s\u00f3 que sozinho.   <\/p>\n\n\n\n

Nem o melhor e mais estrelado dos profissionais consegue, pois ele n\u00e3o tem o conhecimento em todas as \u00e1reas que o empreendimento precisa. E isso vale para praticamente tudo. Mesmo um cientista ganhador do Nobel n\u00e3o desenvolve solitariamente uma vacina; um g\u00eanio da arquitetura n\u00e3o tem como construir um pr\u00e9dio sem muita e variada ajuda. Os saberes s\u00e3o diversos e quanto mais complexa a coisa, mas conhecimentos que n\u00e3o cabem numa cabe\u00e7a s\u00f3 s\u00e3o necess\u00e1rios.  <\/p>\n\n\n\n

E mais importante: a contribui\u00e7\u00e3o que n\u00f3s fazemos como indiv\u00edduos para que esse todo funcione depende mais da nossa habilidade em trabalhar com os outros do que da nossa intelig\u00eancia ou conhecimento. <\/p>\n\n\n\n

A intelig\u00eancia individual \u00e9 superestimada<\/strong>. E n\u00e3o sou eu quem est\u00e1 dizendo.<\/p>\n\n\n\n

Quando m\u00faltiplos sistemas cognitivos trabalham juntos, a intelig\u00eancia resultante do grupo vai muito al\u00e9m do que a soma das intelig\u00eancias individuais. <\/p>\n\n\n\n

Outra coisa interessant\u00edssima \u00e9 sobre a maneira como a gente pensa com rela\u00e7\u00e3o \u00e0 l\u00f3gica causal. H\u00e1 basicamente dois tipos de perfis: os intuitivos e os deliberativos.<\/p>\n\n\n\n

A l\u00f3gica causal serve \u00e0 infraestrutura do pensamento; mas seres humanos n\u00e3o pensam normalmente em termos l\u00f3gicos. <\/p>\n\n\n\n

O pensamento intuitivo \u00e9 r\u00e1pido, emocional e espont\u00e2neo. Se pe\u00e7o para algu\u00e9m dizer o nome de um animal come\u00e7ando com a letra \u201ce\u201d,  a maioria vai falar \u201celefante”como a primeira coisa que vem \u00e0 mente; n\u00e3o requer esfor\u00e7o ou concentra\u00e7\u00e3o. A intui\u00e7\u00e3o \u00e9 decisiva e n\u00e3o duvida; resolve tudo rapidamente e com paix\u00e3o. A intui\u00e7\u00e3o depende da constru\u00e7\u00e3o mental e das experi\u00eancias anteriores de cada indiv\u00edduo.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 o pensamento deliberativo exige mais racioc\u00ednio intencional; ele n\u00e3o decide r\u00e1pido. Ao contr\u00e1rio, hesita. Na delibera\u00e7\u00e3o, \u00e9 como se, pensando sozinha, a pessoa conversasse com outra. Na delibera\u00e7\u00e3o, duvida-se das conclus\u00f5es r\u00e1pidas, questiona-se se realmente a resposta est\u00e1 correta.<\/p>\n\n\n\n

Quer ver um teste? Um taco e uma bola juntos custam R$ 11,00. O taco custa R$ 10,00 a mais que a bola. Quanto custa a bola?<\/p>\n\n\n\n

Voc\u00ea respondeu R$ 1,00? Est\u00e1 em boa e grande companhia. Mas essa \u00e9 a resposta intuitiva e errada. <\/p>\n\n\n\n

Pense: se a bola custasse R$ 1, o taco teria que custar R$ 10 a mais, portanto, R$ 11. E o resultado seria R$ 12. A resposta certa \u00e9 R$ 0,50 ( o taco custaria R$ 10,50).<\/p>\n\n\n\n

Poucas pessoas (as de perfil deliberativo) se d\u00e3o ao trabalho de fazer a conta, pois a resposta parece \u00f3bvia.<\/p>\n\n\n\n

