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{"id":26260,"date":"2020-10-27T09:44:25","date_gmt":"2020-10-27T12:44:25","guid":{"rendered":"http:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/?p=26260"},"modified":"2020-10-28T12:32:42","modified_gmt":"2020-10-28T15:32:42","slug":"a-startup-de-gutenberg","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/a-startup-de-gutenberg\/","title":{"rendered":"A startup de Gutenberg"},"content":{"rendered":"\n

H\u00e1 algumas semanas estive em Mainz, numa das experi\u00eancias mais legais da minha vida: visitei o Museu Gutenberg, instalado na casa onde morava o homem que inventou os tipos m\u00f3veis e revolucionou a comunica\u00e7\u00e3o no planeta. As fotos e o relato est\u00e3o aqui<\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Pois achei, na lojinha do museu, um romance de uma jornalista brit\u00e2nica especialista em prensas m\u00f3veis, publicado em 2014, que conta a epop\u00e9ia por tr\u00e1s dessa grande inven\u00e7\u00e3o. O livro \u00e9 \u201cGutenberg’s apprentice<\/strong><\/em>\u201d, de Alix Christie<\/strong>.<\/p>\n\n\n\n

Achei (penso que a autora tamb\u00e9m) que estivesse diante de um romance hist\u00f3rico. Tamb\u00e9m, mas n\u00e3o s\u00f3. <\/p>\n\n\n\n

\u00c9 um livro sobre empreendedorismo tecnol\u00f3gico e inova\u00e7\u00e3o com todos os ingredientes necess\u00e1rios: o desafio de desenvolver uma tecnologia inovadora; a dificuldade de encontrar investidores; o custo e o tempo que sempre superam as estimativas; os clientes que desistem em cima da hora, depois de um amplo investimento em mat\u00e9ria prima; as rela\u00e7\u00f5es pol\u00edticas e de poder, imprescind\u00edveis para o sucesso do neg\u00f3cio; a resist\u00eancia do mercado ao novo; a preocupa\u00e7\u00e3o com o segredo industrial; as frustra\u00e7\u00f5es, a falta de dinheiro e o des\u00e2nimo antes do grande boom<\/em>. Est\u00e1 tudo l\u00e1. <\/p>\n\n\n\n

E, olha, n\u00e3o quero dar spoiler<\/em>, mas o final foi bem inesperado para mim…<\/p>\n\n\n\n\n\n\n\n

QUANDO O INVESTIDOR QUER COLOCAR O FILHO NO NEG\u00d3CIO<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O protagonista da hist\u00f3ria \u00e9 Peter Schoeffer, o tal aprendiz, adotado ainda beb\u00ea por um rico comerciante de livros em Mainz, cidade natal de Gutenberg. Peter \u00e9 enviado a Paris para aprender a copiar livros com aquelas letras ornamentais (estamos em 1450 e todos os livros eram copiados \u00e0 m\u00e3o). O mo\u00e7o est\u00e1 feliz na cidade das luzes, comemorando porque conseguiu contatos para fazer encomendas importantes e se tornar um profissional respeitado, quando \u00e9 chamado pelo pai. Ele n\u00e3o pode recusar e volta para casa, de cora\u00e7\u00e3o partido.<\/p>\n\n\n\n

Johann Fust, o pai rico, est\u00e1 deslumbrado com o encontro que teve com um homem chamado Johannes Gutenberg. O sujeito mostrou a ele uma m\u00e1quina que conseguia imprimir livros, e at\u00e9 lhe deu uma amostra. Fust, um vision\u00e1rio, logo percebeu que uma revolu\u00e7\u00e3o estava por come\u00e7ar e n\u00e3o queria ficar fora dela. Investiu uma fortuna no neg\u00f3cio, mas com a condi\u00e7\u00e3o de que o filho trabalhasse no projeto como aprendiz. <\/p>\n\n\n\n

