Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/fascioni/public_html/index.php:4) in /home/fascioni/public_html/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1794
{"id":27442,"date":"2022-11-15T07:38:57","date_gmt":"2022-11-15T10:38:57","guid":{"rendered":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/?p=27442"},"modified":"2022-11-15T07:38:59","modified_gmt":"2022-11-15T10:38:59","slug":"o-homem-que-falava-serpentes","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/o-homem-que-falava-serpentes\/","title":{"rendered":"O homem que falava serpent\u00eas"},"content":{"rendered":"\n

Nossa, preciso demais compartilhar esse achado incr\u00edvel! Encontrei \u201cThe man who spoke snakish<\/em><\/strong>\u201d (tradu\u00e7\u00e3o livre: \u201cO homem que falava serpent\u00eas \u2014 ou a l\u00edngua das cobras<\/em>\u201d), do estoniano Andrus Kivir\u00e4hk, num sebo maravilhoso em Kreuzberg chamado Another Country<\/a> (dica do querido Ricardo Beggiato).<\/p>\n\n\n\n

O autor \u00e9 um jornalista, contista, escritor de livros infantis e foi premiado por essa obra na Fran\u00e7a. Gente, como pode uma pessoa ter tanta imagina\u00e7\u00e3o?<\/p>\n\n\n\n

A hist\u00f3ria se passa na Est\u00f4nia, num tempo indeterminado que mistura vilarejos da Idade M\u00e9dia com humanos ancestrais. <\/p>\n\n\n\n

O protagonista, chamado Leemet, vive na floresta onde quase n\u00e3o d\u00e1 para ver o c\u00e9u, e vai contando a hist\u00f3ria de sua fam\u00edlia.<\/p>\n\n\n\n\n\n\n\n

Esse povo antiqu\u00edssimo falava a l\u00edngua das cobras, que eram considerados os animais mais s\u00e1bios e inteligentes, capazes de dominar todos os outros. <\/p>\n\n\n\n

O humanos ficaram amigos das serpentes e aprenderam o idioma, o que facilitou muito a vida deles, pois, s\u00f3 para citar um exemplo, quando queriam comer um veado, era s\u00f3 pedir para que eles se sacrificarem usando as palavras certas. Os animais se entregavam ao abate e a tribo podia se alimentar sem o uso de viol\u00eancia. Os humanos eram animais como quaisquer outros; as cobras eram quem dominava tudo.<\/p>\n\n\n\n

Mas eis que, perto da data do nascimento de Leemet, o pai ficou fascinado pela modernidade que se avizinhava. As pessoas estavam todas saindo da floresta e vivendo em vilas, plantando trigo, fazendo p\u00e3o, produzindo vinho. A m\u00e3e era totalmente contra passar a maior parte do tempo sem a prote\u00e7\u00e3o das \u00e1rvores, a c\u00e9u aberto, o que ela considerava anti natural. Ela era totalmente avessa a essas revolu\u00e7\u00f5es e mudan\u00e7as; detestava a vida na vila e n\u00e3o comia p\u00e3o de jeito nenhum.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 o pai era totalmente fascinado por esse novo mundo; logo aprendeu a usar a foice, plantar trigo e at\u00e9 a falar o idioma alem\u00e3o. Trabalhava o dia todo no campo. <\/p>\n\n\n\n

A m\u00e3e, entendiada e infeliz, passava o tempo passeando pela floresta que ficava ao redor da vila. At\u00e9 que encontrou um urso. Ursos eram os animais mais pr\u00f3ximos dos humanos em termos de intelig\u00eancia e temperamento; inclusive eram famosos naquela \u00e9poca por seduzir mulheres humanas \u2014 eram grandes fofos, amig\u00e1veis, gentis, queridos, e quase n\u00e3o falavam. <\/p>\n\n\n\n

