A noite passada li “Balzac e a costureirinha chinesa<\/strong>” de Dai Sijie. \u00c9 uma esp\u00e9cie de novela (romance curto) que se passa durante a Revolu\u00e7\u00e3o que Mao Tse-tung promoveu entre 1966 e 1976 na Rep\u00fablica Popular da China. Entre outras atrocidades, o ditador queimou todos os livros existentes no pa\u00eds, deixando apenas os manuais da revolu\u00e7\u00e3o (que ele escreveu) \u2014 o debochado ainda teve o desplante de chamar isso de “Revolu\u00e7\u00e3o Cultural”.<\/p>\n

Na hist\u00f3ria, dois amigos burgueses (um filho de m\u00e9dicos e outro de um dentista) s\u00e3o levados at\u00e9 uma aldeia bem primitiva para serem “reeducados” trabalhando na ro\u00e7a. A perspectiva de sair de l\u00e1 era, segundo seus pr\u00f3prios c\u00e1lculos, de 3 em mil. Os adolescentes, de 14 e 15 anos, trabalharam na lavoura e em minas de cobre. O sofrimento s\u00f3 n\u00e3o foi maior porque um deles era excelente contador de hist\u00f3rias e o outro tocava violino (instrumento que os camponeses nem sabiam que existia at\u00e9 porque n\u00e3o conheciam m\u00fasica).<\/p>\n

Um belo dia os rapazes encontram uma maleta cheia de cl\u00e1ssicos ocidentais traduzidos para o chin\u00eas (Balzac, Dumas, Flaubert, Baudelaire, Stendhal, Dostoievski, Dickens, etc) escondida como um tesouro por outro menino, filho de escritores, que tamb\u00e9m estava sendo “reeducado” em uma aldeia pr\u00f3xima, e a vida deles muda completamente. Encantados, eles mudam tamb\u00e9m a vida da filha do alfaiate da regi\u00e3o, a tal costureirinha do t\u00edtulo. Tudo \u00e9 pontuado por uma grande sensa\u00e7\u00e3o de risco, pois livros s\u00e3o proibidos e eles podem ser condenados \u00e0 morte se forem pegos (os alde\u00f5es est\u00e3o loucos para colaborar com a Revolu\u00e7\u00e3o e ganhar pontos; al\u00e9m do que, n\u00e3o t\u00eam nada a perder, uma vez que s\u00e3o todos analfabetos).<\/p>\n

E mais n\u00e3o conto para n\u00e3o perder a gra\u00e7a. Gostei bastante e recomendo.<\/p>\n

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Resenha de um livro interessant\u00edssimo sobre a Revolu\u00e7\u00e3o Cultural chinesa.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":25611,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"footnotes":"","two_page_speed":[],"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false},"categories":[82,75,49],"tags":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-content\/uploads\/2010\/02\/LigiaFascioni-esconde1.jpg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4369"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=4369"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4369\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":25612,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4369\/revisions\/25612"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/25611"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=4369"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=4369"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.ligiafascioni.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=4369"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}