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{"id":26981,"date":"2022-01-25T08:22:12","date_gmt":"2022-01-25T11:22:12","guid":{"rendered":"http:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/?p=26981"},"modified":"2022-01-26T09:39:32","modified_gmt":"2022-01-26T12:39:32","slug":"ansiedade-doxastica","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/ansiedade-doxastica\/","title":{"rendered":"Ansiedade dox\u00e1stica"},"content":{"rendered":"\n

Tem um perfil no Instagram que eu adoro, apesar de segui-lo com um certo desconforto. <\/p>\n\n\n\n

\u00c9 de um professor de hist\u00f3ria da arte chamado Tio Virso<\/a>. O mo\u00e7o tem um conhecimento admir\u00e1vel, mas n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 isso: ele trata a arte no seu sentido mais amplo. Eu resumiria (n\u00e3o sei se corretamente) a vis\u00e3o dele como sendo arte toda manifesta\u00e7\u00e3o de uma ideia, sentimento ou emo\u00e7\u00e3o humana. O resultado \u00e9 que ele n\u00e3o apenas fala da hist\u00f3ria da arte branca europeia tradicional, como todo mundo conhece, mas tamb\u00e9m de outros continentes e perspectivas culturais. <\/p>\n\n\n\n\n\n\n\n

E olha, ele n\u00e3o considera a Africa como um pa\u00eds e uma cultura s\u00f3 (o que devia ser \u00f3bvio, mas n\u00e3o \u00e9 o que acontece na vida real). Na sua abordagem entram tamb\u00e9m a est\u00e9tica dos games, capas de discos ou romances baratos, quadrinhos, mang\u00e1s, literatura, brinquedos e tudo o mais que voc\u00ea possa imaginar. Ele fala tamb\u00e9m dos artistas, dos clich\u00eas, do contexto cultural; enfim, \u00e9 muita informa\u00e7\u00e3o nova apresentada de uma maneira totalmente diferente, pois ele usa memes para explicar tudo isso. <\/p>\n\n\n\n

Da\u00ed o meu desconforto em seguir o perfil: os memes s\u00e3o esteticamente desagrad\u00e1veis (para mim), ou seja, feios de dar d\u00f3 (certeza que faz de prop\u00f3sito; \u00e9 bem a cara dele\u2026rs). O linguajar \u00e9 tamb\u00e9m cheio de g\u00edrias engra\u00e7adas; \u00e0s vezes fica at\u00e9 dif\u00edcil de ler. Mas talvez por isso seja t\u00e3o fascinante: ele realmente subverte as regras, mas o faz de uma maneira consistente e fundamentada. Na legenda de cada pe\u00e7a escalafob\u00e9tica, uma s\u00e9rie de refer\u00eancias bibliogr\u00e1ficas bem s\u00e9rias. Imposs\u00edvel n\u00e3o amar.<\/p>\n\n\n\n

AGNOTOLOGIA E ANSIEDADE DOX\u00c1STICA<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Pois foi com ele que aprendi, h\u00e1 algumas semanas, os conceitos de agnotologia<\/strong> e ansiedade dox\u00e1stica<\/strong>. E mais: como sempre fundamenta muito bem seus posts, ele indicou uma YouTuber maravilhosa que fala de filosofia que eu n\u00e3o conhecia: Abby Thorn, do canal Philosophy Tube<\/a>. <\/p>\n\n\n\n

Na verdade, preciso confessar: tenho paci\u00eancia zero com v\u00eddeos. Eu assisto o come\u00e7o e depois leio a transcri\u00e7\u00e3o.  Mas ela \u00e9 realmente sensacional; muito did\u00e1tica e com uma curadoria de assuntos que n\u00e3o deixa ningu\u00e9m entediado. Mais uma mulher transexual fazendo hist\u00f3ria; d\u00e1 para entender claramente essa mo\u00e7a como fonte inspiradora da brasileira Rita von Hunty<\/a>, tanto no capricho da produ\u00e7\u00e3o e edi\u00e7\u00e3o, como na prepara\u00e7\u00e3o do conte\u00fado.<\/p>\n\n\n\n

AGNOTOLOGIA<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Mas enfim, vamos aos conceitos. Abby come\u00e7a explicando que a gente pensa que a filosofia geralmente trata do conhecimento. Mas tem uma \u00e1rea, a agnotologia, que estuda justamente o contr\u00e1rio: a ignor\u00e2ncia.<\/p>\n\n\n\n