O rapaz ficou revoltado; copiar livros era uma arte. Imagina substituir uma habilidade t\u00e3o extraordin\u00e1ria por letras feias, numa tinta ruim, sem nenhum respeito pela longa tradi\u00e7\u00e3o. Mas ele n\u00e3o tinha alternativa; acabou se submetendo aos caprichos e ao mau humor de Gutenberg, igualmente revoltado pela interven\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Levou meses, mas Peter acabou encontrando uma forma de ser precioso na equipe enxut\u00edssima (al\u00e9m do aprendiz, Gutenberg contava apenas com mais tr\u00eas ajudantes).\u00a0<\/p>\n\n\n\n

O mo\u00e7o participou do desenvolvimento da tinta, que precisava ter boa pigmenta\u00e7\u00e3o, mas principalmente das fontes tipogr\u00e1ficas, letras g\u00f3ticas com muitas varia\u00e7\u00f5es de peso, ligaduras e inclina\u00e7\u00f5es, que teriam que ser desenhadas pensando na forma como seriam fundidas em metal. <\/p>\n\n\n\n

No total, a composi\u00e7\u00e3o da B\u00edblia latina contava com uma cole\u00e7\u00e3o de mais de 300 tipos diferentes. Isso tudo al\u00e9m das ilustra\u00e7\u00f5es especialmente contratadas, produzidas e impressas em outras cores em algumas p\u00e1ginas. J\u00e1 pensou?<\/p>\n\n\n\n

CLIENTE COMPLICADO<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Gutenberg era bom de papo e mestre no Elevator Pitch<\/em>; por isso, mesmo mantendo segredo para que a ideia n\u00e3o fosse copiada, conseguiu acesso aos pol\u00edticos mais importantes da regi\u00e3o de Mainz, que, n\u00e3o por acaso, tamb\u00e9m pertenciam \u00e0 igreja, que dominava tudo na \u00e9poca.<\/p>\n\n\n\n

Ele come\u00e7ou imprimindo gram\u00e1ticas simples, mas precisava de uma grande encomenda para conseguir alguma receita e reinvestir no neg\u00f3cio, pois Fust estava apreensivo com a demora no retorno. <\/p>\n\n\n\n

Conversando com um Cardeal, conseguiu uma encomenda de um missal cujo texto seria entregue dali a algumas semanas. Todas as igrejas da regi\u00e3o teriam essa brochura de mais ou menos 200 p\u00e1ginas. Parecia um excelente neg\u00f3cio.<\/p>\n\n\n\n

Gutenberg voltou para sua oficina e bora conseguir a quantidade adequada de papel (car\u00edssimo e dif\u00edcil de produzir, naquela \u00e9poca) e fundir a enorme quantidade de tipos necess\u00e1rios para cada uma das p\u00e1ginas. A equipe toda trabalhou exaustivamente para deixar tudo pronto, mas nada do texto chegar. <\/p>\n\n\n\n

Todo mundo foi ficando nervoso, o tempo ia passando, o dinheiro acabando, a press\u00e3o aumentando. Ocorre que a igreja estava em plena reforma protestante (que tamb\u00e9m n\u00e3o aconteceu do dia para a noite; foram meses de negocia\u00e7\u00f5es e acordos de poder). O cardeal n\u00e3o queria se arriscar a produzir um texto que poderia se tornar obsoleto em quest\u00e3o de semanas e resolveu empurrar com a barriga.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

A B\u00cdBLIA<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Desesperados, Gutenberg e Fust tentaram encontrar uma solu\u00e7\u00e3o para o impasse. Eis que Gutenberg teve a ideia: por que n\u00e3o imprimir a pr\u00f3pria b\u00edblia (em latim, claro, pois era a vers\u00e3o utilizada) em vez de um missal? O volume seria usado por todas as igrejas do continente, al\u00e9m de fam\u00edlias que pudessem comprar uma, muito mais acess\u00edvel que a vers\u00e3o manuscrita; sucesso de vendas garantido.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