Aqui um outro exemplo: num lago, a \u00e1rea da vegeta\u00e7\u00e3o de plantas aqu\u00e1ticas que cobrem a superf\u00edcie dobra a cada dia. Se o lago leva 48 dias para ser coberto, em quantos dias ele est\u00e1 na metade? 24? Tem certeza? Coloque a\u00ed seu pensamento deliberativo para funcionar, gente!<\/p>\n\n\n\n

Porque o mundo \u00e9 complexo demais e porque h\u00e1 muitas e variadas situa\u00e7\u00f5es e problemas a resolver, nenhum dos perfis \u00e9 perfeito; ambos s\u00e3o incertos, incompletos e imprecisos. \u00c9 humanamente imposs\u00edvel ter todas as informa\u00e7\u00f5es necess\u00e1rias sobre uma determinada quest\u00e3o; \u00e9 preciso escolher algumas vari\u00e1veis mais importantes e tomar as decis\u00f5es com base nelas, ignorando as demais.<\/p>\n\n\n\n

Mas, para fins de colabora\u00e7\u00e3o, os deliberativos s\u00e3o melhores, pois duvidam de sua pr\u00f3pria capacidade e pedem ajuda (mesmo que seja para conferir). Quanto mais no\u00e7\u00e3o a gente tem da nossa pr\u00f3pria ignor\u00e2ncia, mais a gente est\u00e1 aberto para aprender e, mais importante, colaborar.<\/p>\n\n\n\n

Os autores lembram que, de todas as esp\u00e9cies, somente o ser humano \u00e9 capaz de interpretar as inten\u00e7\u00f5es do outro e colaborar. Uma curiosidade: entre os primatas, os mais soci\u00e1veis (portanto, os que mais colaboram), s\u00e3o os que t\u00eam c\u00e9rebros maiores, pois a socializa\u00e7\u00e3o exige desenvolver fun\u00e7\u00f5es neuronais complexas.<\/p>\n\n\n\n

Os seres humanos t\u00eam outra habilidade que os torna especiais: eles compartilham conhecimento intencionalmente. Inclusive se organizam e desenvolvem m\u00e9todos para transmitir o conhecimento adquirido para as outras pessoas. <\/p>\n\n\n\n

Segundo Sloman e Fernbach, essa \u00e9 a caracter\u00edstica mais importante e diferencial do ser humano, que o distingue de todas as demais esp\u00e9cies: a capacidade de armazenar e compartilhar conhecimento. S\u00f3 por isso conseguimos avan\u00e7ar a cada nova gera\u00e7\u00e3o. N\u00e3o \u00e9 que os indiv\u00edduos fiquem mais inteligentes; mas o grupo, com certeza, fica.<\/p>\n\n\n\n

E mais os seres humanos mais inteligentes s\u00e3o aqueles capazes de entender, se comunicar e compartilhar conhecimento com outras pessoas.<\/p>\n\n\n\n

Muito do entendimento humano consiste em ter consci\u00eancia de que o conhecimento est\u00e1 fora. Um entendimento mais sofisticado usualmente consiste em saber onde encontrar esse conhecimento. Mas somente os verdadeiros eruditos t\u00eam esse conhecimento dispon\u00edvel em suas pr\u00f3prias mem\u00f3rias.<\/p>\n\n\n\n

O livro traz ainda discuss\u00f5es sobre o conhecimento e a tecnologia, sobre a defini\u00e7\u00e3o de intelig\u00eancia e at\u00e9 insights (pelo menos para mim) sobre lideran\u00e7a. <\/p>\n\n\n\n

Olha, o melhor livro que eu li em anos. Verdade. Vai que eu garanto.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Resenha do sensacional \u201cThe knowledge illusion: why we never think alone\u201d, dos cientistas cognitivos Steven Sloman e Philip Fernbach.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":26101,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,46,23,25,57,79,49,99],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2020\/06\/IMG_7121.jpg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26100"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=26100"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26100\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":26105,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26100\/revisions\/26105"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/26101"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=26100"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=26100"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=26100"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}