Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794
{"id":26163,"date":"2020-09-12T07:49:55","date_gmt":"2020-09-12T10:49:55","guid":{"rendered":"http:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/?p=26163"},"modified":"2020-09-12T07:51:24","modified_gmt":"2020-09-12T10:51:24","slug":"o-que-um-escritor-tem-a-nos-dizer-sobre-ciencia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/o-que-um-escritor-tem-a-nos-dizer-sobre-ciencia\/","title":{"rendered":"O que um romancista tem a nos dizer sobre ci\u00eancia"},"content":{"rendered":"\n

A primeira vez que vi um romance do Ian McEwan foi no cinema, no filme Repara\u00e7\u00e3o<\/em>. Achei-o t\u00e3o sens\u00edvel, belo, instigante, que fui procurar outras obras dele (aquela j\u00e1 n\u00e3o dava mais; depois de ver o filme, n\u00e3o consigo ler o livro \u2014 minha mente j\u00e1 est\u00e1 contaminada com a vis\u00e3o do diretor).<\/p>\n\n\n\n

Ent\u00e3o li o bel\u00edssimo Na praia<\/em><\/strong> que narra um casal em lua de mel e seus sil\u00eancios mal entendidos. Depois Solar<\/em><\/strong><\/a>, na minha opini\u00e3o o mais genial de todos, em que um ganhador do pr\u00eamio Nobel de f\u00edsica vive \u00e0s custas da fama sem produzir mais nada de \u00fatil. Tamb\u00e9m entrei no cotidiano de um m\u00e9dico neurologista em S\u00e1bado<\/em><\/strong><\/a>, uma estranha fam\u00edlia de crian\u00e7as no Jardim de cimento<\/em><\/strong><\/a>, meti-me na briga de dois jornalistas em Amsterdam<\/em><\/strong><\/a> e por \u00faltimo levei um rob\u00f4 humanoide para casa em M\u00e1quinas como eu<\/em><\/strong><\/a>. <\/p>\n\n\n\n\n\n\n\n

Quando entrei numa das minhas livrarias favoritas aqui em Berlim (Lovestory of Berlin<\/em><\/a>, somente livros em ingl\u00eas, com excelente curadoria) e encontrei Science<\/em><\/strong>, de autoria dele, como parte de uma cole\u00e7\u00e3o tem\u00e1tica que ia de religi\u00e3o \u00e0 arte, passando por festas, mentiras, poder, fam\u00edlia, liberdade, guerra, dinheiro, desejo; enfim, fiquei curiosa porque convidaram um romancista para falar sobre ci\u00eancia. <\/p>\n\n\n\n

Depois entendi que a cole\u00e7\u00e3o Vintage Minis<\/a>, em edi\u00e7\u00e3o caprichad\u00edssima da Penguins Books<\/em> (uma capa mais linda que a outra) re\u00fane artigos j\u00e1 publicados sobre \u00edcones da literatura sobre determinado tema, al\u00e9m de trechos de livros do autor. Achei a ideia genial e quero muito ler os outros.<\/p>\n\n\n\n

Mas vamos ao Science<\/em><\/strong>. McEwan come\u00e7a falando que \u00e9 mais f\u00e1cil ser identificado e conhecido como um grande nome na literatura do que na ci\u00eancia. \u00c9 que a literatura, de certa maneira, \u00e9 acess\u00edvel todo ser humano; j\u00e1 a ci\u00eancia tem o entrave do c\u00f3digo matem\u00e1tico e da necessidade de conhecimento pr\u00e9vio para se entender uma quest\u00e3o. \u00c9 poss\u00edvel fazer infinitas releituras de Romeu e Julieta, numa linguagem que cada cultura consiga entender. J\u00e1 explicar a teoria da relatividade para a grande massa \u00e9 uma tarefa muito mais desafiadora.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, existe uma grande dist\u00e2ncia entre os mortais comuns e o cientistas, porque suas ideias s\u00e3o mais populares que eles pr\u00f3prios como pessoas. Mesmo entre os pesquisadores, pouqu\u00edssimos leram os Principia de Newton no original; quase todo o conhecimento \u00e9 transmitido  por terceiros \u00e0 revelia do autor.<\/p>\n\n\n\n

McEwan fala sobre o trabalho de Darwin e suas obras menos conhecidas, como \u201cA express\u00e3o das emo\u00e7\u00f5es no homem e nos animais<\/em>\u201d; um dos primeiros trabalhos cient\u00edficos com fotos de pessoas, inclusive de seu filho mais novo. Ele defendia que as emo\u00e7\u00f5es s\u00e3o rea\u00e7\u00f5es fisiol\u00f3gicas e que eram universais; usou esse argumento, inclusive, para combater o racismo de alguns colegas. <\/p>\n\n\n\n