O \u00fanico empecilho era o volume absurdo de trabalho; se eles estavam passando mal para produzir um volume de 200 p\u00e1ginas, imagine s\u00f3 o desafio de um livro com mais de mil e quatrocentas p\u00e1ginas? <\/p>\n\n\n\n

Calcule o tanto de letras que teriam que fundir, o volume de material que teria que ser comprado secretamente, o tempo de impress\u00e3o, todo o trabalho adicional de encaderna\u00e7\u00e3o? O espa\u00e7o necess\u00e1rio para fazer isso? Loucura total e absoluta! Levaria anos para primeira edi\u00e7\u00e3o ficar pronta, mesmo assim, trabalhando que nem malucos e sem retorno a curto prazo.<\/p>\n\n\n\n

Mas eles eram loucos. E toparam. Para montar a primeira p\u00e1gina, foram 15 horas de trabalho ininterrupto. Esses homens viveram tempos insanos, lutando contra o rel\u00f3gio e a exaust\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

DESACERTOS<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Os s\u00f3cios tinham pontos de vista diferentes sobre o neg\u00f3cio e Gutenberg tomava decis\u00f5es importantes sozinho, sem consultar o investidor. Isso, por vezes, colocou em risco o segredo e o sucesso do empreendimento, como quando aceitou publicar um livro religioso em paralelo com o trabalho absurdo de impress\u00e3o da b\u00edblia. Ele precisava levantar dinheiro e Fust n\u00e3o estava disposto a arriscar mais.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Peter ent\u00e3o teve a ideia de imprimir salmos e livrinhos simples para desviar a aten\u00e7\u00e3o do povo sobre a B\u00edblia; eram c\u00f3pias feitas na primeira vers\u00e3o da prensa, de baixa qualidade ainda. Tudo isso sem o conhecimento do mestre. Ainda tinha o problema das guildas, organiza\u00e7\u00f5es profissionais que cobravam taxas dos escribas e n\u00e3o estavam preparadas para a nova tecnologia. A quest\u00e3o pol\u00edtica era muito complexa, totalmente permeada com a religi\u00e3o. Todos eram muito devotos falavam em destino e Deus o tempo inteiro para justificar suas decis\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

As complica\u00e7\u00f5es e negocia\u00e7\u00f5es com guildas, pol\u00edticos, religiosos, concorrentes e mais um monte de gente envolvida querendo melar o neg\u00f3cio faziam parte do dia-a-dia desses homens que j\u00e1 ocupad\u00edssimos demais com a tarefa herc\u00falea a que tinham se comprometido. <\/p>\n\n\n\n

Tudo isso misturado com os dramas psicol\u00f3gicos pessoais de cada um e os conflitos das rela\u00e7\u00f5es entre pai e filho. Enfim; muito suspense, mist\u00e9rio, tens\u00e3o e nervoso\u2026\u00a0<\/p>\n\n\n\n

GRAN FINALE <\/strong><\/p>\n\n\n\n

No final, os s\u00f3cios se desentenderam e se separaram; Peter Schoeffer e o pai chegaram a imprimir 180 c\u00f3pias da B\u00edblia (ainda existem 48 volumes, completos ou em partes). Peter montou um imp\u00e9rio editorial; inventou a publicidade impressa e criou o que hoje conhecemos como a Feira Internacional do Livro de Frankfurt.<\/p>\n\n\n\n

Johann Gensfleisch, conhecido como Johannes Gutenberg (n\u00e3o entendi porque ele tinha esse \u201cnome art\u00edstico\u201d) foi reconhecido mundialmente como o inventor dos tipos m\u00f3veis. Apesar de conseguir in\u00fameras encomendas da Igreja (outra vers\u00e3o da B\u00edblia, calend\u00e1rios, missais, indulg\u00eancias e bulas) em um cons\u00f3rcio com seus antigos colaboradores, ele nunca produziu sozinho uma c\u00f3pia da famosa primeira B\u00edblia<\/em><\/strong>.<\/p>\n\n\n\n

Por essa eu n\u00e3o esperava. Incr\u00edvel, n\u00e9?<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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