Ela conta a hist\u00f3ria de um fil\u00f3sofo chamado John Rawls que defendia que em determinadas situa\u00e7\u00f5es a ignor\u00e2ncia poderia ser uma coisa boa. Ele defendia a ideia que uma sociedade deveria ser um sistema de coopera\u00e7\u00e3o baseado em algumas regras. <\/p>\n\n\n\n

E a\u00ed vem a parte interessante: para evitar que as pessoas que fizessem as regras se beneficiassem delas (a gente conhece isso muito bem, n\u00e9?), esse grupo de \u201cconstituintes” usariam o que ele chamava de \u201cv\u00e9u da ignor\u00e2ncia\u201d que consistiria em apagar suas mem\u00f3rias para que eles n\u00e3o pudessem fazer ideia de qual seria seu papel na sociedade assim que acabasse o trabalho.<\/p>\n\n\n\n

E parecia fazer todo sentido: sem saber o seu papel no mundo, os constituintes criariam leis mais justas, pois poderiam sair da reuni\u00e3o e descobrir, sei l\u00e1, que eram uma m\u00e3e solteira ou, quem sabe, um desempregado com limita\u00e7\u00f5es f\u00edsicas.<\/p>\n\n\n\n

A quest\u00e3o \u00e9 que n\u00f3s ignoramos e permanecemos ignorantes de tudo o que nos parece irrelevante. E esse \u00e9 o limite do que conhecemos do mundo; essa ignor\u00e2ncia d\u00e1 a estrutura para a forma como constru\u00edmos todos os conceitos ao nosso redor.<\/p>\n\n\n\n

Com base nessa ideia, essa “Teoria Ideal” foi fortemente rebatida depois pelo fil\u00f3sofo Charles Mills; ele afirma (e faz muito mais sentido ainda), que se a gente permanece ignorante sobre os problemas da sociedade, n\u00e3o tem como encontrar solu\u00e7\u00f5es para eles. Se voc\u00ea n\u00e3o sabe ou faz quest\u00e3o de n\u00e3o tomar conhecimento sobre as dificuldades e quest\u00f5es que os transexuais ou ind\u00edgenas enfrentam, por exemplo, como vai contribuir para construir regras que minimizem esses problemas?<\/p>\n\n\n\n

IGNOR\u00c2NCIA PASSIVA<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Os fil\u00f3sofos tamb\u00e9m distinguem o conceito de ignor\u00e2ncia entre ativa e passiva. Vamos falar da passiva primeiro. <\/p>\n\n\n\n

Bem, a gente sabe que o mundo \u00e9 um lugar complexo e cheio de detalhes infinitos; \u00e9 imposs\u00edvel saber tudo. Eu n\u00e3o fa\u00e7o ideia das regras aplicadas numa luta de sum\u00f4 nem quais s\u00e3o os personagens de mang\u00e1 mais importantes dos anos 1980 e, sinceramente, n\u00e3o fa\u00e7o quest\u00e3o de saber. A gente n\u00e3o pode saber tudo, ent\u00e3o ignorar a maioria das coisas \u00e9 um fato da vida. Se a minha ignor\u00e2ncia n\u00e3o prejudica ningu\u00e9m (isso \u00e9 important\u00edssimo), ent\u00e3o est\u00e1 ok.<\/p>\n\n\n\n

IGNOR\u00c2NCIA ATIVA<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Aqui \u00e9 que o neg\u00f3cio pega. A ignor\u00e2ncia \u00e9 ativa quando eu preciso fazer algum esfor\u00e7o para ignorar o tema; quando \u00e9 uma ignor\u00e2ncia proposital, calculada, escolhida. Voc\u00ea ativamente precisa n\u00e3o saber<\/strong>. U\u00e9, mas como assim?<\/p>\n\n\n\n

Imagine que eu sei que a\u00e7\u00facar faz mal. Mas eu escolho deliberadamente n\u00e3o ler nada sobre o assunto, n\u00e3o ver v\u00eddeos, n\u00e3o conversar sobre o tema. Porque se me informar muito a respeito, vou ter que rever meu comportamento (e talvez n\u00e3o comer mais a\u00e7\u00facar). Mas eu QUERO comer a\u00e7\u00facar; ent\u00e3o eu trabalho para ter certeza que vou me desviar desse conhecimento o m\u00e1ximo que puder. Fiquei chocada ao constatar o tanto que isso \u00e9 real (e me descreve muito bem\u2026rs). <\/p>\n\n\n\n

Por\u00e9m, se n\u00e3o prejudicar outros, se n\u00e3o sair pregando por a\u00ed que a\u00e7\u00facar \u00e9 cheio de vitaminas, que faz bem e que essas pesquisas cient\u00edficas s\u00e3o todas mentirosas; se n\u00e3o tentar convencer as pessoas a se entupirem de a\u00e7\u00facar, nem chega a ser um problema. \u00c9 s\u00f3 ficar cada um na sua; todo mundo \u00e9 um pouco assim, fala a verdade.<\/p>\n\n\n\n

