Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794
{"id":26645,"date":"2021-08-03T11:00:01","date_gmt":"2021-08-03T14:00:01","guid":{"rendered":"http:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/?p=26645"},"modified":"2021-08-09T09:22:00","modified_gmt":"2021-08-09T12:22:00","slug":"impensavel","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/impensavel\/","title":{"rendered":"Impens\u00e1vel"},"content":{"rendered":"\n

Helen Thomson estudou neuroci\u00eancia na universidade e sempre foi fascinada pelo funcionamento do c\u00e9rebro humano.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Ela aprendeu que doen\u00e7as ou anomalias mentais eram resultado de pequenos problemas de funcionamento nas atividades el\u00e9tricas, desbalan\u00e7os hormonais, les\u00f5es, tumores ou muta\u00e7\u00f5es gen\u00e9ticas; algumas dessas coisas d\u00e1 para consertar. Outras n\u00e3o.  Outras, ainda, n\u00e3o deveriam ser vistas como um problema. Inquieta, curiosa e \u00e1vida por aprender mais, ela resolveu ser jornalista cient\u00edfica. Para isso, fez um mestrado em comunica\u00e7\u00e3o cient\u00edfica e come\u00e7ou a trabalhar para revistas prestigiadas. Era uma maneira de estar sempre atualizada e n\u00e3o se prender a apenas uma \u00e1rea. <\/p>\n\n\n\n

Mergulhada em artigos t\u00e9cnicos e sem nenhuma emo\u00e7\u00e3o, essa mo\u00e7a que escreve muito, muito bem, resolveu viajar o mundo para entrevistar pessoas com c\u00e9rebros muito especiais e contar suas hist\u00f3rias de maneiras que as revistas cient\u00edficas nunca fizeram. <\/p>\n\n\n\n\n\n\n\n

Em \u201cUnthinkable: a extraordinary journey through the worlds strangest brains<\/em><\/strong>\u201d (algo como \u201cImprens\u00e1vel: uma extraordin\u00e1ria jornada atrav\u00e9s dos mais estranhos c\u00e9rebros do mundo<\/em>\u201d), ela conta nove hist\u00f3rias diferentes, ao mesmo tempo em que vai apresentando o que a ci\u00eancia sabe sobre aquela anomalia e faz uma autoan\u00e1lise da sua pr\u00f3pria massa cinzenta, num exerc\u00edcio de autoconhecimento. A mo\u00e7a conta que, depois dessa aventura, seu c\u00e9rebro passou a funcionar muito melhor.<\/p>\n\n\n\n

<\/p>\n\n\n\n

Bob, o que nunca esquece<\/h3>\n\n\n\n

Ela come\u00e7a com a hist\u00f3ria de Bob, um homem com uma extraordin\u00e1ria mem\u00f3ria para sua pr\u00f3pria biografia. Ele n\u00e3o \u00e9 melhor do que a m\u00e9dia para lembrar coisas corriqueiras, n\u00fameros ou fatos hist\u00f3ricos. Mas se lembra detalhadamente de todos os dias de sua vida desde que tinha nove meses de idade. Mas tudo mesmo. Se voc\u00ea pedir para ele descrever o que fez em tal dia (quando ela o entrevistou, esse produtor de TV tinha 64 anos), ele revive os sons, cheiros, sente o vento, fala das cores e cada detalhe do que vivenciou naquele dia, como se tivesse acontecendo no momento.<\/p>\n\n\n\n

Helen aproveita o cap\u00edtulo para explicar como funciona a nossa mem\u00f3ria. Quando um impulso el\u00e9trico passa entre dois neur\u00f4nios, determinada sinapse, ou caminho entre eles, \u00e9 refor\u00e7ada. \u00c9 como caminhar em uma floresta densa. Na primeira vez, voc\u00ea tem que abrir caminho, mas quanto mais repete a trajet\u00f3ria, mais o caminho vai se alargando e ficando f\u00e1cil de usar de novo. Se a pessoa n\u00e3o passa mais por ali (ou seja, n\u00e3o usa a informa\u00e7\u00e3o de novo, n\u00e3o refor\u00e7a a liga\u00e7\u00e3o), o caminho acaba se fechando novamente por falta de uso. A\u00ed \u00e9 quando a gente esquece de vez aquela informa\u00e7\u00e3o. O que Bob tem de especial \u00e9 que ele consegue manter esses caminhos acess\u00edveis e transit\u00e1veis mesmo depois de muito tempo. E, mesmo estando sob estudo h\u00e1 d\u00e9cadas, ainda n\u00e3o se descobriu exatamente o que o c\u00e9rebro dele tem de diferente; apenas que, como as poucas pessoas no mundo que t\u00eam essa capacidade, ele \u00e9 obsessivo-compulsivo. <\/p>\n\n\n\n