Ian advoga que s\u00f3 \u00e9 poss\u00edvel desfrutar de uma obra liter\u00e1ria escrita num per\u00edodo hist\u00f3rico ou numa cultura muito diferente da nossa justamente porque podemos compartilhar das mesmas emo\u00e7\u00f5es. A literatura pode codificar tanto o c\u00f3digo gen\u00e9tico como o cultural; por isso \u00e9 mais acess\u00edvel que a ci\u00eancia. <\/p>\n\n\n\n

O autor tamb\u00e9m fala como, a partir do s\u00e9culo XIII, o conceito de individualidade surgiu na It\u00e1lia, com o Renascimento. Antes, a consci\u00eancia do homem s\u00f3 podia reconhec\u00ea-lo como membro de uma ra\u00e7a, de uma fam\u00edlia, de uma tribo, de uma cultura\u2026 nunca como indiv\u00edduo isolado. Ele fala tamb\u00e9m que isso afetou a maneira como as crian\u00e7as eram tratadas; no in\u00edcio, eram menos que animais dom\u00e9sticos, uma esp\u00e9cie de mini adultos incapazes.  <\/p>\n\n\n\n

McEwan fala ainda sobre a originalidade. Uma obra liter\u00e1ria, por mais med\u00edocre ou ruim que seja, \u00e9 \u00fanica e tem claramente um autor. J\u00e1 uma descoberta cient\u00edfica incorre numa disputa de quem chega primeiro, quem deixar\u00e1 seu nome na hist\u00f3ria. <\/p>\n\n\n\n

Em termos gerais, n\u00e3o faz muita diferen\u00e7a se foi Priestley ou Lavoisier quem descobriu o oxig\u00eanio, ou se a inven\u00e7\u00e3o do c\u00e1lculo foi obra de Newton ou Leibnitz. At\u00e9 por que, com as informa\u00e7\u00f5es dispon\u00edveis para todos, mais cedo ou mais tarde algu\u00e9m chegaria \u00e0s mesmas conclus\u00f5es (algo, ali\u00e1s, muito comum no campo da ci\u00eancia; dois ou mais autores chegarem \u00e0s mesmas conclus\u00f5es quase ao mesmo tempo). <\/p>\n\n\n\n

McEwan conta os bastidores da publica\u00e7\u00e3o de \u201cA origem das esp\u00e9cies<\/em>\u201d; Darwin ficou enrolando para escrever porque sabia que ia ferir a Igreja e n\u00e3o queria confus\u00e3o. Quando um pesquisador amigo Alfred Wallace, enviou-lhe um texto com a teoria perfeitamente formulada, a honra falou mais alto e o cientista se viu obrigado a enviar o artigo ao seu editor. Mas n\u00e3o sem antes correr para conversar com todos os seus contatos e negociar a publica\u00e7\u00e3o de um rascunho seu numa edi\u00e7\u00e3o anterior que chegava \u00e0s mesmas conclus\u00f5es. Eles apresentou toda a sua teoria em aulas magnas na Universidade de Oxford mesmo sem o trabalho ter sido totalmente conclu\u00eddo, apenas para garantir a prioridade na descoberta. <\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o se faz ci\u00eancia sem se apoiar em ombros de gigantes, como j\u00e1 dizia Newton. Einstein n\u00e3o conseguiria desenhar sua teoria geral da relatividade sem as ferramentas matem\u00e1ticas que seus colegas desenvolveram antes. \u00c9 um trabalho coletivo mais que tudo, por\u00e9m, tocado por seres humanos. Portanto, n\u00e3o livre de egos.<\/p>\n\n\n\n

No restante do livro, \u00e9 apresentado um cap\u00edtulo de Solar<\/em><\/strong><\/a>, em que um aluno empolgad\u00edssimo apresenta sua teoria de c\u00e9lulas voltaicas para seu c\u00e9tico e pregui\u00e7oso e orientador (que, mas tarde, ganhar\u00e1 o Nobel pelo trabalho roubado do aluno). O autor reflete sobre as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas e sobre como o tecnologia pode ajudar (ou n\u00e3o) a evitar o pior.<\/p>\n\n\n\n

Depois vem um trecho de Enduring Love<\/em><\/strong> (que ainda n\u00e3o li), onde o narrador observa pensativamente o passeio de formigas no seu jardim.<\/p>\n\n\n\n

Por \u00faltimo, um trecho de M\u00e1quinas como eu<\/em><\/strong><\/a>,<\/em><\/strong> que apresenta uma conversa entre um rob\u00f4 e seu propriet\u00e1rio. A obra discute quest\u00f5es sobre a intelig\u00eancia artificial e o quanto a humanidade ainda n\u00e3o est\u00e1 pronta para ela (por causa, principalmente, das ambiguidades humanas).<\/p>\n\n\n\n

Curiosa j\u00e1 para ler os outros Vintage Minis. Vamos?<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Um livrinho enxuto, mas surpreendente!<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":26164,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,46,49,110],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2020\/09\/Screenshot-2020-09-11-at-17.43.21.png","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26163"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=26163"}],"version-history":[{"count":2,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26163\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":26166,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26163\/revisions\/26166"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/26164"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=26163"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=26163"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=26163"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}