Eis que um dia a m\u00e3e foi pega em flagrante pelo pai na cama com um urs\u00e3o. O \u201cprocedimento” para aqueles casos era falar para o urso sumir dali na l\u00edngua das serpentes, mas o pai tinha se esquecido do idioma por falta de uso e s\u00f3 conseguiu balbuciar alguns sons. Em estado de choque, o urso, que n\u00e3o esperava por isso, acabou cortando a cabe\u00e7a do pai com um tapa, por puro desespero e surpresa. Apavorado com o feito, o animal se auto castrou e fugiu para a floresta, mortificado com o ato.<\/p>\n\n\n\n

A m\u00e3e se sentiu muito culpada pela morte do marido e acabou pegando os dois filhos, Leemet e Salme, e voltando para as profundezas da floresta.<\/p>\n\n\n\n

A hist\u00f3ria \u00e9 cheia de acontecimentos interessantes num clima de f\u00e1bula; lembrou-me muito o romance \u201cO Gigante enterrado<\/a>\u201d, do Kazuo Ishiguro.<\/p>\n\n\n\n

Leemet \u00e9 muito inteligente e vive numa dobra do tempo onde o passado n\u00e3o existe mais e o futuro n\u00e3o lhe serve. Todos na floresta v\u00e3o se mudando para o vilarejo, restando apenas poucas pessoas; ele \u00e9 o \u00fanico jovem fluente na l\u00edngua das serpentes.\u00a0Depois dele, os humanos n\u00e3o ser\u00e3o mais capazes de se comunicar com as cobras e os outros animais; o peso disso \u00e9 imenso.<\/p>\n\n\n\n

O feiticeiro da floresta serve-se da posi\u00e7\u00e3o de autoridade para dar vaz\u00e3o \u00e0s suas perversidades; usa todo o seu poder e conhecimento para torturar animais e pessoas. O velho decr\u00e9pito e sociopata n\u00e3o tem limites. Invoca esp\u00edritos misteriosos e exige sacrif\u00edcios absurdos. O protagonista e sua fam\u00edlia s\u00e3o inteligentes e n\u00e3o se deixam enganar, mas h\u00e1 incautos que acreditam em tudo e ficam apavorados, obedecendo aos m\u00ednimos caprichos do \u201cmago\u201d.<\/p>\n\n\n\n

A vida no vilarejo n\u00e3o \u00e9 muito diferente: l\u00e1, a religi\u00e3o tamb\u00e9m domina a vida das pessoas, que acreditam que as cobras t\u00eam parte com o dem\u00f4nio e que os \u201chomens de ferro\u201d representantes da igreja s\u00e3o seres superiores. O \u00e1pice da vida de um ex habitante da floresta e agora alde\u00e3o \u00e9 servir a um desses senhores com a maior humildade poss\u00edvel. <\/p>\n\n\n\n

Ints, uma serpente pertencente \u00e0 realeza, \u00e9 a melhor amiga de Leemet, a ponto das fam\u00edlias passarem o inverno juntas na mesma toca. A integra\u00e7\u00e3o entre ele e os animais da floresta, al\u00e9m dos humanos primatas (ainda com rabo) \u00e9 tocante. Mas esse mundo vai se destruindo aos poucos e ele precisa sobreviver.<\/p>\n\n\n\n

Olha, um dos melhores livros que li esse ano. Infelizmente n\u00e3o existe a vers\u00e3o em portugu\u00eas, mas achei em espanhol<\/a> e franc\u00eas<\/a>, al\u00e9m de alem\u00e3o<\/a>. <\/p>\n\n\n\n

A vers\u00e3o em ingl\u00eas d\u00e1 tamb\u00e9m para comprar na Amazon do Brasil; \u00e9 s\u00f3 clicar nesse link<\/a>.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Resenha do livro \u201cThe man who spoke snakish\u201d, de Andrus Kivir\u00e4hk.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":27443,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[75,49,99,110],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2022\/11\/F5C1DE25-3DF0-4D4B-B545-596AA9A9D7F4.jpeg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/27442"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=27442"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/27442\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":27444,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/27442\/revisions\/27444"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/27443"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=27442"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=27442"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=27442"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}