Helen escreve de uma maneira realmente prazeirosa de ler; ela explica outros fen\u00f4menos relacionados \u00e0 mem\u00f3ria, como o espantoso fato de que \u00e9 fac\u00edlimo implantar falsas mem\u00f3rias em qualquer pessoa (ela, inclusive, contou um caso pessoal que aconteceu com ela mesma). <\/p>\n\n\n\n

No final, Bob conta uma coisa muito emocionante. Disse que a melhor coisa de ter uma super mem\u00f3ria biogr\u00e1fica \u00e9 que ele n\u00e3o sente falta das pessoas que perdeu, pois consegue reviver os melhores momentos com absoluta fidelidade, sentindo as mesmas emo\u00e7\u00f5es, cheiros, sabores, sons, cores. J\u00e1 pensou que coisa mais incr\u00edvel? <\/p>\n\n\n\n

Helen diz que passou a prestar mais aten\u00e7\u00e3o no presente, principalmente dos momentos mais felizes: os cheiros, os sons, a temperatura, a luz, para tentar se lembrar depois com mais exatid\u00e3o. Mesmo que n\u00e3o se consiga, a gente desfruta melhor o presente com essa aten\u00e7\u00e3o, n\u00e9? <\/p>\n\n\n\n

As outras hist\u00f3rias s\u00e3o igualmente interessantes e emocionantes. <\/p>\n\n\n\n

Sharon, a perdida<\/h3>\n\n\n\n

Sharon, por exemplo, est\u00e1 sempre perdida, pois n\u00e3o consegue se localizar espacialmente. Ela simplesmente n\u00e3o se lembra do caminho entre sua cama e o banheiro, por exemplo, pois o mapa mental que a gente tem do espa\u00e7o, ela n\u00e3o tem. Para ela, o mundo \u00e9 sempre um lugar estranho onde ela nunca esteve antes. Imagina a dificuldade que ela tem de ir de um lugar para o outro. Ela j\u00e1 teve que recusar vagas de trabalho porque o caminho at\u00e9 a empresa era muito complicado; como ela n\u00e3o tem nenhuma no\u00e7\u00e3o espacial, depende de se lembrar de marcos (lojas, parques, sinais, etc). Se alguma dessas coisas muda, ela se perde completamente. <\/p>\n\n\n\n

Com esse caso eu me lembrei de quando viaj\u00e1vamos meu marido e eu de moto pela Am\u00e9rica do Sul. Uma vez, no meio do deserto do Atacama, paramos num posto e, conversando com caminhoneiros, ele mostrou no mapa (nessa \u00e9poca ainda era de papel), de onde t\u00ednhamos vindo e para onde est\u00e1vamos indo. Eles simplesmente n\u00e3o entendiam mapas. Explicaram que nos primeiros dias de trabalho, algu\u00e9m ia junto para ensinar o caminho. Depois eles repetiam, mas n\u00e3o faziam a menor ideia se estavam indo para o sul ou para o norte. N\u00e3o \u00e9 incr\u00edvel?<\/p>\n\n\n\n

Mais gente estranha com c\u00e9rebros esquisitos<\/h3>\n\n\n\n

Depois ainda tem o Ruben, um espanhol que n\u00e3o consegue evitar de associar uma cor a cada pessoa que ele v\u00ea. \u00c9 um fen\u00f4meno chamado sinestesia que mistura os sentidos dentro do c\u00e9rebro. Ele v\u00ea cores envolvendo as pessoas e ele mesmo atribui um significado a cada uma. E sabe o mais incr\u00edvel? Ele s\u00f3 consegue ver cores na sua imagina\u00e7\u00e3o, pois \u00e9 dalt\u00f4nico!<\/p>\n\n\n\n

Tommy mudou completamente depois que sofreu um aneurisma que feriu seu c\u00e9rebro. Quando acordou, era outra pessoa. Antes do acidente, ele tinha v\u00e1rias passagens pela pol\u00edcia e uma vida recheada de mis\u00e9ria, abusos e viol\u00eancia. Quando acordou no hospital, ele mesmo ficou assustado em ver tanta beleza no mundo a ponto de ficar emocionado. Ele via n\u00fameros em tudo, e no c\u00e9rebro dele come\u00e7aram a habitar figuras geom\u00e9tricas, \u00e2ngulos, linguagens, estruturas, pinturas, arte. Tudo que n\u00e3o tinha antes (ou ele n\u00e3o percebia).<\/p>\n\n\n\n