A quest\u00e3o \u00e9 quando a ignor\u00e2ncia n\u00e3o prejudica somente a mim, mas tamb\u00e9m a outros; e pior: coloca a vida das pessoas em risco. Se prefiro por livre vontade n\u00e3o me informar sobre o racismo, se n\u00e3o quero saber nada sobre homofobia ou feminic\u00eddio, isso pode custar vidas\u2026 est\u00e1 acompanhando?<\/p>\n\n\n\n

ANSIEDADE DOX\u00c1STICA<\/strong><\/p>\n\n\n\n

E ent\u00e3o chegamos ao conceito de ansiedade dox\u00e1stica: \u00e9 justamente o medo de conhecer algo, de absorver alguma informa\u00e7\u00e3o, por saber que isso pode colocar em risco as minhas cren\u00e7as e opini\u00f5es.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Doxa<\/strong>\u00a0vem do grego\u00a0\u03b4\u03cc\u03be\u03b1 e significa cren\u00e7a comum<\/em> ou\u00a0opini\u00e3o<\/em>\u00a0(em oposi\u00e7\u00e3o ao saber verdadeiro,\u00a0episteme)<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

Por isso \u00e9 que na maioria das vezes n\u00e3o adianta nada a gente apresentar fatos e evid\u00eancias para negacionistas ou para pessoas que j\u00e1 t\u00eam certeza absoluta do que acreditam; se elas absorverem esse conhecimento, v\u00e3o acabar colocando em risco suas cren\u00e7as e opini\u00f5es. V\u00e3o ter que repens\u00e1-las, pelo menos. Coloc\u00e1-las em d\u00favida. <\/p>\n\n\n\n

Ent\u00e3o, por seguran\u00e7a, elas se fecham e se recusam a assimilar essas informa\u00e7\u00f5es. \u00c9 como falar com uma parede. Elas se protegem se fazendo de surdas e cegas para n\u00e3o terem que duvidar do que acham que j\u00e1 sabem (e, pelo jeito, n\u00e3o t\u00eam tanta certeza, sen\u00e3o n\u00e3o teriam tanto medo\u2026).<\/p>\n\n\n\n

Fica parecendo rid\u00edculo uma pessoa acreditar que a terra \u00e9 plana com tantas evid\u00eancias e informa\u00e7\u00f5es; mas pense: faz todo o sentido. Se ela se abrir para esse conhecimento, coloca em risco suas cren\u00e7as e sua maneira de ver o mundo. Mais seguro ignorar a realidade e ficar teimando no que acredita ser o certo, o conhecido, o seguro, n\u00e3o importa qu\u00e3o absurdo seja. <\/p>\n\n\n\n

\u00c9 por isso que a filosofia coloca a ignor\u00e2ncia (ou a agnotologia) como o contr\u00e1rio do conhecimento. Por que o conhecimento sabe de seus limites; o conhecimento, por defini\u00e7\u00e3o, precisa da d\u00favida para evoluir.<\/p>\n\n\n\n

Achei muito bacana essas defini\u00e7\u00f5es de ignor\u00e2ncia, pois fazem a gente prestar mais aten\u00e7\u00e3o: ser\u00e1 que estou sendo mais uma ignorante ativa ou passiva? Ser\u00e1 que a minha ignor\u00e2ncia ativa est\u00e1 colocando a vida de algu\u00e9m em risco?<\/p>\n\n\n\n

Ser\u00e1 que minha ignor\u00e2ncia individual ativa est\u00e1 prejudicando o coletivo?<\/p>\n\n\n\n

Adorei aprender esses conceitos; parece que assim as coisas fazem mais sentido e at\u00e9 a gente passa a analisar melhor nossas pr\u00f3prias cren\u00e7as, certezas e ignor\u00e2ncias, n\u00e9?<\/p>\n\n\n\n

Obrigada mais uma vez, Tio Virso<\/a>. N\u00e3o sou sua f\u00e3 \u00e0 toa.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Voc\u00ea conhece os conceitos de ignor\u00e2ncia ativa e passiva? E Ansiedade Dox\u00e1stica? Vem ver!<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":26982,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[45,46,23,25,55],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2022\/01\/IMG_8672.jpeg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26981"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=26981"}],"version-history":[{"count":10,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26981\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":26995,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/26981\/revisions\/26995"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/26982"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=26981"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=26981"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=26981"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}