![\"331528tacy_w\"](\"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2009\/10\/331528tacy_w.jpg\" "\\"331528tacy_w\\"")
<\/a><\/p>\nEssa semana assisti a uma palestra bem interessante. No coquetel de encerramento conversei com um empres\u00e1rio que elogiava a \u00f3tima apresenta\u00e7\u00e3o, pois tinha lhe rendido \u00f3timas ideias. Quando ele come\u00e7ou a apresentar suas propostas, fiquei surpresa: a maioria contradizia ponto a ponto tudo o que o palestrante tinha falado.<\/p>\n
Aos poucos, dei-me conta do que aconteceu: as primeiras frases lhe inspiraram tanto que depois ele n\u00e3o prestou aten\u00e7\u00e3o em mais nada do que foi dito. Perdeu a melhor parte e, apesar da divers\u00e3o mental, suas ideias cairiam todas por terra em uma an\u00e1lise mais cr\u00edtica. Mas ele estava feliz e satisfeito com seu pr\u00f3prio desempenho e despejava, contente, suas sacadas geniais.<\/p>\n
Quantas vezes a gente comete o mesmo erro, de come\u00e7ar a elucubrar e n\u00e3o ouvir o que poder\u00edamos aprender? Ficamos t\u00e3o maravilhados com a festa que rola dentro da nossa pr\u00f3pria cabe\u00e7a que o mundo exterior fica completamente dispens\u00e1vel e at\u00e9 meio entediante. Do lado de dentro da gente n\u00e3o h\u00e1 cr\u00edticas, chatos duvidando do nosso brilhantismo, ceticismos e julgamentos fora de hora. S\u00e3o ideias lindas pipocando e se reproduzindo descontroladamente como fogos de artif\u00edcio. Resistir, quem h\u00e1 de?<\/p>\n
Isso faz lembrar de um dito antigo, onde h\u00e1 quem se gabe de \u201cenquanto voc\u00ea est\u00e1 indo com a farinha, eu j\u00e1 estou voltando com o bolo<\/em>\u201d. Essa frase, apesar da pessoa que a usa com frequ\u00eancia n\u00e3o perceber, resume a total e incontest\u00e1vel incapacidade de ouvir. Para mim ela faz um parzinho perfeito com outra que diz que \u201ctem gente que s\u00f3 aprende o que j\u00e1 sabe<\/em>\u201d. \u00c9 ou n\u00e3o \u00e9?<\/p>\n \u00c9 que ouvir \u00e9 uma das tarefas mais dif\u00edceis que existem para um ser humano. Desviar um pouquinho os olhos do pr\u00f3prio e adorado umbigo e prestar aten\u00e7\u00e3o no outro; concentrar os sentidos em absorver o conhecimento e a experi\u00eancia de algu\u00e9m que n\u00e3o mora na nossa cabe\u00e7a; deixar de lado nossas pr\u00f3prias convic\u00e7\u00f5es e tentar vestir a pele de outrem. A miss\u00e3o demanda muito esfor\u00e7o e um dom\u00ednio quase sobrehumano do nosso pobre ego. Mas compensa. Sem isso, \u00e9 quase imposs\u00edvel aprender de verdade.<\/p>\n Mas \u00e9 preciso dizer que \u00e9 dif\u00edcil, muito dif\u00edcil mesmo. Resta a confiss\u00e3o final e envergonhada: eu mesma bolei essa coluna inteirinha enquanto \u201couvia\u201d o tal empres\u00e1rio…<\/p>\n Fazer o qu\u00ea?<\/p>\n