A an\u00e1lise resumida \u00e9 que o c\u00e9rebro parou de filtrar informa\u00e7\u00f5es e come\u00e7ou a absorver tudo sem nenhum crit\u00e9rio. Ele se tornou uma pessoa extremamente emocional e n\u00e3o conseguia mais se concentrar para fazer nenhum tipo de trabalho, exceto pintar compulsivamente.<\/p>\n\n\n\n

Sylvia sofre de alucina\u00e7\u00f5es constantes e teve que aprender a conviver com isso para n\u00e3o enlouquecer. A gente sabe que o c\u00e9rebro est\u00e1 trancado numa caixa fechada e escura sem acesso ao mundo real. Ele apenas recebe os est\u00edmulos dos nossos sentidos, que s\u00e3o transformados em sinais el\u00e9tricos. Alucina\u00e7\u00f5es (de qualquer tipo: visual, auditiva, olfativa, gustativa, t\u00e1til) acontecem quando os sinais el\u00e9tricos s\u00e3o emitidos mesmo sem est\u00edmulo externo. Tipo um curto-circuito entre alguns neur\u00f4nios. A\u00ed o c\u00e9rebro interpreta o sinal como se estivesse mesmo vendo uma pessoa, por exemplo. Mas \u00e9 s\u00f3 um sinal el\u00e9trico errado. <\/p>\n\n\n\n

A quest\u00e3o \u00e9 que o c\u00e9rebro n\u00e3o tolera ficar sem fazer nada; se voc\u00ea diminui os est\u00edmulos sensoriais, ele inventa coisas para se distrair. Ent\u00e3o, a receita quase certa para algu\u00e9m ter alucina\u00e7\u00f5es \u00e9 ficar num lugar que n\u00e3o tenha est\u00edmulo sensorial (tipo um quarto escuro, silencioso e sem nenhum cheiro). \u00c9 claro que a quest\u00e3o \u00e9 muito mais complexa e estou tentando resumir de uma maneira bem simples. O ideal \u00e9 ler as explica\u00e7\u00f5es e os exemplos que ela d\u00e1 no livro, sempre com muitas refer\u00eancias.<\/p>\n\n\n\n

Tem tamb\u00e9m Matar, um homem que mora nos Emirados \u00c1rabes e que \u201cse transforma\u201d em tigre em situa\u00e7\u00f5es de stress (tipo o Hulk, s\u00f3 que nada muda na apar\u00eancia externa dele). A sensa\u00e7\u00e3o \u00e9 t\u00e3o forte que ele tem vontade de atacar pessoas.  Aqui ela analisa e mostra casos de esquizofrenia e porque no caso dele n\u00e3o se aplica completamente.<\/p>\n\n\n\n

Louise \u00e9 um caso muito curioso: ela percebe seu corpo e sua vida com se n\u00e3o fizesse parte e fosse uma espectadora. Graham n\u00e3o apenas acredita que est\u00e1 morto, como, mesmo falando, andando e vivendo como qualquer um de n\u00f3s, sua atividade mental \u00e9 bem pr\u00f3xima de uma pessoa morta mesmo. Por \u00faltimo tem o Joel, que tem uma capacidade sinestesia de sentir a dor de outra pessoa que estiver perto dele.<\/p>\n\n\n\n

Em todos os casos ela cita os estudos e os m\u00e9dicos respons\u00e1veis por cada caso; os diagn\u00f3sticos, os tratamentos, os casos semelhantes e a evolu\u00e7\u00e3o de cada paciente.<\/p>\n\n\n\n

Nosso c\u00e9rebro \u00e9 mesmo uma m\u00e1quina muito complexa; e parece ser muito f\u00e1cil de estragar tudo e fazer a vida de algu\u00e9m se tornar um inferno. As pessoas travam batalhas internas que a gente n\u00e3o faz ideia. Ou melhor, com a ajuda luxuosa da Helen, agora faz. Pelo menos um pouco.<\/p>\n\n\n\n

Fascinante, interessant\u00edssimo, recomendo muito.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Resenha do livro \u201cUnthinkable: a extraordinary journey through the worlds strangest brains\u201d (algo como \u201cImprens\u00e1vel: uma extraordin\u00e1ria jornada atrav\u00e9s dos mais estranhos c\u00e9rebros do mundo\u201d), de Helen Thompson.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":26646,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,46,23,25,49,108,99,110],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/08\/Untitled.jpg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26645"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=26645"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26645\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":26651,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26645\/revisions\/26651"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/26646"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=26645"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=26645"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=26645"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}